São Paulo, sexta-feira, 02 de maio de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Em evento da Força, Marta é vaiada e defende Paulinho

Aplauso do público só veio depois de a ministra saudar a central sindical, Lula e o Brasil

Participação foi um "gesto" ao PDT, já que o PT ainda não fechou alianças para a eleição em SP, diz o vereador petista José Américo Dias


JOSÉ ALBERTO BOMBIG
DA REPORTAGEM LOCAL

A ministra do Turismo, Marta Suplicy (PT), potencial candidata a prefeita de São Paulo, foi vaiada ontem, durante quase três minutos, na festa do 1º de Maio da Força Sindical, na zona norte da capital paulista.
Cerca de 1,2 milhão de pessoas foram ao evento, segundo a organização. A Polícia Militar não divulgou estimativa de público. As vaias começaram quando, por volta das 11h30, Marta foi convidada pelo mestre-de-cerimônias, o deputado Paulo Pereira da Silva (PDT), o Paulinho, a discursar.
A ministra, que já estava no imenso palco montado na praça Campo de Bagatelle, tentou saudar a multidão: "Bom dia, São Paulo. Primeiro quero agradecer ao presidente da Força Sindical por este convite para vir aqui hoje".
Mas as vaias abafaram a voz da ministra, e ela passou a elogiar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva: "Nós temos hoje um salário mínimo 50% maior do que na época do [ex-presidente] FHC". Foi em vão. Os apupos continuaram.
Paulinho, principal líder da central de trabalhadores responsável pela festa, interveio: "Companheiros, ela é convidada minha. Vocês têm que receber com muito carinho. Mesmo aqueles que não concordam, têm que receber. Aqui não sobem aqueles que são contra os trabalhadores. (...) Eu sei que quando é ex-prefeita, Marta, você agrada a alguns, mas não agrada a outros".
"Estou aqui como ministra do presidente Lula. Estou aqui para defender o governo", respondeu Marta, que prosseguiu nos elogios por mais um minuto, sob vaias, até encerrar: "Viva a Força Sindical, viva o Brasil e viva o presidente Lula". Só então o público aplaudiu.
No meio da multidão, houve cartazes improvisados que aludiam à frase "relaxa e goza" da ministra durante o caos aéreo.
Questionada pelos jornalistas, a ex-prefeita (2000-2004) disse que interpretava as vaias como "democráticas". "Não [fiquei constrangida]. Um pequeno grupo vaiou. Muita gente aplaudiu. Não dá para ir a uma reunião desse porte e não ter algumas pessoas que vaiam. Isso você tem de saber antes de vir. É normal, é natural", disse.

Terreno hostil
Foi a primeira vez que Marta participou do 1º de Maio da Força, que sempre se notabilizou por shows populares, sorteios de prêmios e críticas ao governo Lula e ao PT.
O ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB) e o prefeito Gilberto Kassab (DEM), pré-candidatos, não foram ao evento, sendo que Kassab, segundo a Força, não foi convidado.
O vereador José Américo Dias (PT) disse que a participação de Marta no ato da Força foi "um gesto" ao PDT de Paulinho, já que o partido da ministra ainda não fechou alianças para as eleições em São Paulo.
A ministra também procurou afagar o pedetista, cujo nome integra relatório da Polícia Federal na Operação Santa Tereza: "Nem sei se são denúncias, para falar a verdade. Eu vim aqui a convite da Força Sindical, com muita honra".
Para o presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT), também presente ao evento, uma razão da vaia à ministra foi a rivalidade entre as centrais. Os petistas são ligados à CUT.
À tarde, em ato da CUT, Marta não foi hostilizada pelo público, calculado, pela organização, em 500 mil pessoas nos quatro eventos. Como no da Força, a PM não fez estimativa.


Texto Anterior: Painel
Próximo Texto: Ausência: Kassab diz que não foi a ato da Força para não constranger PDT
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.