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CRIME ORGANIZADO
Comissão requisitará nova perícia para investigar se não houve irregularidades nos exames
Laudo confirma suicídio de investigador
RICARDO BRANDT
free-lance para a Folha Campinas
MAURÍCIO SIMIONATO
da Folha Campinas
Os laudos periciais sobre a morte
do investigador
Luiz Roberto Lopes, o Pimenta, da
Polícia Civil de
Campinas (99 km de SP), apontam que ele cometeu suicídio. Ele
foi encontrado baleado no banheiro da delegacia onde trabalhava na segunda-feira da semana
passada, após ser convocado para
depor na CPI do Narcotráfico.
A CPI irá requisitar uma nova
perícia para investigar se não
houve irregularidades nos exames. "Estamos desconfiados de
toda e qualquer investigação referente ao crime organizado, que é
conduzida pela polícia de Campinas", disse o deputado Pompeo
de Mattos (PDT-RS), sub-relator
da CPI em Campinas.
O laudo, realizado pelo Instituto
de Criminalística de São Paulo e
pelo Instituto Médico Legal de
Campinas, confirma a tese da cúpula da Polícia Civil que afirmou,
desde o início, que foi suicídio.
Segundo o laudo, os principais
pontos que sustentam a conclusão de suicídio são os exames residuográficos, que apontaram a
presença de pólvora nas duas
mãos do policial, o local do crime,
que teve a porta arrombada para
o socorro, e possíveis indícios de
que o suicídio foi premeditado.
Entre os objetos do policial foram encontradas duas cartas em
que ele se diz humilhado por ter
sido citado pela CPI e pede desculpas pelo ato. O exame grafotécnico, que comprova se a letra
das cartas era de Pimenta, ainda
não foi entregue à polícia. Segundo a Folha apurou, eles comprovam que a grafia é do policial.
O diretor do IC de São Paulo,
Osvaldo Negrini Neto, disse que o
laudo não pode ser contestado,
pois a soma dos exames periciais,
necroscópico, residuográfico e
grafotécnicos apontam suicídio.
Apesar de todos os laudos
apontarem para o resultado do
suicídio, o chefe do IML de Campinas, Ivan de Mello Pompeo Piza, que participou da necropsia
do corpo, disse que não é comum
a forma que Pimenta se matou.
O tiro foi disparado contra o
peito a uma distância de aproximadamente dois centímetros do
corpo. O policial teria segurado a
arma com as duas mãos. "Os suicídios normalmente acontecem
com tiro na cabeça", disse Piza.
Para o legista Nelson Massini,
da UFRJ (Universidade Federal
do Rio de Janeiro), os itens apresentados se encaixam dentro do
suicida clássico, mas concorda
que na maioria da vezes o suicida
se mata com um tiro na cabeça.
Ainda levantou suspeita dos deputados o fato de que, após a
morte, apesar de a CPI ter requisitado que todos os exames fossem
realizados por peritos de São Paulo, o corpo foi aberto no IML de
Campinas.
"Não havia nenhuma determinação para não iniciarmos os exames em Campinas", disse o chefe
do IML de Campinas.
O deputado federal Robson Tuma (PFL-SP), outro sub-relator
em Campinas, disse que o fato de
o corpo do policial ter sido aberto
antes da chegada dos peritos de
São Paulo levanta dúvidas sobre
os resultados dos exames.
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