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CNBB ataca opção econômica, mas modera restrições a Lula
Documento, que critica ênfase no pagamento dos juros, elogia programas sociais
Texto, mais contido que os de encontros anteriores, inclui temas que preocupam o papa Bento 16, como a evangelização dos jovens
MAURÍCIO SIMIONATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM INDAIATUBA
A CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) divulgou ontem, na abertura de sua
45ª Assembléia Geral, um documento em que critica a política econômica do governo federal por privilegiar o pagamento dos juros da dívida pública e não atender "necessidades básicas dos trabalhadores e
o desenvolvimento do país".
Veiculado a uma semana da
chegada ao Brasil do papa Bento 16 -que vai se encontrar
com o presidente Luiz Inácio
Lula da Silva no próximo dia 10
de maio-, o documento da
CNBB, intitulado "Mensagem
aos Trabalhadores e Trabalhadoras", inclui temas que preocupam o novo papa -como a
discussão dos meios para atrair
os jovens para a Igreja Católica- e segue uma linha de crítica mais moderada do que a de
edições anteriores do encontro.
O texto diz que "algumas políticas públicas" têm garantido
transferência de renda, oferta
de empregos e recomposição
do poder de compra do salário
mínimo, mas aponta a "preocupação" dos bispos com a "persistência do desemprego, o subemprego, a informalidade, o
trabalho infantil, as migrações
internas e para outros países".
O texto é assinado pelo presidente da CNBB, d. Geraldo Majella Agnelo, pelo vice, d. Antonio Celso de Queirós, e pelo secretário-geral, d. Odilo Scherer.
No trecho sobre a política
econômica, o documento diz
que privilegiar o pagamento
dos juros da dívida pública
"compromete um orçamento
capaz de atender às necessidades básicas dos trabalhadores e
ao desenvolvimento do país".
Para o arcebispo de Vitória
da Conquista (BA) e futuro arcebispo de Mariana (MG), d.
Geraldo Lyrio Rocha, 65, um
dos bispos mais cotados para
ser eleito presidente da CNBB,
o pagamento dos juros das dívidas pública e externa "representa uma sangria para países
em desenvolvimento ou pobres": "Os pagamentos dessas
dívidas são feitos à custa do sacrifício de toda uma nação, sobretudo das camadas mais pobres e trabalhadoras", disse.
O arcebispo também criticou
a política de reforma agrária:
"Está havendo um esforço de
reforma agrária, mas há descaso em relação aos assentados".
Eleições
Os bispos iniciaram ontem as
articulações em torno dos nomes da nova direção da CNBB
(presidente, vice e secretário-geral), que será escolhida durante o encontro, que vai até o
próximo dia 9, em Indaiatuba
(SP). Além de d. Geraldo Lyrio,
outro cogitado para presidir a
entidade é o novo arcebispo de
São Paulo, d. Odilo Scherer, 57,
atual secretário-geral.
"Todos os bispos são candidatos", disse d. Odilo, sem negar nem confirmar a candidatura. D. Geraldo afirmou que a
eleição na CNBB "não é uma luta pelo poder". "Todos são candidatos e eleitores", afirmou.
Uma prévia do pleito deverá
ser feita até amanhã entre os
representantes de 17 regionais
da CNBB. Foram instaladas no
plenário do encontro 15 urnas
eletrônicas, que serão usadas
pela primeira vez em uma eleição na entidade.
O resultado deve sair no início da próxima semana. Para o
cargo de secretário-geral, os
mais cotados são d. Dimas Lara
Barbosa, bispo auxiliar do Rio
de Janeiro, e d. Pedro Stringhini, bispo auxiliar de São Paulo.
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