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PT e PSDB disputam o Fome Zero
RAYMUNDO COSTA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Está pronto o relatório do deputado tucano Sebastião Madeira
(MA) sobre a medida provisória
que criou o Cartão-Alimentação.
O PSDB decidiu modificar desde
o nome até os critérios de controle
social do projeto, que é o pilar do
Fome Zero. Trata-se do primeiro
confronto direto entre os governos Lula e FHC no Congresso.
Em linhas gerais, o relatório de
Madeira tenta preservar alguma
coisa da rede de proteção social
montada por FHC, em especial
em termos de imagem. Em vez de
Cartão-Alimentação, por exemplo, ele prevê a manutenção do
nome Cartão do Cidadão, criado
pelo governo tucano. "Essa rede
de proteção social não começou
hoje. Além disso, Cartão do Cidadão é um nome institucional, não
tem conotação assistencialista, e é
mais difícil vinculá-lo a algum
partido", diz o relator.
O confronto entre as duas visões
deve ocorrer quando o Congresso
se desvencilhar da votação da MP
107, que atualmente tranca a pauta da Câmara, e se debruçar sobre
a 108. Mas já está quente nos bastidores. Na última quarta, Madeira se reuniu com uma equipe da
Casa Civil. As duas partes não
conseguem se entender.
O Planalto não admite mudar o
nome do cartão, muito menos a
modificação dos critérios de controle social do cartão. Pelo texto
da MP, o controle será do Ministério de Segurança Alimentar.
Já o tucano quer que esse controle seja feito, em nível nacional,
pelo conselho consultivo e de
acompanhamento do Fundo de
Combate à Erradicação da Pobreza. No município, seria exercido
por um conselho de programa social já instalado. Sugeriu o Conselho Municipal de Saúde.
A Casa Civil se opõe. Diz que os
recursos não são do fundo de erradicação da pobreza, mas do ministério. Madeira só assumiu o
compromisso de não especificar o
conselho de saúde -para evitar
especulações sobre eventual influência no texto do ex-ministro
da Saúde e presidenciável derrotado por Lula, José Serra.
Além de justificativas administrativas, Madeira argumenta que
o controle precisa sair das mãos
do governo federal para evitar o
risco de o PT vir a instrumentalizar o programa. "Nada impede
que o Executivo venha a dizer que
o controle em determinado município seja do diretório do PT ou
da CUT", diz o tucano.
O terceiro aspecto modificado
pelo relator estende o cartão às famílias já beneficiadas pelos programas de renda mínima de FHC.
É para evitar, argumenta, que
uma família atendida pelo Fome
Zero receba R$ 50, enquanto a família vizinha, com um filho atendido pelo programa Bolsa-Escola,
receba R$ 15. A segunda família
receberia a diferença.
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