São Paulo, domingo, 02 de maio de 2004

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TODA MÍDIA

Lula vai à igreja

Enquanto CUT e Força Sindical faziam "festas" no 1º de maio, Lula foi à missa em São Bernardo do Campo -e a cobertura foi atrás.
Ouviu do bispo, como mostraram canais e rádios de notícias, sermão contra o desemprego e a "falta de um salário justo".
Até falou do desemprego, mas não do salário mínimo. Ao vivo na Globo News e demais, elogiou a Igreja Católica -apesar de, segundo "O Globo", seu amigo Frei Betto ter sido proibido pelo bispo de falar.
Segundo a Folha On Line, a missa do Dia do Trabalho é realizada desde 1980:
- Nasceu como protesto contra a prisão de Lula pelas greves.

 

Lula foge do assunto, mas a revista "Época" afirma que ele "quase chorou no final da reunião que decidiu pelo salário mínimo de R$ 260".
 

Lula quer falar de outra coisa, qualquer coisa boa. Foi ao Agrishow de Ribeirão Preto e em discurso, segundo o "Valor", "não falou do mínimo, o assunto foi política internacional".
O discurso repercutiu, no exterior. "Forbes" e outras reproduziram despacho da agência Reuters, destacando em título que Lula "conclama o mundo contra os subsídios":
- Fortalecido pela vitória na batalha contra os subsídios dos EUA ao algodão, Lula disse que nações como China, Rússia e Índia agora vêem que podem forçar a União Européia e os Estados Unidos a cortar os subsídios agrícolas.
"New York Times" e outros jornais americanos reproduziram despacho da agência Associated Press, na mesma linha. Outras publicações usaram a agência France Presse.
E o francês "Le Monde", com o atraso costumeiro, só noticiou na sexta que "o Brasil ganhou sua primeira grande batalha na guerra que os países do Sul travam contra os subsídios dos países do Norte".
 

Lula só quer boas notícias. Segundo "O Globo", ele "está eufórico" com o canal internacional que vai juntar Radiobrás e as TVs Senado, Câmara e Justiça. Disse o presidente:
- Vamos entrar no Canadá, no México e nos Estados Unidos. Vamos mostrar ao mundo que o Brasil não é um país só de violência.
Ou de salário ínfimo.

DESONRA 1
O programa "Nightline", da ABC, pôs no ar imagens dos 721 americanos mortos no Iraque (abaixo), ao longo de 40 minutos, e levou a mídia pró-Bush a uma reação violenta. Os ataques, antes mesmo do programa, fizeram o âncora Ted Koppel dizer no início das imagens que seu objetivo era "elevar os mortos acima da política".
Mas as críticas não pararam. Ontem, a Fox News de Rupert Murdoch voltou a questionar o "Nightline". Murdoch já havia se recusado a dar as fotos da tortura de iraquianos por americanos, em seu jornal "New York Post", alegando que a ação de "um punhado de soldados" não refletia o "bom trabalho" dos demais.
Mas foi a atitude do grupo Sinclair, que proibiu oito de suas repetidoras da ABC de veicular o "Nightline", que chocou mais. O grupo alegou que era ação política "disfarçada de conteúdo jornalístico".
Mas até um republicano, John McCain, se revoltou contra o Sinclair, em carta. E o "New York Times" deu editorial criticando nominalmente o grupo e destacando que a "censura" era uma "desonra" para os soldados.

DESONRA 2
Enquanto isso, nos canais árabes Al Jazira e Al Arábia, as fotos dos iraquianos torturados por americanos tinham amplo destaque -em especial quanto às "práticas imorais", no dizer da Al Jazira. Uma das cenas mostradas trazia uma militar americana rindo e apontando a virilha de um iraquiano nu. Outra, iraquianos nus amontoados pelos soldados como se estivessem fazendo sexo.

Os árabes vêm aí
Eufórico com as vitórias no exterior, Lula vem se gabando, segundo "O Globo", que em dezembro o Brasil vai sediar um encontro de presidentes, reis etc. dos países árabes. Segundo Lula, "será a maior reunião fora do mundo árabe na história".

À luta
Os empresários brasileiros, ao que parece, aprenderam com o êxito da agricultura e vão à luta -sem chorar ao Estado.
A revista "Veja" noticia que a Fiesp monta "uma cooperativa de crédito para emprestar dinheiro barato aos associados".
E a "Forbes" diz que a CNI se uniu às congêneres da Ásia e até dos EUA para enviar carta aos "líderes políticos" do mundo, em favor da volta das negociações comerciais globais.

Como nunca
E o empresário Antônio Ermírio de Moraes anunciou que vai investir US$ 370 milhões em alumínio para exportação:
- Nós estamos investindo como nunca investimos antes.

Missão
O envolvimento crescente do Brasil na política mundial traz responsabilidades assim. A ONU decidiu e o "Washington Post" e outros noticiaram o envio de uma missão militar ao Haiti, "liderada pelo Brasil", para substituir a dos EUA.

TSE e o milhão
"Veja" e "Época" trazem reportagens críticas à decisão do Tribunal Superior Eleitoral de absolver o governador Joaquim Roriz da acusação de desviar R$ 40 milhões de verbas públicas para sua última campanha.
O título de "Veja" ironizou o contraste com a condenação e cassação do senador João Capiberibe pelo mesmo TSE:
- O tostão e o milhão.

Palocci fala
Lula aceitou os R$ 260 de Antonio Palocci para o salário mínimo -e acertou com Ratinho, segundo a "Veja", uma entrevista com o ministro. Palocci já estava anteontem na CBN, argumentando com o salário-família em favor do novo mínimo.


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