|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Em evento da Força, Marta é vaiada e defende Paulinho
Aplauso do público só veio depois de a ministra saudar a central sindical, Lula e o Brasil
Participação foi um "gesto" ao PDT, já que o PT ainda não fechou alianças para a eleição em SP, diz o vereador petista José Américo Dias
JOSÉ ALBERTO BOMBIG
DA REPORTAGEM LOCAL
A ministra do Turismo, Marta Suplicy (PT), potencial candidata a prefeita de São Paulo,
foi vaiada ontem, durante quase três minutos, na festa do 1º
de Maio da Força Sindical, na
zona norte da capital paulista.
Cerca de 1,2 milhão de pessoas foram ao evento, segundo
a organização. A Polícia Militar
não divulgou estimativa de público. As vaias começaram
quando, por volta das 11h30,
Marta foi convidada pelo mestre-de-cerimônias, o deputado
Paulo Pereira da Silva (PDT), o
Paulinho, a discursar.
A ministra, que já estava no
imenso palco montado na praça Campo de Bagatelle, tentou
saudar a multidão: "Bom dia,
São Paulo. Primeiro quero
agradecer ao presidente da
Força Sindical por este convite
para vir aqui hoje".
Mas as vaias abafaram a voz
da ministra, e ela passou a elogiar o presidente Luiz Inácio
Lula da Silva: "Nós temos hoje
um salário mínimo 50% maior
do que na época do [ex-presidente] FHC". Foi em vão. Os
apupos continuaram.
Paulinho, principal líder da
central de trabalhadores responsável pela festa, interveio:
"Companheiros, ela é convidada minha. Vocês têm que receber com muito carinho. Mesmo
aqueles que não concordam,
têm que receber. Aqui não sobem aqueles que são contra os
trabalhadores. (...) Eu sei que
quando é ex-prefeita, Marta,
você agrada a alguns, mas não
agrada a outros".
"Estou aqui como ministra
do presidente Lula. Estou aqui
para defender o governo", respondeu Marta, que prosseguiu
nos elogios por mais um minuto, sob vaias, até encerrar: "Viva
a Força Sindical, viva o Brasil e
viva o presidente Lula". Só então o público aplaudiu.
No meio da multidão, houve
cartazes improvisados que aludiam à frase "relaxa e goza" da
ministra durante o caos aéreo.
Questionada pelos jornalistas, a ex-prefeita (2000-2004)
disse que interpretava as vaias
como "democráticas". "Não [fiquei constrangida]. Um pequeno grupo vaiou. Muita gente
aplaudiu. Não dá para ir a uma
reunião desse porte e não ter
algumas pessoas que vaiam. Isso você tem de saber antes de
vir. É normal, é natural", disse.
Terreno hostil
Foi a primeira vez que Marta
participou do 1º de Maio da
Força, que sempre se notabilizou por shows populares, sorteios de prêmios e críticas ao
governo Lula e ao PT.
O ex-governador Geraldo
Alckmin (PSDB) e o prefeito
Gilberto Kassab (DEM), pré-candidatos, não foram ao evento, sendo que Kassab, segundo
a Força, não foi convidado.
O vereador José Américo
Dias (PT) disse que a participação de Marta no ato da Força
foi "um gesto" ao PDT de Paulinho, já que o partido da ministra ainda não fechou alianças
para as eleições em São Paulo.
A ministra também procurou afagar o pedetista, cujo nome integra relatório da Polícia
Federal na Operação Santa Tereza: "Nem sei se são denúncias, para falar a verdade. Eu
vim aqui a convite da Força
Sindical, com muita honra".
Para o presidente da Câmara,
Arlindo Chinaglia (PT), também presente ao evento, uma
razão da vaia à ministra foi a rivalidade entre as centrais. Os
petistas são ligados à CUT.
À tarde, em ato da CUT, Marta não foi hostilizada pelo público, calculado, pela organização, em 500 mil pessoas nos
quatro eventos. Como no da
Força, a PM não fez estimativa.
Texto Anterior: Painel Próximo Texto: Ausência: Kassab diz que não foi a ato da Força para não constranger PDT Índice
|