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São Paulo, domingo, 02 de fevereiro de 2003

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Petista pede cautela com programa

FÁBIO ZANINI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva determinou ao governo cautela como norma no lançamento do Fome Zero. Nos últimos dias, transmitiu a assessores e ministros que era preciso "pisar no freio" e "não dar o passo maior do que as pernas", para evitar novas críticas ao programa.
Foi de Lula a decisão de reduzir o lançamento das ações principais do programa -idéia inicial- a uma mera apresentação, marcada pela defesa genérica do Fome Zero e sem o anúncio de medidas concretas e de impacto. Lula não queria anunciar como definitivas medidas em elaboração, o que poderia criar novo desgaste.
Desde que retornou da viagem à Europa, na quarta-feira, o presidente dedicou-se quase que em regime integral ao Fome Zero, programa atacado inclusive dentro do PT pelo formato e por desencontros no detalhamento.
Na quarta, Lula passou a tarde em conversas com Luiz Gushiken (Comunicação) e José Graziano (Combate à Fome) e com os assessores especiais Frei Betto e Oded Grajew. Também falou com Duda Mendonça, responsável pela campanha publicitária.
Gushiken mostrou resultados de uma pesquisa do governo que mostrava que a população de baixa renda não estaria tão preocupada com a velocidade na implantação do projeto. Grupos consultados diziam entender que o programa é "complexo" demais para ser anunciado rapidamente.
Não por acaso, o adjetivo figurou com destaque no discurso de Lula de apresentação do Fome Zero. "O programa é complexo. Tão complexo quanto o inimigo que ele se propõe a derrotar."
Inicialmente, a idéia era lançar o Fome Zero acompanhado de uma série de ações. Chegou-se a cogitar o detalhamento de iniciativas como bancos de alimentos e mudanças no Bolsa-Escola.
Ao receber informações a respeito do andamento dos projetos, Lula mudou a orientação. Disse que a velocidade exigida pela mídia não era a mesma que a sociedade esperava e que não se justificava pressa no lançamento de ações em elaboração. E ponderou que ações específicas de ministérios deveriam ser anunciadas de forma separada.
Lula afirmou a assessores ter certeza de que as críticas ao Fome Zero cederão após sua implantação. Mas considerou prudente abrir uma frente de batalha por vez. A prioridade no momento é fazer funcionar o cartão eletrônico nos municípios do semi-árido.
Chegou-se a cogitar o adiamento da apresentação. Duda foi um dos que disseram que poderia esperar até que a campanha ficasse pronta. Lula disse que não poderia adiar a data, sob risco de amplificar as críticas.



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