São Paulo, quarta-feira, 01 de dezembro de 2004

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TODA MÍDIA

Nelson de Sá

"Estou feliz"

Por aqui, a cobertura foi de exaltação. A escalada de manchetes do JN:
- O crescimento da economia atinge melhor número dos últimos nove anos: 5,3% até setembro. O dólar tem a menor cotação em dois anos. A Bolsa de São Paulo bate novo recorde. E o ministro Palocci diz que os bons resultados ainda não permitem descansar.
No destaque do Jornal da Record, foi "o melhor desempenho em oito anos". No UOL e outros, manchetes bradavam:
- PIB do Brasil tem o melhor resultado em oito anos.
Oito ou nove anos, animou a equipe econômica.
E a estrela do dia foi o ministro Antonio Palocci, que se esforçou por parecer comedido nos telejornais e antes, ao vivo, na Globo News e Band News:
- Os resultados são muito bons, mas eles não nos deixam descansar. Temos que fazer muito ainda para que as respostas de crescimento efetivo de emprego possam vir.
O JN, de todo modo, destacou uma declaração dele, "antes de qualquer pergunta":
- Estou feliz.
 
Sites estrangeiros foram mais contidos, mas não muito.
O título da reportagem que o "Financial Times" adiantou dizia que os números vieram abaixo da previsão, numa "desaceleração saudável":
- Mas o crescimento do Brasil segue nos trilhos, a caminho de sua melhor performance em mais de dez anos.
Despacho da agência Dow Jones, no site do "Wall Street Journal", trouxe avaliação de economistas de que os números apontam "um crescimento mais sustentável para o Brasil".
O site da Bloomberg, na mesma linha, reproduziu entre outras a opinião de John Welch, "estrategista" do Lehman Brothers, em Nova York:
- Os números são ótimos. O crescimento é robusto, mas sem sinais de sair de controle.
 
"FT", Dow Jones e o JN também deram um dado inusitado, anunciado pelo IBGE:
- A taxa de crescimento de 2003 foi revisada para cima, de 0,2% negativo para 0,5%.
A economia "cresceu em vez de encolher", sublinhou a agência ligada ao "WSJ".
Outro dado inusitado surgiu na Globo Online e outros sites, no início da noite:
- A carga tributária no Brasil recuou, de 34,9% em 2002 para 34% em 2003.
Seria a primeira redução na carga desde 1991.
 
Daí o entusiasmo de Palocci e equipe. E de Lula.
Os números vieram um dia depois de FHC qualificar o governo petista de incompetente, ao que o ministro da Fazenda respondeu, segundo a CBN, dizendo que o ex-presidente perdeu a "elegância".
Mas a "melhor resposta" aos críticos veio com os números, segundo Palocci. Se o "Financial Times" estiver certo, 2004 terá taxas maiores de crescimento do que em toda a era FHC. Para não falar da carga tributária.

PARA O RIO

Globo/Reprodução
Imagens da nova força, nos telejornais da Globo

O governo federal "liberou R$ 18 milhões para a segurança no Rio", anunciou a Globo, à tarde:
- Mas é em Vitória, no Espírito Santo, que uma tropa de elite da Força Nacional de Segurança vai atuar pela primeira vez.
A emissora acompanhou "os homens da Força" em todos os telejornais nacionais, com cenas de uniformes novos e poses com armas. Segundo a rede carioca, "eles foram treinados para ajudar os Estados em momentos de crise" e, sublinhou o JN, serão "comandados por oficiais da polícia estadual". Então, por que não vão para o Rio? Uma manchete na Globo Online:
- Ministro diz que uso de tropas federais no Rio só depende de pedido de Rosinha.
Márcio Thomaz Bastos, da Justiça, disse que "o interesse em ajudar o Rio é grande" e já houve reunião com o governo estadual. E a Globo Online:
- No entanto, o secretário de Segurança, Marcelo Itagiba, afirmou que "não há necessidade de intervenções no combate à criminalidade no Estado", pois, segundo ele, já existe uma parceria com a Polícia Federal, cujos resultados são satisfatórios.
Mas a Globo, ao que parece, não vai desistir.

Scala
A Band News, de Paris, disse que Marta Suplicy passou pela cidade mas já está em Milão, para a reabertura do Scala, "o grande teatro lírico italiano".
A prefeita teria "passado em Paris devido a necessidades familiares do marido, que há seis meses não via os filhos".
Ontem, Marta veria "Moisés e o Faraó", de Rossini.

No plenário
A TV Câmara ressurgiu ontem com a transmissão da votação da medida provisória que torna ministro o presidente do Banco Central. Bate-boca, acusações de corrupção de um deputado a outro, ameaças físicas, corte de voz no microfone: não faltou quase nada, no espetáculo que avançou pela noite.

Portfólio
Mais boa nova na economia. O "Financial Times" trouxe ontem uma análise de investimento, sugerindo aplicar no Brasil e nos outros três países "bric" (Brasil, Rússia, Índia, China). Na tradução da BBC Brasil:
- Os quatro estão preparados para crescer muito mais que os EUA na próxima década e merecem lugar no seu portfólio.

Locomotiva
Depois da Bloomberg, ontem foi a vez de Larry Rohter, no "New York Times", destacar o papel dos motoboys na economia paulista. Segundo o correspondente, "sem eles os negócios parariam". O que não quer dizer que gostem deles:
- Os motoristas consideram os motoboys uma praga.


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