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Interino do DF gastou 1 ano e meio de salário em campanha
Governador disse que vendeu micro-ônibus para custear eleição, mas veículo não consta da lista de bens declarados
Assessoria de Lima diz que ele declarou à Receita carro de R$ 60 mil; interino disse ter arrecadado R$ 246 mil na disputa à Câmara em 2006
HUDSON CORRÊA
FERNANDA ODILLA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governador interino do
Distrito Federal, Wilson Lima
(PR), tirou do próprio bolso
R$ 195 mil para a campanha de
2006, quando foi reeleito deputado distrital. O valor supera
em 55% seu salário anual de
parlamentar à época.
Lima informou à Justiça
Eleitoral ter arrecadado R$ 246
mil na ocasião. Os recursos próprios aplicados correspondem
a 78% da receita da campanha,
sendo que ele doou a si mesmo
R$ 110 mil em dinheiro.
Para justificar a origem do
montante, o governador interino declarou ter recebido pagamento de sua mãe (no valor
R$ 55 mil), vendido duas Kombis (por R$ 50,6 mil) e um micro-ônibus (por R$ 60 mil).
Esse último veículo, porém,
não consta da lista de seus bens
relatados à Justiça Eleitoral. A
assessoria de Lima afirma que
ele declarou o micro-ônibus à
Receita Federal.
Conforme a legislação vigente, não é crime um candidato
doar a ele mesmo valores acima
de seus rendimentos.
À Justiça Eleitoral Lima disse que a compradora do veículo
tinha sido a diretora de Recursos Humanos da Câmara do
DF, Edilair da Silva Sena.
Procurada, ela negou à Folha
ter adquirido o micro-ônibus
em julho de 2006, como o interino sustentou. "Eu? Não. Você
deve estar equivocado." A reportagem informou que o número do CPF dela constava na
prestação de contas de Lima.
Sena disse, então, que precisaria "levantar as informações".
Ela teria pago em dinheiro R$
60 mil, valor depositado por Lima na conta de campanha seis
dias após a suposta venda.
Além da negativa de Sena sobre a aquisição do carro, o cadastro de pagamento de seguro
obrigatório informa que Lima
aparecia como dono do veículo
até agosto de 2007, ou seja, um
ano após a suposta transação.
Mas Lima havia apresentado à
Justiça um documento do Detran, datado de 12 de julho de
2006, que autorizava a transferência do micro-ônibus a Sena.
Atualmente o veículo está
em nome da empresária Valéria Oliveira da Paixão, que atua
com transporte escolar. Ela
disse que comprou o micro-ônibus de uma concessionária
no Gama, cidade-satélite do DF
onde Lima declarou que morava na campanha de 2006. Ela
afirmou que não sabia que Lima era o antigo dono.
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