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Tribunal pode vetar "coligações-camarão"
LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL
SILVANA DE FREITAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O partido sem candidato presidencial próprio e sem aliança nacional poderá "correr o risco" de
ver seus planos naufragarem se fizer alianças de acordo com suas
conveniências regionais, sem
consulta prévia ao TSE (Tribunal
Superior Eleitoral), disse ontem o
ministro Fernando Neves.
O entendimento do ministro
atinge principalmente o PMDB,
cujo apoio é disputado por tucanos e por pefelistas.
Teoricamente, o PMDB, que
hoje não tem um candidato forte
para a disputa presidencial, poderia optar pelas "coligações-camarão", sem cabeça (candidatura à
Presidência). Com isso, nos Estados, a sigla ficaria livre para compor de acordo com suas conveniências políticas locais.
"[Sem a consulta ao TSE, os partidos" correm o risco de fazer [as
alianças nos Estados" e o tribunal
decidir de uma ou de outra forma.
Essa questão está sendo muito
discutida, mas não houve uma
provocação formal sobre esse assunto. E o tribunal só fala se provocado", afirmou o ministro.
A dúvida sobre as "coligações-camarão" surgiu porque a atual
decisão do TSE, que vincula as
alianças estaduais às nacionais,
não diz como deve se portar o
partido que não tiver um candidato próprio à Presidência.
Alguns ministros entendem que
o partido poderia ficar livre para
qualquer aliança, desde que não
buscasse legendas com candidatos diferentes ao Planalto.
Outros ministros discordam e
acreditam que isso contradiz com
a própria decisão do TSE, cujo objetivo é dar mais coerência aos
partidos e impedir a formação de
alianças fisiológicas. Neves, que é
o relator da instrução, disse que o
TSE tem até o dia 10 de junho para
se manifestar sobre a Lei Eleitoral,
mas sempre mediante consultas.
"As instruções não podem prever todas as hipóteses. Não há ainda uma consulta sobre os partidos
sem candidato à Presidência.
Quando houver, o TSE irá examinar e responder", disse.
O TSE provavelmente não esclarecerá, na terça, as grandes dúvidas dos partidos sobre as normas de coligações e prolongará o
cenário de incertezas que paralisou as articulações políticas.
A Folha apurou que o ministro
Fernando Neves irá propor aos
colegas que as normas sobre coligações fiquem restritas à pergunta feita pelo PDT, na consulta que
gerou a polêmica decisão do tribunal. Terça é o prazo máximo
para aprovação.
A tendência do TSE é aceitar a
sugestão de Neves e entender que
questões suscitadas pelos partidos, por meio dos jornais, só poderão ser formalmente respondidas se houver novas consultas
abstratas ou ainda no julgamento
de casos concretos, depois do registro das candidaturas.
"A instrução não deverá trazer
nenhuma inovação. Irá prevalecer a lógica de que quem é adversário em cima [na presidencial",
não poderá ser amigo embaixo
[na estadual"", disse Neves.
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