São Paulo, quarta-feira, 01 de dezembro de 2004

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Críticas de tucano paralisam Senado

FERNANDA KRAKOVICS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Diante da reação do governo às críticas feitas pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), a oposição resolveu radicalizar ontem no Senado e se negou a votar uma medida provisória cuja validade venceu ontem.
A MP autorizava o governo a conceder ajuda humanitária às vítimas de um incêndio ocorrido no Paraguai. O efeito prático do arquivamento é nulo, já que ontem mesmo o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), assinou um projeto de decreto legislativo garantindo os efeitos da MP, mas o fato representou uma derrota para o governo. PSDB e PFL quiseram "lembrar" que o Planalto depende da oposição no Senado.
"Não vamos participar mais desse bacanal das medidas provisórias", avisou o líder do PSDB, senador Arthur Virgílio (AM), após discurso do líder do governo, senador Aloizio Mercadante (PT-SP), rebatendo as declarações de FHC. A oposição tem reclamado, e o próprio líder do governo já reconheceu, que o excesso de MPs paralisa o Congresso.
Sarney tentou socorrer o governo, mas não conseguiu. "Ela [MP] já produziu seus efeitos, estamos aqui discutindo o sexo dos anjos. É melhor votarmos porque o resultado será o mesmo."
Tudo começou quando Mercadante subiu à tribuna com uma enxurrada de números para dizer, por exemplo, que a dívida pública e os juros da era FHC eram maiores do que no atual governo, que antes havia déficit comercial e agora há superávit, e ainda que o país está crescendo com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
"Essas declarações [de FHC] agridem a imagem e a majestade da função que foi exercida e o papel político que essa condição impõe. Eu esperava mais e ainda espero: um debate qualificado que permita uma comparação desses dois anos de governo Lula com os oito anos de governo Fernando Henrique Cardoso. Esse é o debate que ajuda a democracia."
Em resposta a Mercadante, Virgílio afirmou que os ataques de FHC são "normais" e que "ele não vai ser calado por ninguém". O líder do PSDB reforçou as críticas: "O governo só não errou onde copiou". "O governo é incompetente, inapetente e preguiçoso."
Tentando contornar o estrago, o líder do governo subiu à tribuna novamente, mas dessa vez para fazer um apelo à oposição, sem sucesso. Mesmo pedindo colaboração para votar, Mercadante atacou novamente FHC, ao citar MP editada pelo ex-presidente concedendo vacinas e equipamentos para o combate da febre aftosa no Paraguai. "Era vacina para vaca e agora é remédio para tratar pessoas que estão queimadas."
O resultado da discussão foi o acirramento dos ânimos no plenário. "O pai vai morrer na forca mas não votamos mais MP por causa de pressa e leviandade do governo", afirmou Virgílio.


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