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PÚBLICO-PRIVADO
Secretário-executivo do Desenvolvimento é suspeito de fraude em contratação de empresa na Agricultura, em 99
Ministério Público analisa ação contra Fortes
FREDERICO VASCONCELOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Um jogo de empurra entre ministros do governo Lula travou
durante meses investigação na esfera administrativa sobre a suspeita de fraudes no Ministério da
Agricultura, em 1999, no governo
Fernando Henrique Cardoso.
As divergências surgiram com o
não-cumprimento de uma decisão da CGU (Controladoria Geral
da União), que, em agosto do ano
passado, recomendou apurar a
responsabilidade do atual secretário-executivo do Ministério do
Desenvolvimento, Márcio Fortes
de Almeida, em supostas irregularidades quando ocupava o mesmo cargo no Ministério da Agricultura na gestão do então ministro Marcus Vinicius Pratini de
Moraes (setembro de 1999 a dezembro de 2002).
Em fevereiro de 2003, a Folha
revelou que Fortes fora acusado,
em sindicância interna, de direcionar o processo de contratação
da Poliedro Informática para prevenção do "bug do milênio", permitindo a duplicidade de contrato e "serviços desnecessários". A
empresa teria recebido indevidamente R$ 5,3 milhões.
Dois anos depois de uma surda
disputa dentro do governo federal, Fortes obteve uma vitória.
Sem acolher as conclusões e as
recomendações da área técnica,
que atribuía ao secretário-executivo a responsabilidade pelas irregularidades, o TCU (Tribunal de
Contas da União) o isentou e determinou o arquivamento do processo, em fevereiro deste ano.
A Folha apurou que esse acórdão não alterou o convencimento
dos auditores da CGU, embora tenha força para esvaziar a recomendação do órgão.
No Ministério Público Federal,
que investiga o caso na esfera cível
e criminal, a decisão do TCU
-uma instância independente-
também não modificou as conclusões dos procuradores.
Com base nas provas coletadas
em inquérito, o Ministério Público Federal está analisando o ingresso de ação civil pública por
improbidade administrativa contra os envolvidos.
Avaliações distintas
A recomendação da CGU para
investigar Fortes chegou a ser discutida entre os ministros Furlan
(Desenvolvimento), Roberto Rodrigues (Agricultura), Waldir Pires (Transparência) e José Dirceu
(Casa Civil), no ano passado.
O embaraço surgiu quando
Waldir Pires, da CGU, propôs a
anulação de julgamento proferido
por Roberto Rodrigues, que isentara Fortes. Com base em parecer
da consultoria jurídica do ministério, Rodrigues entendeu que
não havia nos autos documentos
ou indícios de que Fortes tivesse
ordenado a execução de atos ilegais a subordinados.
Para o titular da CGU, contudo,
a decisão de Roberto Rodrigues
"contrariou as provas dos autos".
O corregedor da CGU, Moisés
Antônio de Freitas, concluíra, em
parecer aprovado por Waldir Pires, que "existem indícios veementes da prática de atos irregulares por parte do então secretário-executivo, Márcio Fortes de
Almeida, quer na fase de contratação da empresa Poliedro, quer
na fase de execução do contrato".
Waldir Pires recomendou, então, a instauração de processo administrativo disciplinar para apurar a responsabilidade de Almeida e determinou o envio de cópia
dos autos ao Ministério Público
Federal.
Um mês depois, Rodrigues pediu à CGU que reconsiderasse a
decisão. A Controladoria reavaliou o processo e entendeu que
persistiam os motivos da recomendação. A sindicância anterior
havia sido arquivada por despacho do próprio Fortes, que aprovara o projeto básico, autorizara a
contratação da empresa e assinara o contrato. Funcionários ouvidos nessa apuração haviam apontado Fortes como "mentor intelectual" de todo o processo de
contratação da Poliedro.
Em dezembro, a CGU informou
a Roberto Rodrigues que a decisão propondo a abertura de nova
sindicância estava mantida.
Diante da demora nas providências, a Procuradoria Geral da
República enviou ofício ao ministro Waldir Pires, no mês passado,
pedindo informações sobre o
cumprimento da recomendação
da Controladoria.
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