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SOCIEDADE CIVIL
Roberto Busato tomou posse em Brasília; mandato vai até 2007
Presidente da OAB cobra "ousadia" e "urgência" de Lula
EDUARDO SCOLESE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Ao tomar posse ontem à noite
como novo presidente nacional
da OAB (Ordem dos Advogados
do Brasil), o advogado catarinense Roberto Antonio Busato, 49,
manteve a linha de seu antecessor, Rubens Approbato Machado,
70, e criticou as políticas social e
econômica do governo Luiz Inácio Lula da Silva, cobrando "ousadia", "determinação" e "urgência" ao governo federal. "Que a esperança não se transforme em desengano", disse.
Segundo ele, chegar à presidência da OAB é estar ciente do papel
que lhe cabe "neste momento em
que o país vive novo ciclo político,
marcado por esperanças e expectativas, ainda represadas por um
modelo econômico insatisfatório". Para Busato, toda a sociedade tem o papel de "pressionar" e
"auxiliar" o governo.
Sobre o momento social do
país, Busato reconheceu as dificuldades para se alterar tal estrutura, mas disse que "é preciso ousar, avançar, arrostar perigos,
afirmar corajosamente posições".
"A exclusão social no Brasil, um
dos países com maior nível de
concentração de renda do planeta, reclama urgência", disse o novo presidente.
Chapa única
Eleito por chapa única no último dia 12, Busato assume o cargo
para um mandato até 2007. Seu
antecessor, Approbato, sempre
manteve um ponto de vista crítico
em relação à gestão Lula, cobrando principalmente medidas eficazes que pudessem reduzir a pobreza e o desemprego.
O discurso de ontem, na sede da
entidade, em Brasília, foi acompanhado, entre outros convidados,
pelo ministro da Justiça e ex-presidente da OAB, Márcio Thomaz
Bastos. Pelo governo, também estava lá Alvaro Costa, o advogado-geral da União.
Respondendo as críticas em nome do governo federal, Thomaz
Bastos disse ter encarado com
"naturalidade" as críticas de Busato. "Aceito com naturalidade as
críticas. Somos parceiros da OAB.
Temos alguns pontos de divergências, mas temos muitos e numerosos pontos de convergências", afirmou o ministro.
Excesso de cursos
Busato também aproveitou o
discurso para demonstrar sua
preocupação em relação ao crescimento do número de cursos e
alunos de direito em todo o país,
jogando a responsabilidade no
Ministério da Educação. "O que
me preocupa é o produto de um
ensino que, na maioria das vezes,
não busca o cidadão, mas o lucro.
Preocupa, sobretudo, o que se
move por trás do lucro."
Na semana passada, a OAB
apresentou o resultado de um levantamento no qual, dos 215 cursos de direito avaliados pela entidade, apenas 60 foram aprovados.
Segundo ele, a qualidade do ensino de direito deve "ser o norte" da
reforma do Judiciário, há mais de
uma década tramitando na pauta
do Congresso.
Sobre a reforma, Busato defendeu um controle externo "administrativo" no Judiciário. O controle externo é um dos pontos
mais controversos do projeto.
"Não se trata de controlar mentes e sentenças. O controle é administrativo e, na essência, não
pode diferir daquele que já é exercido em relação aos demais Poderes", disse.
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