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Críticas de tucano paralisam Senado
FERNANDA KRAKOVICS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Diante da reação do governo às
críticas feitas pelo ex-presidente
Fernando Henrique Cardoso
(PSDB), a oposição resolveu radicalizar ontem no Senado e se negou a votar uma medida provisória cuja validade venceu ontem.
A MP autorizava o governo a
conceder ajuda humanitária às vítimas de um incêndio ocorrido no
Paraguai. O efeito prático do arquivamento é nulo, já que ontem
mesmo o presidente do Senado,
José Sarney (PMDB-AP), assinou
um projeto de decreto legislativo
garantindo os efeitos da MP, mas
o fato representou uma derrota
para o governo. PSDB e PFL quiseram "lembrar" que o Planalto
depende da oposição no Senado.
"Não vamos participar mais
desse bacanal das medidas provisórias", avisou o líder do PSDB,
senador Arthur Virgílio (AM),
após discurso do líder do governo, senador Aloizio Mercadante
(PT-SP), rebatendo as declarações de FHC. A oposição tem reclamado, e o próprio líder do governo já reconheceu, que o excesso de MPs paralisa o Congresso.
Sarney tentou socorrer o governo, mas não conseguiu. "Ela [MP]
já produziu seus efeitos, estamos
aqui discutindo o sexo dos anjos.
É melhor votarmos porque o resultado será o mesmo."
Tudo começou quando Mercadante subiu à tribuna com uma
enxurrada de números para dizer,
por exemplo, que a dívida pública
e os juros da era FHC eram maiores do que no atual governo, que
antes havia déficit comercial e
agora há superávit, e ainda que o
país está crescendo com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
"Essas declarações [de FHC]
agridem a imagem e a majestade
da função que foi exercida e o papel político que essa condição impõe. Eu esperava mais e ainda espero: um debate qualificado que
permita uma comparação desses
dois anos de governo Lula com os
oito anos de governo Fernando
Henrique Cardoso. Esse é o debate que ajuda a democracia."
Em resposta a Mercadante, Virgílio afirmou que os ataques de
FHC são "normais" e que "ele não
vai ser calado por ninguém". O líder do PSDB reforçou as críticas:
"O governo só não errou onde copiou". "O governo é incompetente, inapetente e preguiçoso."
Tentando contornar o estrago,
o líder do governo subiu à tribuna
novamente, mas dessa vez para
fazer um apelo à oposição, sem
sucesso. Mesmo pedindo colaboração para votar, Mercadante atacou novamente FHC, ao citar MP
editada pelo ex-presidente concedendo vacinas e equipamentos
para o combate da febre aftosa no
Paraguai. "Era vacina para vaca e
agora é remédio para tratar pessoas que estão queimadas."
O resultado da discussão foi o
acirramento dos ânimos no plenário. "O pai vai morrer na forca
mas não votamos mais MP por
causa de pressa e leviandade do
governo", afirmou Virgílio.
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