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Lula desautoriza 2ª "Carta ao Povo" nos moldes propostos por Tarso
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula da
Silva desautorizou a elaboração
de uma segunda "Carta ao Povo
Brasileiro" nos moldes pregados
por Tarso Genro, ex-ministro da
Educação. Lula também reavalia a
possibilidade da volta de Tarso ao
governo por julgar que ele tem sido inábil em declarações públicas.
No final de 2005, os presidentes
do PSB, Eduardo Campos, e do
PC do B, Renato Rabelo, sugeriram a Lula a possibilidade de lançar na campanha uma nova "Carta ao Povo Brasileiro", documento feito pelo PT em 2002 para dissipar temores do mercado de uma
reviravolta na política econômica.
Segundo um auxiliar, Lula respondeu que a idéia poderia ser
examinada no momento oportuno, mas que não poderia ser uma
negação de seu governo. Ou seja,
um documento, a depender do
conteúdo, poderia ser elaborado .
Setores do PT, porém, empolgaram-se com a possibilidade de
uma carta que tivesse teor mais
social e pregasse uma espécie de
volta às origens, já que setores do
partido são críticos da política
econômica do ministro Antonio
Palocci (Fazenda).
Nos últimos dias, ao saber das
declarações de Tarso a respeito da
confecção de uma nova carta, publicadas pela Folha na segunda, e
do convite que Lula teria feito para que voltasse ao ministério, o
presidente disse que Tarso estava
errando politicamente. E chegou
a lembrar a efêmera passagem dele pela presidência do PT no ano
passado, quando se inviabilizou
por ter comprado briga pública
com o ex-ministro José Dirceu.
Nas palavras de um auxiliar direto de Lula, uma nova carta elaborada por Tarso e por setores do
PT, PSB e PC do B poderia servir
de crítica ao governo. Há temor
no Planalto de que se peça um segundo mandato voltado para os
mais pobres e para o crescimento
econômico, contrariando o discurso de Lula de que fez mais para
as camadas carentes e de que teria
criado as condições para um crescimento sustentado.
Ministério
De fato, o presidente sondou
Tarso por avaliar que ele foi um
bom ministro da Educação, que
deixou um sucessor que está indo
bem (Fernando Haddad) e que se
deu mal na presidência do PT por
inabilidade política e não má-fé.
Por isso, gostaria de reintegrá-lo
ao primeiro escalão. Como o ministro Jaques Wagner (Relações
Institucionais) hesita entre ficar
no posto e ser candidato ao governo baiano, Lula pensou em Tarso.
Seria opção para a Defesa, com a
saída de José Alencar, ou a pasta
de Wagner. O Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, o Conselhão, já dirigido por
Tarso, foi incorporado às Relações Institucionais.
Seria uma solução natural. Mas
auxiliares do presidente listaram
várias declarações recentes do ministro que desaconselhariam sua
ida para a articulação política. A
primeira foi admitir em público a
sondagem de Lula e indicar que
seria para a pasta de Wagner.
A menção a uma nova carta na
hora em que Lula ainda dissimula
a candidatura à reeleição foi considerada outro erro.
Tarso disse ontem não ter relatado uma novidade ao dizer que
há preparação de uma segunda
carta. O tema, segundo ele, foi divulgado há dois meses, na visita
que dirigentes do PC do B, PSB e
PT fizeram ao presidente.
Tarso diz não ter conversado
com Lula nos últimos dias e afirma não acreditar em qualquer
descontentamento com suas declarações. A Folha apurou que petistas ligados a ele acreditam que
possa haver alguma informação
""plantada" para prejudicá-lo.
Colaborou LÉO GERCHMANN, da Agência Folha em Porto Alegre
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