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É mais fácil ser gente do que ser pingüim, afirma Lula sobre documentário
DA COLUNISTA DA FOLHA
Ao criticar o "processo de
desagregação da sociedade a
partir da família", o presidente Luiz Inácio Lula da Silva
fez ontem rasgados elogios ao
documentário francês "A
Marcha dos Pingüins", do diretor Luc Jacquet, que bateu
recordes de bilheteria nos
EUA e foi considerado um libelo conservador.
"Ser pingüim é muito difícil. É mais fácil ser gente",
afirmou Lula durante o café
da manhã com jornalistas.
O presidente ficou particularmente impressionado com
o fato de "o macho ter que segurar os ovos entre as pernas". Segundo Lula, os pingüins "sofrem mais porque
são menores, são indefesos".
E lamentou: "O pai vê o pássaro comendo o filho e não
pode fazer nada".
Dirigindo-se ao porta-voz
da Presidência, André Singer,
que participou do encontro
com jornalistas, no Planalto,
Lula perguntou: "Ele [o documentário] ganhou o Oscar?"
A obra ganhou o prêmio na
categoria de melhor documentário de 2006. E Lula: "O
dia em que eu encontrar o cara que fez [Jacquet], vou dar
um beijo nele".
O presidente não foi o único a ficar encantado com "A
Marcha dos Pingüins". O documentário sobre a rotina
dos pingüins imperadores
também deixou fascinada a
direita americana, especialmente a platéia religiosa,
quando foi lançado nos EUA
no fim de 2005.
Com imagens belíssimas e
narrativa piegas, a obra
acompanha o ciclo reprodutivo dos cerca de 7.000 imperadores que vivem na Antártida, e foi vista por religiosos
conservadores como uma
metáfora da criação divina,
ataque ao evolucionismo.
Em entrevista à Folha
quando do lançamento do filme no Brasil, Jacquet disse
ter ficado "aterrorizado" com
a interpretação religiosa para
"A Marcha dos Pingüins".
O fervor cristão ajudou o
filme a se tornar um dos documentários mais vistos na
história dos EUA, onde rendeu quase US$ 80 milhões,
dez vezes o custo da produção. No Brasil, o filme ficou
em cartaz por mais de nove
meses, foi visto por cerca de
246 mil pessoas e está disponível em DVD desde junho.
Colaborou LEONARDO CRUZ, editor-assistente da Ilustrada
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