|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
MEC vai cobrar metas de municípios para liberação de recursos
Medida do Plano de Desenvolvimento da Educação, que será apresentado a Lula, visa melhorar o ensino público
Presidente disse ontem a jornalistas que pretende visitar pior e melhor escola
de cidades aonde for para compreender as diferenças
FÁBIO TAKAHASHI
ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA
ELIANE CANTANHÊDE
COLUNISTA DA FOLHA
O MEC pretende cobrar resultados dos municípios para a
liberação de recursos destinados à melhoria da qualidade de
ensino. Essa é uma das medidas
que integram o Plano de Desenvolvimento da Educação,
que o ministério apresenta na
segunda-feira ao presidente
Luiz Inácio Lula da Silva.
O programa vem sendo tratado no Ministério da Educação
como um "PAC do ensino" (em
alusão ao Programa de Aceleração de Crescimento), pois pretende reverter o mau desempenho dos alunos do ensino público, com medidas que atingem da educação infantil à superior. Ao todo, são 42 projetos.
Além de analisar o programa,
Lula disse ontem que vai aproveitar todas as suas viagens para visitar duas escolas de cada
lugar, a pior e a melhor, "para
entender por que um aluno
aprende e outro não".
No ensino básico, a principal
medida é fazer com que as prefeituras só recebam recursos
do FNDE (fundo que financia
projetos de melhoria no ensino) se assinarem um compromisso de atingirem metas, entre elas a melhoria de resultados na Prova Brasil (exame do
governo federal) e a diminuição
da evasão escolar.
Os municípios também terão
de seguir um pacote de medidas formuladas pelo MEC, em
áreas como formação de professores e aquisição de materiais para bibliotecas.
O FNDE tem um orçamento
previsto para este ano de
R$ 519 milhões para convênios.
Atualmente, os municípios enviam projetos para o fundo e, se
aprovados, recebem os recursos, sem a contrapartida de resultados. Só é preciso prestar
contas dos gastos realizados.
Caso a prefeitura não alcance
as metas, a intenção do projeto
é que ela não receba mais repasses do órgão.
O sistema não abrange as
verbas destinadas à manutenção do ensino, como o Fundeb,
fundo para o ensino básico público que deve movimentar
neste ano R$ 43,1 bilhões.
"Estabelecer metas é fundamental para que um plano de
melhoria no ensino não caia no
vazio", afirmou a presidente da
Undime (entidade que reúne os
secretários municipais de Educação), Maria do Pilar.
Aprovação
O pacote de medidas propostas pelo ministro da Educação,
Fernando Haddad, terá de receber a aprovação presidencial.
Antes, Lula consultará outros
ministérios e educadores.
Haddad afirma já possuir
uma suplementação orçamentária de R$ 500 milhões para o
programa e negocia outros
R$ 400 milhões. Segundo o ministro, o projeto foi formulado
para que possa ser implementado de acordo com "o quanto o
governo pretende investir em
educação", dentro de um prazo
mínimo de cinco anos e um máximo de dez.
As universidades federais
também deverão ser cobradas
por resultados, como aumento
do número de estudantes no
período noturno. A medida visa
incluir no sistema alunos de
baixa renda que precisam trabalhar. A idéia já foi defendida
ontem pelo presidente, em
conversa com jornalistas.
Maioridade
O presidente, ao recriminar a
redução da maioridade penal,
disse que "não se pode reagir
emocionalmente a cada tragédia" e afirmou que "o Estado
não pode colocar a juventude a
mercê da repressão".
"Esse menino não é resultado de todos esses governantes
que não foram punidos? Vamos
culpá-lo por não ter dado oportunidade a ele?", indagou.
Texto Anterior: Foco: É mais fácil ser gente do que ser pingüim, afirma Lula sobre documentário Próximo Texto: Frase Índice
|