São Paulo, quinta-feira, 02 de maio de 2002

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RUMO ÀS ELEIÇÕES

Petistas aproveitam crise na Frente Trabalhista para convencer o PPS a desistir da candidatura própria

PT tenta atrair apoio de Ciro já no 1º turno

OTÁVIO CABRAL
DO PAINEL, EM BRASÍLIA

LUIZA DAMÉ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O comando da campanha presidencial de Lula (PT) quer aproveitar a crise na Frente Trabalhista (PPS, PDT e PTB) para convencer Ciro Gomes a desistir de sua candidatura e apoiar o petista ainda no primeiro turno da eleição.
Ontem, Ciro negou essa possibilidade. "Isso é intriga da máquina de propaganda do candidato José Serra", afirmou. "Como candidato do principal partido de oposição, ele [Lula] deveria ter respondido às sucessivas cartas que lhe remeti -uma delas entreguei pessoalmente-, propondo caminhos para construção da unidade de oposições. Mas não, preferiu se isolar e, mais uma vez, se impor como candidato."
A estratégia do PT para atrair Ciro tem quatro pontos: 1) a oferta ao presidenciável do PPS da vaga de vice na chapa de Lula; 2) a elaboração de um programa de governo em conjunto pelos dois partidos; 3) a formação de alianças entre as siglas nas disputas estaduais; e 4) a participação de Ciro em um eventual governo Lula.
O objetivo dos petistas é buscar alianças que dêem a Lula condições de vencer a eleição ainda no primeiro turno. Uma possível saída de Ciro deixaria a disputa polarizada entre o petista, José Serra (PSDB) e Anthony Garotinho (PSB). Destes, Lula é o mais bem posicionado nas pesquisas e o candidato com menor rejeição.
"É cada vez mais forte a necessidade de procurarmos o Ciro para convencê-lo de que, com ele, podemos definir tudo no primeiro turno e derrotar mais facilmente o governo", afirma o deputado João Paulo Cunha (SP), líder do PT na Câmara e um dos estrategistas políticos da campanha de Lula.
As primeiras conversas entre emissários de Lula e de Ciro já vêm ocorrendo desde a semana passada. Desde então, Ciro baixou o tom das críticas a Lula e chegou até a elogiar o petista em discurso feito no último fim de semana em Santo André (SP).
O PT considera que existe a chance de PTB e PDT abandonarem Ciro, pois petebistas estão sendo cortejados pelo governo, e os pedetistas estão sujeitos aos caprichos de Leonel Brizola.
Se for abandonado, Ciro já avisou que não disputaria a eleição somente com o PPS, que lhe daria pouco mais de 30 segundos por dia na TV e inviabilizaria a eleição de uma grande bancada federal. Nesse caso, o mais provável seria o apoio a Lula.
Mas os próprios petistas consideram a negociação ainda difícil, principalmente porque o presidente do PPS, senador Roberto Freire (PE), é contra desistir da candidatura e tem problemas de relacionamento com o PT.
Os petistas não descartam a hipótese de PTB e PDT permaneceram na aliança, pois, apesar da crise atual, eles não têm perspectivas melhores na eleição presidencial do que apoiarem Ciro.
Caso Ciro resolva apoiar Lula mas prefira concorrer ao Senado a ser vice de Lula, os petistas já têm outro nome para vice: Patrícia Gomes, sua ex-mulher e deputada estadual no Ceará.
O futuro da Frente Trabalhista será decidido no próximo dia 9 em reunião do Diretório Nacional do PPS. Políticos ligados a Freire dizem que o partido não vai aceitar veto do PDT e do PTB ao partido, o que tende a inviabilizar a convivência das três legendas.
Em alguns Estados, há pressão do PPS para que Ciro acerte a aliança com o PT. No Distrito Federal, o partido já havia fechado acordo com o PT. Rubens Bueno, pré-candidato ao governo do Paraná, está mais próximo do PT.
As divergências entre os três partidos se tornaram públicas durante a discussão de um eventual acordo de Ciro com o PFL.
A crise aumentou com a recusa do PPS em retirar a candidatura de Antônio Britto ao governo gaúcho. Pelo acordo, o candidato da frente seria o vereador José Fortunati (PDT). O último lance da crise foi a decisão do PTB e do PDT de se coligarem nos Estados sem incluir o PPS nas alianças.


Colaborou a Agência Folha



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