São Paulo, terça-feira, 02 de março de 2010

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Interino do DF gastou 1 ano e meio de salário em campanha

Governador disse que vendeu micro-ônibus para custear eleição, mas veículo não consta da lista de bens declarados

Assessoria de Lima diz que ele declarou à Receita carro de R$ 60 mil; interino disse ter arrecadado R$ 246 mil na disputa à Câmara em 2006


HUDSON CORRÊA
FERNANDA ODILLA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governador interino do Distrito Federal, Wilson Lima (PR), tirou do próprio bolso R$ 195 mil para a campanha de 2006, quando foi reeleito deputado distrital. O valor supera em 55% seu salário anual de parlamentar à época.
Lima informou à Justiça Eleitoral ter arrecadado R$ 246 mil na ocasião. Os recursos próprios aplicados correspondem a 78% da receita da campanha, sendo que ele doou a si mesmo R$ 110 mil em dinheiro.
Para justificar a origem do montante, o governador interino declarou ter recebido pagamento de sua mãe (no valor R$ 55 mil), vendido duas Kombis (por R$ 50,6 mil) e um micro-ônibus (por R$ 60 mil).
Esse último veículo, porém, não consta da lista de seus bens relatados à Justiça Eleitoral. A assessoria de Lima afirma que ele declarou o micro-ônibus à Receita Federal.
Conforme a legislação vigente, não é crime um candidato doar a ele mesmo valores acima de seus rendimentos.
À Justiça Eleitoral Lima disse que a compradora do veículo tinha sido a diretora de Recursos Humanos da Câmara do DF, Edilair da Silva Sena.
Procurada, ela negou à Folha ter adquirido o micro-ônibus em julho de 2006, como o interino sustentou. "Eu? Não. Você deve estar equivocado." A reportagem informou que o número do CPF dela constava na prestação de contas de Lima. Sena disse, então, que precisaria "levantar as informações". Ela teria pago em dinheiro R$ 60 mil, valor depositado por Lima na conta de campanha seis dias após a suposta venda.
Além da negativa de Sena sobre a aquisição do carro, o cadastro de pagamento de seguro obrigatório informa que Lima aparecia como dono do veículo até agosto de 2007, ou seja, um ano após a suposta transação. Mas Lima havia apresentado à Justiça um documento do Detran, datado de 12 de julho de 2006, que autorizava a transferência do micro-ônibus a Sena.
Atualmente o veículo está em nome da empresária Valéria Oliveira da Paixão, que atua com transporte escolar. Ela disse que comprou o micro-ônibus de uma concessionária no Gama, cidade-satélite do DF onde Lima declarou que morava na campanha de 2006. Ela afirmou que não sabia que Lima era o antigo dono.


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