São Paulo, terça-feira, 02 de fevereiro de 2010

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Caso Infraero pode levar a bloqueio de bens

Procurador quer sustar inventário de ex-presidente da Infraero Carlos Wilson para cobrir suposto desvio de R$ 4 milhões

Filho afirma que acusação é injusta e que retomada das investigações é "absurdo'; empresa diz que colabora com a PF para apurar fraude

HUDSON CORRÊA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A Procuradoria da República pediu que a Justiça bloqueie bens deixados pelo ex-presidente da Infraero Carlos Wilson Campos, morto em 2009, para garantir ressarcimento de R$ 4,15 milhões, prejuízo supostamente causado por fraudes em obras de aeroportos.
A Polícia Federal concluiu que houve fraudes em licitações, superfaturamento ou sobrepreço em aeroportos no primeiro mandato de Lula, quando Carlos Wilson estava à frente da estatal Infraero. Em 2006, ele foi eleito deputado pelo PT em Pernambuco.
A Folha revelou, em setembro passado, que a PF investigava e estimava desvio de R$ 500 milhões envolvendo empreiteiras como OAS, Camargo Corrêa, Odebrecht, Nielsen, Queiroz Galvão e Gautama. As empresas negaram fraudes.
Anteontem, o jornal "O Estado de S.Paulo" publicou que o relatório final da PF apontou desvios de R$ 991,8 milhões nas obras dos aeroportos de Corumbá (MS), Congonhas (SP), Guarulhos (SP), Brasília, Goiânia (GO), Cuiabá (MT), Macapá (AP), Uberlândia (MG), Vitória (ES) e Santos Dumont (RJ).
O inquérito da PF, batizado de Operação Caixa Preta, começou em 2007. Em dezembro, o relatório foi encaminhado à 12ª Vara da Justiça Federal de Brasília.
Paralelamente à investigação penal da PF, a Procuradoria moveu a partir de 2008, usando dados da Operação Caixa Preta, ações civis acusando Carlos Wilson, ex-diretores da Infraero e empreiteiras de improbidade administrativa.
Em uma das ações, a Procuradoria viu prejuízo de R$ 4,15 milhões na ampliação do aeroporto de Macapá e pede ressarcimento do valor.
Ao ser informado sobre a morte de Carlos Wilson, o procurador Bruno Acioli solicitou que a Justiça Federal determinasse que bens deixados pelo ex-deputado fossem reservados para cobrir o suposto rombo. Processo em Recife (PE) cuida da partilha dos bens.
"Não tem nem de perto esse valor [sendo partilhado aos herdeiros]", afirmou Rodrigo Wilson, filho do ex-deputado, a quem a Justiça Federal mandou intimar para se manifestar sobre a solicitação de bloqueio de bens do pai.
Quando candidato, em 2006, Carlos Wilson declarou, à Justiça Eleitoral, ser dono de um patrimônio de R$ 1,2 milhão.
"O meu pai morreu. Fora isso, já estava sendo esclarecido esse processo [a acusação da PF]. Agora a imprensa volta a falar, como se ele fosse realmente um acusado. É um absurdo a falta de respeito de vocês", disse Rodrigo Wilson.
"Está sendo acusado injustamente de uma coisa que a agora não vai poder responder. Ele não adquiriu nenhum [bem] novo após assumir a Infraero", disse ainda o filho.
A Infraero disse que sua atual direção não foi acusada no inquérito e tem colaborado nas investigações da PF.


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