São Paulo, terça-feira, 02 de março de 2004

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SOMBRA NO PLANALTO

Queda de popularidade do governo foi de 42% para 38%, dentro da margem de erro; presidente ficou com aprovação pessoal inalterada

Acusações não atingem imagem de Lula

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sofreu um solavanco, no limite da margem de erro, e perdeu um pouco de popularidade. O chefe da administração, no entanto, teve sua imagem totalmente preservada pelos 2.306 eleitores pesquisados ontem pelo Datafolha em todas as unidades da Federação.
Em dezembro passado, o governo Lula tinha 42% de aprovação. O percentual é a soma de respostas ótimo e bom. Hoje, a administração petista tem a aprovação de 38% dos eleitores -43% consideram o governo regular; 17%, ruim ou péssimo.
Já o presidente Luiz Inácio Lula da Silva manteve sua imagem nos últimos meses, apesar dos indicadores ruins da economia e do escândalo Waldomiro Diniz. Em outubro passado, quando o Datafolha fez pela última vez a pergunta sobre o desempenho pessoal do petista, ele teve 60% de aprovação. Ontem, obteve percentual idêntico.
No caso do governo, é possível dizer que houve uma queda de popularidade. Ainda assim, é necessário registrar que a variação se deu no limite da margem de erro da pesquisa -que é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos. Em dezembro, com seus 42% de aprovação, o governo Lula poderia ter de 40% a 44%. Os 38% da pesquisa Datafolha de ontem podem ser, na realidade, 36% ou 40%. Se estava no limite mínimo em dezembro e no limite máximo da margem de erro hoje, o petista ficou no mesmo lugar -perto de 40%.
É improvável, entretanto, que os extremos da pontuação fiquem no limite da margem de erro. O que se pode dizer com segurança é que esses 38% de aprovação do governo Lula são o menor percentual de todo o mandato até o momento -porém não muito distante do patamar de 40% que foi seguido nos últimos 14 meses.

Estilo Lula
A preservação de Lula tem a ver com o estilo de governo que ele adota, na opinião do diretor-geral do Datafolha, Mauro Paulino: "A comunicação do presidente com a população é muito eficiente. As metáforas podem ser criticadas, mas ele parece conseguir fazer a população entender que as mudanças -mais emprego ou melhora na educação, por exemplo- levam tempo. Talvez nenhum presidente tenha conseguido ser tão eficaz desde a volta dos civis, em 1985".
A preservação da imagem positiva de Lula é sólida e pode ser comprovada num cruzamento das respostas entre os eleitores que conhecem o caso Waldomiro Diniz com os que não conhecem. Tanto faz: o petista tem 60% de ótimo e bom nas duas categorias para o seu desempenho pessoal.
Essa estabilidade fica longe de se repetir quando se trata do governo Lula -e não apenas do político Lula. Entre os eleitores que tomaram conhecimento do episódio, só 33% respondem que a administração federal petista é ótima ou boa. Quando se isola apenas os eleitores que não conhecem o escândalo, a popularidade do governo sobe para 43%.
Apesar da preservação da sua imagem pessoal, Lula está começando a ver sangrar alguns pontos antes blindados de seu partido, o PT. Entre os petistas, a popularidade da administração federal despencou dez pontos: de 59% em dezembro para 49% no levantamento de ontem.
Também já é possível notar que os brasileiros que mais sentem a crise econômica, os que vivem em grandes centros, estão menos satisfeitos com o governo Lula. A administração petista tinha uma aprovação de 37% nas áreas metropolitanas em dezembro passado. Agora, o percentual de aprovação caiu para 31%.
No interior do país, onde os indicadores econômicos não são tão ruins por causa do bom desempenho do setor agrícola, há 42% que consideram a gestão Lula ótima ou boa -uma oscilação negativa de dois pontos percentuais dos 44% de dezembro.
Em termos geográficos, a pior a avaliação da administração federal está no Sudeste, com 35% de aprovação, contra 39% em dezembro passado. Mas foi na região Sul, onde o PT deteve por alguns anos um importante governo estadual (Rio Grande do Sul), que o revés foi mais acentuado: de 44% em dezembro para 38% de aprovação agora -um recuo de seis pontos.
(FERNANDO RODRIGUES)


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