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PRIVATIZAÇÃO
Interessados na Vale temem que demora no leilão afaste investidores; falta de informações causa apreensão
Batalha jurídica preocupa consórcios
SILVANA QUAGLIO
enviada especial ao Rio
Os consórcios
Valecom e Brasil -os dois potenciais compradores da estatal Vale do Rio
Doce- só não
rivalizam em
uma coisa: na avaliação de que
uma demora muito longa na realização do leilão poderá trazer problemas com seus investidores.
Existe apreensão com o tempo
que a batalha jurídica, travada em
torno de liminares contra o leilão,
poderá demandar. A falta de informações oficiais durante o feriado
de Primeiro de Maio transtornou
os participantes dos grupos.
Até o início da noite de ontem,
por exemplo, ninguém sabia ao
certo se o BNDES (Banco Nacional
de Desenvolvimento Econômico e
Social) manteria a nova tentativa
de leilão marcada para hoje.
Marcar o leilão significa manter
os principais executivos das empresas dos dois consórcios a postos. Assim eles estiveram na terça e
na quarta-feira.
Mesmo sem certeza da realização
do leilão, os empresários Antonio
Ermírio de Moraes, comandante
do Valecom, e Benjamin Steinbruch, líder do Consórcio Brasil,
devem deixar novamente, hoje,
suas bases paulistas rumo ao Rio.
Nenhum dos dois acredita muito
que a Vale será vendida hoje. A expectativa ontem à noite era de que
os empresários voltariam a reunir
seus grupos nos bancos escolhidos
para representá-los no leilão junto
à Bolsa de Valores do Rio.
O primeiro adiamento, ocorrido
na terça-feira, data original do leilão, não surpreendeu os empresários e investidores. Eles já esperavam que uma empresa como a Vale não seria privatizada facilmente.
Mas o que surpreendeu a todos
foi a quantidade e o peso das assinaturas que as ações judiciais contrárias à venda carregavam em todo o país. Membros dos consórcios de compradores avaliam que
o governo subestimou a capacidade de resistência dos opositores.
Apesar da apreensão com uma
demora muito longa, nos dois
consórcios os membros se esforçam para demonstrar otimismo.
Dizem que seus grupos estão fechados e coesos e que nada poderá
demovê-los da idéia de brigar pela
compra da Vale.
Mas nos bastidores e no mercado
financeiro a avaliação é de que se o
leilão for adiado para além de maio
a situação dos grupos ficará fragilizada. Nenhum grupo empresarial
ou financeiro pode bancar uma
longa espera sem algum prejuízo.
Até mesmo o pouco mais que R$
3 bilhões depositados pelos consórcios junto ao BNDES -garantia de que têm o dinheiro para participar do leilão- começarão a representar um problema em breve.
Colaborou ANTÔNIO CARLOS SEIDL, enviado
especial ao Rio
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