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Enviada da ONU critica manifestações
SYLVIA COLOMBO
ENVIADA ESPECIAL A PORTO ALEGRE
A alta comissária das Nações
Unidas para os Direitos Humanos, a irlandesa Mary Robinson,
57, afirmou ontem que "é um
tempo de grandes incertezas para
os direitos humanos".
Robinson participou do seminário "Globalizando a Dignidade
Humana", dentro do 2º Fórum
Social Mundial, que começou anteontem em Porto Alegre.
A comissária fez críticas às manifestações antiglobalização, defendendo que neste momento "é
preciso encontrar uma nova linguagem e concentrar energia para
coisas positivas".
Robinson está no cargo desde
1997, quando deixou o cargo de
presidente da Irlanda. Em sua exposição, proclamou a necessidade
de refletir sobre a dignidade humana. "A dignidade está no coração dos problemas do mundo hoje. Devemos voltar ao artigo número um da Declaração Universal dos Direitos do Homem."
Para o desafio de traduzir em
ações concretas a busca de alternativas dos grupos que se opõem
à globalização neoliberal, Robinson diz que a resposta está na discussão de uma globalização ética.
"Temos de pensar num instrumento que forneça condições para globalizar a luta contra a pobreza, o respeito às identidades culturais e ao ambiente."
Robinson se mostrou otimista
quanto a mudanças nas ações de
governos e entidades privadas.
Também elencou exemplos de
experiências positivas partindo
da sociedade que observou pelo
mundo. "Visitei uma favela no
Brasil e me emocionei ao ver como as pessoas se mobilizavam para resolver os problemas da comunidade, assim como lembro-me bem de um grupo de meninas
de Serra Leoa, que haviam sido vítimas de estupro e que me disseram que queriam voltar a estudar", afirmou Robinson.
A comissária conclui dizendo
que eventos como o Fórum Social
Mundial possibilitam que se identifiquem ações positivas para um
"trabalho em andamento" que
pode oferecer soluções para diminuir as desigualdades.
A comissária disse que está feliz
com a reação da cidade de Porto
Alegre ao fórum. "Tenho observado as pessoas lá fora e percebo
que o clima é de ansiedade por
mudança." Robinson lembrou de
sua experiência com os conflitos
na Irlanda do Norte como exemplo de uma situação que não pode
ser resolvida apenas com medidas
políticas. "Uma atitude moral
frente a um problema é muito poderosa e pode ser tão eficiente
quanto uma ação política."
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