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Em Camp David, jornalistas são vigiados por fuzileiros
e não podem nem fumar
DO ENVIADO A CAMP DAVID
Todos os olhos do ônibus
pintado com cores camufladas estavam nos olhos azuis
do fuzileiro naval, que aparentava pouco mais de 18
anos e vigiava sem piscar o
grupo de repórteres que era
levado ao hangar em que
Luiz Inácio Lula da Silva e
George W. Bush dariam uma
entrevista, em Camp David.
Em suas mãos, uma metralhadora. No corpo, pentes
de bala bastantes para matar
duas vezes cada um dos cerca de vinte jornalistas. E a
sensação de que não hesitaria em usá-los.
Os jornalistas passaram
por revista rigorosa e dois
checkpoints na estrada que
liga a base ao alto da montanha onde fica o retiro presidencial. Tiveram confiscados celulares que fazem imagens e ouviram instruções
proibindo fotos. "Gestos que
dêem a impressão do ato de
fotografar serão vistos como
atos hostis."
O sinal dos celulares foi
derrubado por medidas de
segurança. O acesso ao exterior do hangar era impedido
por outro fuzileiro. A ida aos
lavatórios, acompanhada
por soldados.
Um cinegrafista tentou fumar ao ar livre. Ouviu de um
fuzileiro que era proibido fumar na casa do presidente.
"Mas é o lado de fora", argumentou. "Camp David inteiro é a casa do presidente",
ouviu. Não era o caso de insistir.
(SD)
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