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Dividido, DEM decide hoje sobre expulsão
Líderes democratas no Congresso defendem saída sumária, mas presidente da sigla é a favor de dar sobrevida para governador
Decisão será tomada por colégio que conta com 45 integrantes, entre eles um dos secretários de Arruda e o seu vice, também envolvido
RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Sob ameaça de racha, o DEM
decide hoje em reunião de sua
Executiva Nacional se desfilia
sumariamente o governador
José Roberto Arruda (DF) ou
se permite a ele a oportunidade
de se defender em um processo
de expulsão que duraria no máximo 16 dias.
Em encontro ontem a portas
fechadas com Arruda -o único
governador da legenda-, os líderes da bancada no Senado,
José Agripino Maia (RN), e na
Câmara, Ronaldo Caiado (GO),
defenderam a expulsão sumária, mas no início da noite tomou força a possibilidade da
defesa rápida.
Um dos principais fiadores
da proposta era o deputado Rodrigo Maia (RJ), presidente da
legenda. A decisão de hoje será
tomada por um colégio que
conta com 45 integrantes, entre eles um dos secretários de
Arruda, Alberto Fraga (Transportes), e o seu vice, Paulo Octávio, que também corre o risco
de expulsão, a exemplo dos outros filiados do DEM envolvidos no escândalo.
Integrantes da cúpula do
partido diziam reservadamente, entretanto, que Arruda pode se antecipar à possível expulsão e se desfiliar, repetindo
gesto que fez em 2001, quando
estava no PSDB e veio à tona a
sua participação na ordem para violação do sigilo do painel
de votações do Senado.
No "rito de 16 dias", o DEM
nomearia um relator para o caso. Arruda teria oito dias para a
defesa, e o relator os outros oito para apresentar seu parecer.
Logo cedo, integrantes da
cúpula democrata chegaram a
Brasília para tratar da crise.
Após uma reunião prévia na
casa de Agripino, sete deles foram para a residência oficial de
Arruda. Após duas horas de
reunião, eles voltaram para a
casa de Agripino. Demóstenes
Torres (GO) foi o primeiro a falar: "Temos uma situação muito grave e que fere os princípios
do partido. Há indícios gravíssimos de prática de improbidade", afirmou ele, pedindo a expulsão sumária de Arruda, o
que repetirá na reunião de hoje,
e reconhecendo que o caso pode ser caracterizado como o
"mensalão do DEM".
No encontro, o governador
jogou a culpa de irregularidades para o antecessor, Joaquim
Roriz (PSC), cobrou que a sigla
prestasse solidariedade a ele,
chegando a se emocionar em
alguns momentos, e disse que
sua desfiliação seria reconhecimento antecipado de culpa.
Segundo presentes à reunião,
Arruda era auxiliado por três
advogados -entre eles o ex-ministro do Tribunal Superior
Eleitoral Eduardo Alckmin- e
repetiu a afirmação de que o dinheiro que ele aparece recebendo em 2006 foi destinado a
ações como a compra de panetones para famílias pobres do
Distrito Federal. Sua mulher,
Flávia, esteve na reunião e fez
um apelo a favor do marido.
Ainda de acordo com pessoas
que participaram do encontro,
Arruda afirmou avaliar que tem
condições de se reeleger em
2010, situação que, em tese, ele
não poderá nem sequer tentar
caso deixe o DEM -a legislação
eleitoral só permite a candidatura com o mínimo de um ano
de filiação partidária. No final,
pediu para ser avisado com antecedência sobre uma possível
atitude "extremada" do partido
para que ele possa, nesse caso,
decidir sobre qual atitude "extremada" tomaria.
"Há um consenso dentro do
partido que é o de não absorver
ou fazer seu um erro que é do
governador Arruda", afirmou
Agripino Maia, depois da reunião da tarde de ontem.
Caiado foi na mesma linha:
"Qualquer um que amanhã se
encontre em situação semelhante tem que entender que o
partido não é a sua trincheira".
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