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Petista pede cautela com programa
FÁBIO ZANINI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula da
Silva determinou ao governo cautela como norma no lançamento
do Fome Zero. Nos últimos dias,
transmitiu a assessores e ministros que era preciso "pisar no
freio" e "não dar o passo maior do
que as pernas", para evitar novas
críticas ao programa.
Foi de Lula a decisão de reduzir
o lançamento das ações principais
do programa -idéia inicial- a
uma mera apresentação, marcada
pela defesa genérica do Fome Zero e sem o anúncio de medidas
concretas e de impacto. Lula não
queria anunciar como definitivas
medidas em elaboração, o que
poderia criar novo desgaste.
Desde que retornou da viagem à
Europa, na quarta-feira, o presidente dedicou-se quase que em
regime integral ao Fome Zero,
programa atacado inclusive dentro do PT pelo formato e por desencontros no detalhamento.
Na quarta, Lula passou a tarde
em conversas com Luiz Gushiken
(Comunicação) e José Graziano
(Combate à Fome) e com os assessores especiais Frei Betto e
Oded Grajew. Também falou com
Duda Mendonça, responsável pela campanha publicitária.
Gushiken mostrou resultados
de uma pesquisa do governo que
mostrava que a população de baixa renda não estaria tão preocupada com a velocidade na implantação do projeto. Grupos
consultados diziam entender que
o programa é "complexo" demais
para ser anunciado rapidamente.
Não por acaso, o adjetivo figurou com destaque no discurso de
Lula de apresentação do Fome
Zero. "O programa é complexo.
Tão complexo quanto o inimigo
que ele se propõe a derrotar."
Inicialmente, a idéia era lançar o
Fome Zero acompanhado de uma
série de ações. Chegou-se a cogitar o detalhamento de iniciativas
como bancos de alimentos e mudanças no Bolsa-Escola.
Ao receber informações a respeito do andamento dos projetos,
Lula mudou a orientação. Disse
que a velocidade exigida pela mídia não era a mesma que a sociedade esperava e que não se justificava pressa no lançamento de
ações em elaboração. E ponderou
que ações específicas de ministérios deveriam ser anunciadas de
forma separada.
Lula afirmou a assessores ter
certeza de que as críticas ao Fome
Zero cederão após sua implantação. Mas considerou prudente
abrir uma frente de batalha por
vez. A prioridade no momento é
fazer funcionar o cartão eletrônico nos municípios do semi-árido.
Chegou-se a cogitar o adiamento da apresentação. Duda foi um
dos que disseram que poderia esperar até que a campanha ficasse
pronta. Lula disse que não poderia adiar a data, sob risco de amplificar as críticas.
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