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ELEIÇÕES 2006/PRESIDÊNCIA
Presidente do PSDB esperava decisão hoje sobre candidatura, mas prefeito avisa que ainda precisa de "garantias" para concorrer
Serra procura ganhar tempo e frustra Tasso
DA REPORTAGEM LOCAL
Sob pressão do comando do
PSDB, o prefeito de São Paulo, José Serra, ainda tenta ganhar tempo antes de dar ao partido uma
resposta definitiva sobre sua disposição de concorrer à Presidência da República. Desde terça-feira, de Buenos Aires, Serra vem
avisando a seus interlocutores
que não pretende anunciar qualquer decisão hoje, frustrando a
expectativa do presidente do partido, Tasso Jereissati (CE).
Segundo os chamados serristas,
como o líder do PSDB na Câmara,
Jutahy Júnior (BA), o prefeito vai
reivindicar "o maior grau de segurança possível antes de tomar
sua decisão".
E, ainda que converse com Tasso hoje -encontro que gostaria
de postergar para o fim de semana-, deverá consultar o presidente do partido sobre as condições objetivas para sua campanha, como palanques nos Estados, aliados em outros partidos e
estrutura que terá à disposição.
Segundo um aliado do prefeito,
Serra desejaria ouvir o que o partido quer dele e o que tem a oferecer. Os próprios aliados de Serra
duvidam, porém, que o tucano
convença o inquieto Tasso a adiar
por mais tempo sua decisão. Apesar de os defensores da candidatura Serra apostarem na sua disposição de concorrer, a hesitação
do prefeito tem alimentado a esperança do governador de São
Paulo, Geraldo Alckmin.
E, depois das duras conversas
com o comando do partido, o governador tem aberto canais de comunicação com o grupo mais ligado a Serra.
Segundo um tucano com trânsito no Palácio dos Bandeirantes, o
próprio Alckmin fez questão de
telefonar para o secretário de Serviços de São Paulo, Andrea Matarazzo, para lamentar que tenha sido assaltado na terça-feira, no Jardim América.
Alckmin até evitou polêmica ao
comentar as críticas de Matarazzo
à política de segurança. "A crítica
é livre." Além do gesto, pediu que
emissários procurassem os principais interlocutores de Serra.
"Não tenho novidade", disse ele, à
saída da catedral da Sé, onde participou do lançamento da Campanha da Fraternidade de 2006.
O governador repetiu ter "percorrido todas as etapas dentro do
partido". Para completar: "Não é
uma decisão pessoal. É coletiva".
Alckmin não confirmou se pretendia dizer, com isso, que não
basta Serra decidir concorrer para
que venha a ser candidato do partido à Presidência. Alckmin ocupou, por dois minutos, o altar da
catedral após assinar a regulamentação de lei que prevê a criação do centro de orientação e encaminhamento de pessoas portadoras de deficiência e famílias.
Como a campanha deste ano é
destinada a pessoas com deficiência, o arcebispo metropolitano de
São Paulo, dom Cláudio Hummes, autorizou sua participação.
Na saída, Alckmin foi cumprimentado por fiéis que lotavam a
catedral. E negou que essa seja
uma demonstração de apoio.
O governador também disse
que não "há o menor sentido" em
ser acusado de uso da igreja como
palanque eleitoral. E justificou: "A
política moderna é a política da
parceria. Não podemos acreditar
que solução chapa branca, que o
governo sozinho vá resolver os
problemas", disse.
Alckmin elogiou o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso,
negando que pretenda se afastar
de seu governo. "O presidente
Fernando Henrique foi um marco
na política brasileira. Fez a engenharia do Real", disse, acrescentando que seria natural sua maior
associação ao governador Mario
Covas, morto há cinco anos.
Após caminhar pelas ruas e tomar um café no centro de São
Paulo, Alckmin disse que a decisão deve ser tomada neste mês.
"Mas em março, não precisa ser
no primeiro dia. Pode ser daqui a
uma semana, dez dias. Não há razão para correria."
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