São Paulo, segunda-feira, 02 de fevereiro de 2004

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OPERAÇÃO ANACONDA

Rocha Mattos afirmou que vai processar todos que o acusam, inclusive a relatora do seu processo

Juiz acusa autoridades em interrogatório

MARIO CESAR CARVALHO
DA REPORTAGEM LOCAL

O juiz federal João Carlos da Rocha Mattos, preso pela Operação Anaconda sob a acusação de comandar um esquema de venda de sentenças, adotou a estratégia de que a melhor defesa é o ataque. No interrogatório a que foi submetido pela desembargadora Therezinha Cazerta, ele abriu o seu saco de maldades:
  Colocou o senador Romeu Tuma (PFL-SP) como amigo do empresário Law Kin Chon, apontado pela Polícia Federal como um dos principais contrabandistas de São Paulo;
  Disse que o superintendente-geral da PF, o delegado Paulo Lacerda, tentou obter ilegalmente um mandado de prisão contra o empresário Ari Natalino, acusado de comandar um esquema de fraude de combustíveis;
  Afirmou que o ex-presidente do Tribunal Regional Federal Homar Cais tentou interceder a favor do empresário Luiz Estevão num processo em que este era acusado de desvios de recursos na construção do fórum trabalhista de São Paulo e acabou absolvido.
  Acusou a desembargadora que o interrogava de patrocinar buscas ilegais e classificou de "incompetente" o juiz que autorizou o grampo em seus telefones;
  Para coroar tudo, anunciou que vai processar todos que o acusam, inclusive a relatora do seu processo, "por danos morais".
A arrogância e a insolência do juiz chocaram os advogados que assistiram ao interrogatório, mas eles saíram do prédio do Tribunal Regional Federal da 3ª Região com a convicção de que Rocha Mattos tem alvos muito bem definidos, uma estratégia a seguir e planejou tudo o que disse.
Uma frase citada por um advogado que viu "o show" do juiz talvez sirva para defini-lo: "De louco ele não tem nada".
Rocha Mattos começa sua estratégia tentando desqualificar a acusação de que os presos formam uma quadrilha: "(...) Se houvesse necessidade de corrupção da minha parte, eu faria isso sozinho". Classifica as pessoas que estão presas com ele de "medrosas, covardes, apavoradas".
Das acusações que lhe são feitas, reconhece uma só -a de eventual crime de sonegação fiscal, por não ter declarado ao Imposto de Renda um suposto empréstimo.
Rocha Mattos disse no depoimento que vai continuar investigando o Tribunal, mas não faz chantagem. Coincidência ou não, seu advogado, Alberto Toron, abdicou do caso na véspera do depoimento que o juiz deu anteontem à PF, com mais acusações.



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