São Paulo, segunda-feira, 02 de fevereiro de 2004

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Padre de Unaí critica ação de polícia e fazendeiros

Sérgio Lima/Folha Imagem
O padre Maciel, que diz ter ouvido relatos sobre trabalho escravo


DO ENVIADO ESPECIAL A UNAÍ

A morte dos três fiscais e de um motorista foi ontem o assunto do padre Geraldo D'Abadia Pires Maciel, 37, na missa das 10h, na igreja Nossa Senhora da Conceição, em Unaí. Diante da igreja lotada, Maciel criticou a polícia e fazendeiros e louvou o esforço do governo para investigar o crime.
"Esse pessoal [os fiscais do Ministério do Trabalho] não morreu de graça, não. Deve ter alguma coisa [errada] muito escondida."
Nas conversas com trabalhadores da região, Maciel diz ouvir relatos de exploração de trabalho escravo. "Já ouvi casos de pessoas que viviam em situações difíceis, gente que fica presa por dívidas que não consegue pagar."
Natural de Unaí e filho de pequenos produtores rurais, Maciel disse, em entrevista, que uma freira da cidade já recebeu ameaças de morte por seu trabalho em conjunto com a CPT (Comissão Pastoral da Terra): "Aqui existe muita humilhação dos trabalhadores". Para o padre, a "humilhação" acontece "talvez porque seja uma região em que há muito latifúndio". O poder dos grandes proprietários determina, segundo ele, a atuação da polícia. Aos fiéis, o padre contou que muitas vezes teve o caminhão em que viajava com mulheres para as chamadas "romarias da terra" vasculhado pela Polícia Militar, enquanto fazendeiros "passavam livremente pelas barreiras". O capitão Elias Andrade, relações-públicas da PM local, nega favorecimentos e diz a polícia protege todos. (ID)


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