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Ministros vêem motivação eleitoral
DA SUCURSAL DO RIO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro José Dirceu (Casa
Civil) cobrou humildade de Fernando Henrique Cardoso
(PSDB), que disse anteontem que
o governo Lula é "incompetente".
"Acho que é preciso um pouco
de humildade por parte do presidente Fernando Henrique Cardoso e dos tucanos. Nosso governo
resolveu problemas que a incompetência tucana deixou para o
país, como a crise enérgica e a situação das ferrovias, das rodovias
e das pontes, que estamos começando a resolver", disse Dirceu no
Arsenal de Marinha, no Rio.
Para ele, as críticas fazem parte
da democracia e são bem-vindas.
É "muito positivo para o país que
o PSDB e o presidente Fernando
Henrique Cardoso se disponham
a comparar" os governos: "Podemos comparar o crescimento do
emprego e da economia, o controle da inflação, o alongamento
da dívida. Hoje o país tem uma situação externa que não tinha no
governo de Fernando Henrique
Cardoso. A sociedade percebe isso. Os índices de aprovação do
presidente Lula são muito melhores do que os de FHC no segundo
ano dos dois mandatos".
Dirceu disse ainda que qualquer
área poderia ser comparada: "Os
avanços na área social e na reforma agrária também são evidentes.
O Bolsa-Família, por exemplo,
ainda tem problemas que precisam ser equacionados, mas vamos lembrar que as bolsas do governo passado eram, em média,
de R$ 28 e hoje são de R$ 75".
Para Dirceu, "há muita retórica" tucana quando se diz que o
governo é autoritário ou incompetente: "Isso é retórica ideológica para tentar atrair determinados setores da sociedade. Mas vamos enfrentar o debate democrático no Parlamento e na imprensa. Vamos mostrar à sociedade
que não só o Brasil mudou, como
também está melhorando".
Sobre a reforma ministerial,
Dirceu afirmou que o PT tem que
ser o primeiro a colocar os cargos
à disposição: "Não acredito que
seja determinante para o PT ter
mais ou menos ministérios. Se for
preciso, meu cargo está à disposição do presidente. O que é importante é manter o programa que
elegeu o presidente Lula".
As críticas de FHC causaram
uma reação dos ministros, que
apontam motivações eleitorais.
Segundo Aldo Rebelo (Coordenação Política), FHC quer concorrer
à Presidência em 2006. "É preciso
levar em conta o fato de que essa é
apenas a retórica de quem busca,
com legitimidade, recuperar o papel de protagonista e disputar a legenda do PSDB com o governador Geraldo Alckmin [SP] para a
próxima eleição presidencial".
Segundo Aldo, no governo FHC
"o Brasil conheceu o maior apagão de sua história e eu não creio
que aquele apagão tenha sido
uma demonstração de competência". E acrescentou: "No governo
do presidente Fernando Henrique o país quebrou três vezes e
por três vezes foi ao Fundo Monetário Internacional e agora estamos saindo dos acordos do FMI".
Humberto Costa (Saúde) também vê nas agressões apenas um
"discurso eleitoral": "O ex-presidente faria melhor serviço ao país
se em vez de criticar o governo
Lula ele colocasse o PSDB para
votar pelo Brasil no Congresso".
Para Ciro Gomes (PPS), as críticas representam "um nonsense
absoluto da parte dele [FHC]".
"Se as críticas vêm de um desempregado, eu diria: desculpe, estamos devendo ao país. Mas do Fernando Henrique Cardoso? Não
faz dois anos que saiu. Ele levou o
país três vezes à bancarrota e teve
de ir pedir empréstimo ao FMI".
Tarso Genro (Educação) atacou
FHC: "Eu tenho certeza que o povo não vai esquecer o país que ele
nos deixou e as dificuldades que
estamos enfrentando estão ancoradas no seu governo". Olívio Dutra (Cidades) disse: "O ex-presidente está perdendo várias oportunidades de ficar calado. Acho
que ele merece respeito, mas deveria ter meditado mais sobre o
que disse, afinal, ele é um intelectual: não pode dizer essas coisas
para marcar posição ou chamar a
atenção para si". Para o presidente do PT, José Genoino, as críticas
foram "sectárias, arrogantes, estreitas e muito ressentidas".
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