São Paulo, sexta-feira, 02 de março de 2007

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É mais fácil ser gente do que ser pingüim, afirma Lula sobre documentário



DA COLUNISTA DA FOLHA

Ao criticar o "processo de desagregação da sociedade a partir da família", o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez ontem rasgados elogios ao documentário francês "A Marcha dos Pingüins", do diretor Luc Jacquet, que bateu recordes de bilheteria nos EUA e foi considerado um libelo conservador.
"Ser pingüim é muito difícil. É mais fácil ser gente", afirmou Lula durante o café da manhã com jornalistas.
O presidente ficou particularmente impressionado com o fato de "o macho ter que segurar os ovos entre as pernas". Segundo Lula, os pingüins "sofrem mais porque são menores, são indefesos".
E lamentou: "O pai vê o pássaro comendo o filho e não pode fazer nada".
Dirigindo-se ao porta-voz da Presidência, André Singer, que participou do encontro com jornalistas, no Planalto, Lula perguntou: "Ele [o documentário] ganhou o Oscar?"
A obra ganhou o prêmio na categoria de melhor documentário de 2006. E Lula: "O dia em que eu encontrar o cara que fez [Jacquet], vou dar um beijo nele".
O presidente não foi o único a ficar encantado com "A Marcha dos Pingüins". O documentário sobre a rotina dos pingüins imperadores também deixou fascinada a direita americana, especialmente a platéia religiosa, quando foi lançado nos EUA no fim de 2005.
Com imagens belíssimas e narrativa piegas, a obra acompanha o ciclo reprodutivo dos cerca de 7.000 imperadores que vivem na Antártida, e foi vista por religiosos conservadores como uma metáfora da criação divina, ataque ao evolucionismo.
Em entrevista à Folha quando do lançamento do filme no Brasil, Jacquet disse ter ficado "aterrorizado" com a interpretação religiosa para "A Marcha dos Pingüins".
O fervor cristão ajudou o filme a se tornar um dos documentários mais vistos na história dos EUA, onde rendeu quase US$ 80 milhões, dez vezes o custo da produção. No Brasil, o filme ficou em cartaz por mais de nove meses, foi visto por cerca de 246 mil pessoas e está disponível em DVD desde junho.


Colaborou LEONARDO CRUZ, editor-assistente da Ilustrada

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