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Auditoria questiona contratos da Infraero
Investigação interna vê irregularidades em concessões em Guarulhos e Brasília e desvio de R$ 27 mi em contrato para uso de software
Problemas teriam ocorrido na gestão do petista Carlos Wilson, hoje deputado; ele nega que esteja envolvido em supostas ilegalidades
IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Investigações internas da Infraero apontam irregularidades em três contratos e a responsabilidade de funcionários
da empresa. O ministro da Defesa, Waldir Pires, recebeu todos os documentos.
O nome do ex-presidente da
Infraero e hoje deputado federal Carlos Wilson (PT-PE) aparece em todos os relatórios. Ora
aprovando a assinatura de um
contrato, ora concedendo procuração a funcionários para a
prática de atos contestados pela auditoria interna. Wilson nega envolvimento nas supostas
ilegalidades (leia texto abaixo).
Os relatórios colocam sob
suspeita o atual diretor comercial, José Welington Moura, e
seu antecessor, Fernando
Brendaglia de Almeida, hoje
superintendente de Planejamento e Gestão da estatal.
Um dos casos relatados nas
auditorias refere-se a um projeto empresarial no aeroporto de
Guarulhos. Em 2004, a Neonet
do Brasil disputou sozinha e
venceu concorrência para uso
comercial de imóvel de três pavimentos na área do aeroporto.
A empresa ofereceu a proposta de criar um centro de
convenções empresarial.
A Neonet assinou em 2004
contrato de cessão do espaço
por 15 anos. Até hoje, as obras
não começaram. Enquanto a
Infraero aponta erros da empresa, os R$ 200 mil de aluguel
são pagos mensalmente.
Segundo a auditoria, a Neonet apresentou outro projeto
prevendo um prédio de oito andares, mas a altura contraria o
plano diretor do aeroporto.
A auditoria também contestou o valor do aluguel, citando
como referência os R$ 120 mil
pagos por um café que utiliza
apenas uma sala no aeroporto.
Os auditores consideram a
operação uma forma de privatizar a exploração do uso comercial da área do aeroporto.
Também reclamam que a
concessão de todo o prédio, em
vez de licitar cada área comercial no interior dele, criaria
concorrência nociva à própria
Infraero. A auditoria sugere a
rescisão do contrato.
Posto e desvio
A segunda auditoria aponta
problemas na assinatura de um
aditivo ao contrato firmado em
1987 com a Shell do Brasil para
um posto de gasolina próximo
ao aeroporto de Brasília.
A Infraero ingressou com
uma ação de reintegração de
posse em 2002. A Justiça concedeu liminar, confirmou esta
liminar e deu uma sentença de
mérito em prol da estatal.
Mesmo assim, a Infraero e a
Shell assinaram um acordo extrajudicial encerrando o processo e prorrogando o contrato
por mais sete anos.
Segundo a auditoria, o acordo nunca foi aprovado pelo
Conselho de Administração da
empresa e a legislação vedaria a
assinatura de acordos pelo valor envolvido e a assinatura de
um aditivo dois anos e oito meses após encerrado o contrato.
A auditoria pede o encerramento do contrato e nova licitação para cessão da área.
Os auditores também identificaram "grave infração à norma legal" no contrato da Infraero com a FS3 Comunicação
e Sistemas Ltda, para a compra
de um software para gerenciar
anúncios nos aeroportos.
A empresa não seria detentora de licença do programa, o
que significa dizer que a Infraero usou produto original sem
autorização por alguns meses
em 2003. Também não houve
pesquisa de preços e a empresa
foi constituída e venceu o contrato em menos de um mês, sob
dispensa de licitação.
A auditoria conclui que houve desvio de R$ 26,8 milhões na
operação e encaminhou o processo ao Ministério Público e à
Controladoria Geral da União.
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