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Senadores cobram explicação de diretor que omitiu mansão
Agaciel Maia, ordenador de despesas do Senado, escondeu da Justiça um imóvel em Brasília avaliado em R$ 5 milhões
Para Demóstenes Torres (DEM), situação de servidor é "insustentável'; Agaciel afirmou que tinha renda suficiente para ter a casa
LEONARDO SOUZA
ADRIANO CEOLIN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A situação do diretor-geral
do Senado, Agaciel Maia, é "insustentável" e a Mesa Diretora
e o presidente da Casa, José
Sarney (PMDB-AP), têm de tomar providências e cobrar explicações do servidor.
Essas são as avaliações de
quatro senadores a partir de reportagem publicada ontem pela Folha que revelou como
Agaciel, o ordenador de despesas do Senado, escondeu da
Justiça uma casa em Brasília
avaliada em R$ 5 milhões.
O imóvel foi comprado em
1996, quando seus bens estavam indisponíveis por decisão
judicial. A propriedade foi registrada e permanece até hoje
no nome do irmão de Agaciel, o
deputado João Maia (PR-RN).
Demóstenes Torres (DEM-GO), promotor de Justiça licenciado, foi mais longe. Disse
que Sarney tem de afastá-lo e
que a Polícia Federal e a Receita têm obrigação de investigar
o caso. "A situação dele é insustentável. O mínimo que o Sarney pode fazer é afastá-lo e fazer a investigação. O senador
Arthur Virgílio [PSDB-AM], inclusive, já fez um pronunciamento da tribuna cobrando o
afastamento dele", disse.
Em sua primeira entrevista
coletiva como novo presidente
do Senado, no começo do mês
passado, Sarney disse que
manteria Agaciel no cargo, por
não haver nada contra ele.
No entendimento de Demóstenes, a indisponibilidade dos
bens costuma abranger também o dinheiro do acusado. Assim, em tese, Agaciel não teria
legalmente recursos disponíveis para comprar a casa naquele momento.
"Ele cometeu crime de sonegação, no mínimo, mas pode
ser também lavagem de dinheiro ou mesmo dinheiro oriundo
de corrupção. Então, cabe à Polícia Federal instaurar um inquérito para apurar qual dessas
três modalidades de delito ele
cometeu", disse o democrata.
Sem retorno
A reportagem deixou recados
para Agaciel Maia, mas ele não
ligou de volta até a conclusão
desta edição. O diretor-geral
havia dito que tem renda suficiente para ter a casa e afirmou
que ele só não cumpriu uma
formalidade, de ter registrado a
propriedade em seu nome no
registro de imóveis. A Folha
entrou em contato com a assessoria de Sarney, mas ele também não ligou de volta.
"O Senado tem que propagar
a transparência. Então, se há
dúvidas sobre a origem dos recursos para a compra da casa,
devem ser prestados esclarecimentos pelo senhor Agaciel
Maia. Sem prejulgar, cabe à
Mesa Diretora cobrar esclarecimentos", disse Álvaro Dias
(PSDB-PR).
"Esse caso já é grave em si.
Exige uma investigação de todo
o período em que o diretor-geral esteve na direção do Senado. É mais grave ainda porque
vem depois de uma entrevista
extremamente enfática do senador Jarbas Vasconcelos
[PMDB-PE]", disse Cristovam
Buarque (PDT-DF).
O senador Jarbas disse à revista "Veja" que o PMDB "quer
mesmo é corrupção" e que a
eleição de Sarney para a Presidência do Senado representava
um retrocesso.
"O que essa matéria da Folha está mostrando é que o Jarbas tinha razão", afirmou o pedetista. "Eu espero que nesta
semana isso não fique em branco", completou Cristovam.
Romeu Tuma (PTB-SP), corregedor do Senado, disse que a
Corregedoria não investiga servidores da Casa e que a Mesa é
quem tem de tomar as providências em relação ao caso.
Heráclito Fortes (DEM-PI),
primeiro-secretário da Mesa,
estava fora do país e disse que
só vai se manifestar quando tomar conhecimento do caso.
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