São Paulo, quinta-feira, 02 de março de 2006

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ELEIÇÕES 2006/PRESIDÊNCIA

Presidente do PSDB esperava decisão hoje sobre candidatura, mas prefeito avisa que ainda precisa de "garantias" para concorrer

Serra procura ganhar tempo e frustra Tasso

DA REPORTAGEM LOCAL

Sob pressão do comando do PSDB, o prefeito de São Paulo, José Serra, ainda tenta ganhar tempo antes de dar ao partido uma resposta definitiva sobre sua disposição de concorrer à Presidência da República. Desde terça-feira, de Buenos Aires, Serra vem avisando a seus interlocutores que não pretende anunciar qualquer decisão hoje, frustrando a expectativa do presidente do partido, Tasso Jereissati (CE).
Segundo os chamados serristas, como o líder do PSDB na Câmara, Jutahy Júnior (BA), o prefeito vai reivindicar "o maior grau de segurança possível antes de tomar sua decisão".
E, ainda que converse com Tasso hoje -encontro que gostaria de postergar para o fim de semana-, deverá consultar o presidente do partido sobre as condições objetivas para sua campanha, como palanques nos Estados, aliados em outros partidos e estrutura que terá à disposição.
Segundo um aliado do prefeito, Serra desejaria ouvir o que o partido quer dele e o que tem a oferecer. Os próprios aliados de Serra duvidam, porém, que o tucano convença o inquieto Tasso a adiar por mais tempo sua decisão. Apesar de os defensores da candidatura Serra apostarem na sua disposição de concorrer, a hesitação do prefeito tem alimentado a esperança do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin.
E, depois das duras conversas com o comando do partido, o governador tem aberto canais de comunicação com o grupo mais ligado a Serra.
Segundo um tucano com trânsito no Palácio dos Bandeirantes, o próprio Alckmin fez questão de telefonar para o secretário de Serviços de São Paulo, Andrea Matarazzo, para lamentar que tenha sido assaltado na terça-feira, no Jardim América.
Alckmin até evitou polêmica ao comentar as críticas de Matarazzo à política de segurança. "A crítica é livre." Além do gesto, pediu que emissários procurassem os principais interlocutores de Serra. "Não tenho novidade", disse ele, à saída da catedral da Sé, onde participou do lançamento da Campanha da Fraternidade de 2006.
O governador repetiu ter "percorrido todas as etapas dentro do partido". Para completar: "Não é uma decisão pessoal. É coletiva". Alckmin não confirmou se pretendia dizer, com isso, que não basta Serra decidir concorrer para que venha a ser candidato do partido à Presidência. Alckmin ocupou, por dois minutos, o altar da catedral após assinar a regulamentação de lei que prevê a criação do centro de orientação e encaminhamento de pessoas portadoras de deficiência e famílias. Como a campanha deste ano é destinada a pessoas com deficiência, o arcebispo metropolitano de São Paulo, dom Cláudio Hummes, autorizou sua participação. Na saída, Alckmin foi cumprimentado por fiéis que lotavam a catedral. E negou que essa seja uma demonstração de apoio.
O governador também disse que não "há o menor sentido" em ser acusado de uso da igreja como palanque eleitoral. E justificou: "A política moderna é a política da parceria. Não podemos acreditar que solução chapa branca, que o governo sozinho vá resolver os problemas", disse.
Alckmin elogiou o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, negando que pretenda se afastar de seu governo. "O presidente Fernando Henrique foi um marco na política brasileira. Fez a engenharia do Real", disse, acrescentando que seria natural sua maior associação ao governador Mario Covas, morto há cinco anos.
Após caminhar pelas ruas e tomar um café no centro de São Paulo, Alckmin disse que a decisão deve ser tomada neste mês. "Mas em março, não precisa ser no primeiro dia. Pode ser daqui a uma semana, dez dias. Não há razão para correria."


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