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Listagem traz supostos pedidos de políticos
da enviada especial a Brasília
Ao concluir a auditoria no BNB
(Banco do Nordeste do Brasil), os
técnicos do TCU anexaram aos documentos uma lista já divulgada
pelo Sindicato dos Bancários da
Bahia com supostos pedidos de
políticos para favorecer pessoas,
empresas e entidades em negociações com o banco.
A lista foi anexada no capítulo
em que se tratou do crédito do
BNB às empresas do governador
Tasso Jereissati.
A intenção clara dos auditores
era a de mostrar que o banco sofre
ingerências políticas. Eles ressalvam, no entanto, que não têm
"provas concretas dessas possíveis
ingerências" e que "devido à ausência de provas" não fizeram nenhuma análise do assunto.
O sindicato diz que a lista foi tirada de um arquivo particular do superintendente do BNB na Bahia,
Marcos Barroso. O superintendente diz que a lista "é totalmente falsa, apócrifa e antiga". A Folha
apresentou a lista a alguns políticos para ver se eles se lembravam
dos pedidos.
O mais notório é o senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA).
Ele aparece como o "solicitante"
de dois pedidos para prorrogação
de dívidas de empresas do grupo
OAS, de seu genro César Matta Pires. Ao lado aparece a "situação"
do pedido. Nesse caso, segundo a
lista, a agência do BNB em Salvador foi "orientada a acatar e encaminhar para análise".
"O senador Antonio Carlos se
preocupa com coisas macro, com
o encaminhamento estratégico das
grandes questões nacionais, e não
com coisas pequenas e pontuais",
diz Barroso. "Posso lhe afirmar
com toda a certeza que ele nunca
me pediu nada."
O senador diz outra coisa. "Faço
pedidos sim, para muitas coisas.
Mas para meu genro, nunca. Em
nenhum lugar."
ACM fez questão de telefonar para o superintendente Barroso na
presença da reportagem da Folha.
"Posso lhe fazer um ou outro pedido e lhe faço", disse ele a Barroso.
"Mas à OAS nunca lhe pedi",
completou, dizendo a Barroso para que confirmasse o fato novamente ao jornal. "Isso é coisa de alguém lá do banco que, só porque
meu genro é da OAS, acha que
aquilo é pedido meu", declarou.
O deputado Benito Gama (PFL-BA) aparece como "solicitante" de
18 pedidos, mas diz que não se
lembra de nenhum. "Nunca pedi
nada", diz.
O deputado baiano Geddel Vieira Lima, líder do PMDB, aparece
como "solicitante" de nove pedidos. Ele passou os olhos pela lista e
disse: "Devo ter pedido mesmo. Se
me dá voto, eu peço".
O deputado Inocêncio Oliveira,
líder do PFL, aparece com um pedido em favor de Miguel Pedrotti
Maximo. Inocêncio diz que, como
não se lembra desse nome, deve ter
intercedido a pedido de um outro
deputado.
Já o deputado Eliseu Rezende
(PFL-MG), que aparece com dois
pedidos, para uma cooperativa e
uma granja, lembra de cada detalhe. "Entrei em contato com o superintendente Barroso e pedi pela
Cooperativa do Corinto. Isso foi
em 1996. Eles tinham um potencial
grande na área de pecuária. Parece
que meu pedido resultou em atendimento."
O deputado João Almeida
(PSDB-BA), que aparece com dois
pedidos, acredita que a lista é verdadeira. "Lembro desses pedidos.
Já fiz esses e outros mais. Isso é comum."
Segundo ele, há dois anos o próprio presidente do BNB, Byron
Queiroz, apareceu em Brasília para
uma reunião com os deputados do
Nordeste com uma lista idêntica
nas mãos. "Ele passou a lista para
cada um ver como é que estavam
os seus pedidos."
(MB)
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