São Paulo, terça-feira, 02 de fevereiro de 2010

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Lula retoma agenda e diz que vai "viajar, visitar e inaugurar"

Presidente trabalha quase 12 horas e afirma que mudou paradigma, que "era nivelado por baixo'

Petista diz que o "corpo humano é uma máquina" que pode funcionar bem muitos anos, mas um dia pode apresentar problema

SIMONE IGLESIAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou ontem dos primeiros compromissos públicos após a crise de hipertensão e deixou de seguir recomendação para que reduzisse a carga de trabalho: sua agenda teve quase 12 horas e deixou claro em seu programa de rádio que não vai parar.
À noite, durante evento do Ministério da Educação, alfinetou a oposição, autoelogiou sua gestão, dizendo que até os protestos pelo país diminuíram, e que precisa "correr" até o fim do mandato para " fazer mais": "Deus queira que, daqui para frente, eu seja o paradigma para quem vier depois de mim. Mudamos o paradigma, que era nivelado por baixo", disse.
Pela manhã, bem-humorado e comemorando a vitória do Corinthians sobre o Palmeiras, esteve no STF (Supremo Tribunal Federal) para a reabertura dos trabalhos do Judiciário.
Na cerimônia de pouco mais de uma hora, ouviu quatro discursos e falou por dez minutos.
Em tom de despedida, já que está no último ano de mandato, afirmou: "É a última vez que venho nesta Casa para celebrar a abertura do ano do Judiciário".
No evento, Lula também ouviu críticas de um aliado. O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), classificou as medidas provisórias do Executivo de "instrumentos monstruosos". A seguir, Lula se reuniu com ministros e, à tarde, assistiu à apresentação de credenciais de novos embaixadores.
Assustado com a crise de hipertensão, Lula deixou de fumar cigarrilhas desde quinta-feira. Assessores disseram que ele estava fumando demais. Os exames feitos no sábado no InCor não apontaram nenhum problema: a pressão voltou ao normal: entre 11 por 7 e 11 por 8.
Mesmo que Lula não aceite diminuir a carga de trabalho, sua assessoria tentará evitar três situações: agendar compromissos para o começo da manhã seguinte ao retorno de viagens em que chega em Brasília na madrugada; incluir compromissos de última hora, como na segunda-feira passada, quando estava no Rio e acabou indo tarde da noite ao aniversário do governador Sérgio Cabral (PMDB); e agendar vários eventos seguidos no mesmo dia nas viagens pelo país.
Em seu programa semanal de rádio "Café com o Presidente", Lula disse que a crise de hipertensão foi "um aviso de que o corpo humano é uma máquina, ou seja, ela pode funcionar bem 80 anos, 40 anos, 30 anos, mas um dia ela pode ter um problema", segundo ele, "talvez por excesso de trabalho". Mas deixou claro que não vai parar.
"Eu sou carro-chefe, eu tenho que trabalhar mesmo... Um presidente da República não pode ficar em Brasília, tem que viajar o Brasil mesmo e percorrer o Brasil, visitar as obras, inaugurar, dar as ordens de serviço. É esse meu papel", disse.


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