São Paulo, terça-feira, 01 de dezembro de 2009

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Dividido, DEM decide hoje sobre expulsão

Líderes democratas no Congresso defendem saída sumária, mas presidente da sigla é a favor de dar sobrevida para governador

Decisão será tomada por colégio que conta com 45 integrantes, entre eles um dos secretários de Arruda e o seu vice, também envolvido

RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Sob ameaça de racha, o DEM decide hoje em reunião de sua Executiva Nacional se desfilia sumariamente o governador José Roberto Arruda (DF) ou se permite a ele a oportunidade de se defender em um processo de expulsão que duraria no máximo 16 dias.
Em encontro ontem a portas fechadas com Arruda -o único governador da legenda-, os líderes da bancada no Senado, José Agripino Maia (RN), e na Câmara, Ronaldo Caiado (GO), defenderam a expulsão sumária, mas no início da noite tomou força a possibilidade da defesa rápida.
Um dos principais fiadores da proposta era o deputado Rodrigo Maia (RJ), presidente da legenda. A decisão de hoje será tomada por um colégio que conta com 45 integrantes, entre eles um dos secretários de Arruda, Alberto Fraga (Transportes), e o seu vice, Paulo Octávio, que também corre o risco de expulsão, a exemplo dos outros filiados do DEM envolvidos no escândalo.
Integrantes da cúpula do partido diziam reservadamente, entretanto, que Arruda pode se antecipar à possível expulsão e se desfiliar, repetindo gesto que fez em 2001, quando estava no PSDB e veio à tona a sua participação na ordem para violação do sigilo do painel de votações do Senado.
No "rito de 16 dias", o DEM nomearia um relator para o caso. Arruda teria oito dias para a defesa, e o relator os outros oito para apresentar seu parecer.
Logo cedo, integrantes da cúpula democrata chegaram a Brasília para tratar da crise. Após uma reunião prévia na casa de Agripino, sete deles foram para a residência oficial de Arruda. Após duas horas de reunião, eles voltaram para a casa de Agripino. Demóstenes Torres (GO) foi o primeiro a falar: "Temos uma situação muito grave e que fere os princípios do partido. Há indícios gravíssimos de prática de improbidade", afirmou ele, pedindo a expulsão sumária de Arruda, o que repetirá na reunião de hoje, e reconhecendo que o caso pode ser caracterizado como o "mensalão do DEM".
No encontro, o governador jogou a culpa de irregularidades para o antecessor, Joaquim Roriz (PSC), cobrou que a sigla prestasse solidariedade a ele, chegando a se emocionar em alguns momentos, e disse que sua desfiliação seria reconhecimento antecipado de culpa.
Segundo presentes à reunião, Arruda era auxiliado por três advogados -entre eles o ex-ministro do Tribunal Superior Eleitoral Eduardo Alckmin- e repetiu a afirmação de que o dinheiro que ele aparece recebendo em 2006 foi destinado a ações como a compra de panetones para famílias pobres do Distrito Federal. Sua mulher, Flávia, esteve na reunião e fez um apelo a favor do marido.
Ainda de acordo com pessoas que participaram do encontro, Arruda afirmou avaliar que tem condições de se reeleger em 2010, situação que, em tese, ele não poderá nem sequer tentar caso deixe o DEM -a legislação eleitoral só permite a candidatura com o mínimo de um ano de filiação partidária. No final, pediu para ser avisado com antecedência sobre uma possível atitude "extremada" do partido para que ele possa, nesse caso, decidir sobre qual atitude "extremada" tomaria.
"Há um consenso dentro do partido que é o de não absorver ou fazer seu um erro que é do governador Arruda", afirmou Agripino Maia, depois da reunião da tarde de ontem.
Caiado foi na mesma linha: "Qualquer um que amanhã se encontre em situação semelhante tem que entender que o partido não é a sua trincheira".


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