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OPERAÇÃO ANACONDA
Rocha Mattos afirmou que vai processar todos que o acusam, inclusive a relatora do seu processo
Juiz acusa autoridades em interrogatório
MARIO CESAR CARVALHO
DA REPORTAGEM LOCAL
O juiz federal João Carlos da Rocha Mattos, preso pela Operação
Anaconda sob a acusação de comandar um esquema de venda de
sentenças, adotou a estratégia de
que a melhor defesa é o ataque.
No interrogatório a que foi submetido pela desembargadora
Therezinha Cazerta, ele abriu o
seu saco de maldades:
Colocou o senador Romeu
Tuma (PFL-SP) como amigo do
empresário Law Kin Chon, apontado pela Polícia Federal como
um dos principais contrabandistas de São Paulo;
Disse que o superintendente-geral da PF, o delegado Paulo Lacerda, tentou obter ilegalmente
um mandado de prisão contra o
empresário Ari Natalino, acusado
de comandar um esquema de
fraude de combustíveis;
Afirmou que o ex-presidente
do Tribunal Regional Federal Homar Cais tentou interceder a favor
do empresário Luiz Estevão num
processo em que este era acusado
de desvios de recursos na construção do fórum trabalhista de
São Paulo e acabou absolvido.
Acusou a desembargadora
que o interrogava de patrocinar
buscas ilegais e classificou de "incompetente" o juiz que autorizou
o grampo em seus telefones;
Para coroar tudo, anunciou
que vai processar todos que o acusam, inclusive a relatora do seu
processo, "por danos morais".
A arrogância e a insolência do
juiz chocaram os advogados que
assistiram ao interrogatório, mas
eles saíram do prédio do Tribunal
Regional Federal da 3ª Região
com a convicção de que Rocha
Mattos tem alvos muito bem definidos, uma estratégia a seguir e
planejou tudo o que disse.
Uma frase citada por um advogado que viu "o show" do juiz talvez sirva para defini-lo: "De louco
ele não tem nada".
Rocha Mattos começa sua estratégia tentando desqualificar a
acusação de que os presos formam uma quadrilha: "(...) Se
houvesse necessidade de corrupção da minha parte, eu faria isso
sozinho". Classifica as pessoas
que estão presas com ele de "medrosas, covardes, apavoradas".
Das acusações que lhe são feitas,
reconhece uma só -a de eventual crime de sonegação fiscal, por
não ter declarado ao Imposto de
Renda um suposto empréstimo.
Rocha Mattos disse no depoimento que vai continuar investigando o Tribunal, mas não faz
chantagem. Coincidência ou não,
seu advogado, Alberto Toron, abdicou do caso na véspera do depoimento que o juiz deu anteontem à PF, com mais acusações.
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