São Paulo, sexta-feira, 02 de janeiro de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Em SP, verba vai para PMDB e cinturão do PT

Santos, Guarulhos, Guarujá e Osasco estão entre as cidades paulistas que mais receberam dinheiro por meio de convênios

Repasses de verbas para peemedebistas fariam parte do projeto do PT de quebrar um possível apoio do PMDB a José Serra (PSDB) em 2010

FERNANDO BARROS DE MELLO
DA REPORTAGEM LOCAL

Os repasses por meio de convênios para prefeituras desde a eleição focaram cidades do Estado de São Paulo que serão administradas por prefeitos eleitos pelo PMDB ou PT.
Entre outubro a dezembro, as cidades paulistas que mais receberam verbas por meio de convênios diretos com ministérios foram Santos, Guarulhos, Guarujá, São Paulo e Osasco. Tirando a capital, onde Gilberto Kassab (DEM) se reelegeu, todas estarão sob o comando de petistas ou peemedebistas.
No Estado, a direção nacional do PT investiu para ganhar prefeituras no entorno da capital -região metropolitana e cidades em um raio de até 100 km. Como a Folha mostrou em setembro, a estratégia é contrapor as ações do governador José Serra (PSDB), potencial candidato à Presidência.
Além disso, durante a eleição municipal paulistana, Kassab e Serra fecharam acordo com Orestes Quércia, presidente estadual do PMDB. Ele já declarou apoio à eventual candidatura de Serra à Presidência.
O PMDB, no entanto, faz parte, no plano nacional, da base de Lula. Segundo líderes peemedebistas de São Paulo, o repasse de verbas pode ser uma tentativa de rachar o partido em São Paulo, quebrando um possível apoio a Serra em 2010.
Em Santos, a campeã nacional no recebimento de recursos desde a eleição, o peemedebista João Paulo Tavares, o Papa, se reelegeu no primeiro turno. Sua principal adversária foi Maria Lúcia Prandi (PT). Desde a eleição, a prefeitura municipal recebeu R$ 17,9 milhões.
Petistas e peemedebistas, no entanto, lembram que Papa tem boa relação com Serra. Além disso, seu vice, Carlos Teixeira Filho, é do PSDB.
No Guarujá, onde os convênios totalizam R$ 9,2 milhões desde a eleição, Maria Antonieta foi eleita pelo PMDB, após deixar o PT. Ela foi vereadora pelo PT, candidata a vice-prefeita e a deputada estadual. Em 2007, migrou para o PMDB.
Segundo a prefeita, a situação financeira encontrada na cidade não é boa e dívidas deixadas com a Receita Federal e o INSS impedem a liberação de recursos para a cidade.
"A minha relação com todos é boa, governo federal e estadual. Eu procurei ir a todos os órgãos e eles entendem. Estão depositando credibilidade na nossa conduta", diz. "Eu vou agora a Brasília, aos ministérios, neste começo de mandato para conversar. Mas primeiro preciso resolver essa situação com as instituições, INSS e Receita Federal."

Cinturão vermelho
Guarulhos e Osasco, comandadas por petistas, também estão entre as campeãs de recursos recebidos (R$ 10,7 milhões e R$ 8,8 milhões).
As duas cidades são consideradas estratégicas para as pretensões do PT em 2010. Em Guarulhos, com o apoio do prefeito Elói Pietá (PT), que governou a cidade por oito anos, Sebastião Almeida derrotou o tucano Carlos Roberto. "Nós temos obras em andamento e não diminuímos o ritmo depois da eleição. Portanto, é um fluxo normal. Não houve nenhum recurso diferente", diz o ex-prefeito Elói Pietá .
Mesmo assim, ele reconhece que os recursos vão ajudar o seu sucessor e colega de partido. "É bem diferente de quando eu assumi. O prefeito na sequência vai ter um conjunto de obras em andamento. Muitas com recursos assinalados para o ano seguinte. Com recursos preservados e os contratos assinados. Isso facilita o primeiro ano de governo", afirma Pietá.


Texto Anterior: Investimentos: Siglas da base foram privilegiadas antes da eleição
Próximo Texto: Pressionado, Lula terá de acomodar petistas sem emprego após eleições
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.