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São Paulo, segunda-feira, 02 de junho de 2003

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Diretor do Fundo prevê efeitos desastrosos para o mundo se EUA e Europa não agirem; fala foi "progressista", afirma Palocci

FMI cobra ações anticrise de países ricos

DO ENVIADO A EVIAN

Os líderes dos países ricos viram ontem o feitiço virar contra o feiticeiro: acostumados a passar receitas para os países em desenvolvimento e a criticar o desempenho destes, ouviram um sermão vindo de ninguém menos que Horst Köhler, o diretor-gerente do FMI (Fundo Monetário Internacional).
Segundo o relato que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez, depois, aos jornalistas, Köhler cobrou "dos EUA e da Europa medidas para conter a crise, porque, se não, será desastrosa para o mundo nos próximos anos".
Köhler não foi o único. O presidente da China, Hu Jintao, parecia estar sendo irônico ao receitar para os países desenvolvidos medidas para "restabelecer a confiança dos mercados", justamente o que os ricos fazem com os chamados emergentes.
A receita de Jintao, para os ricos, tampouco foi diferente da que estes recomendam para os pobres: "Políticas orçamentárias e monetárias eficazes e a promoção de reajustes estruturais indispensáveis para fortalecer sua demanda doméstica e suas importações".
O ministro brasileiro da Fazenda, Antonio Palocci Filho, comentou, depois, que a fala de Köhler fora bastante "agressiva". Ele fez um discurso "progressista", afirmou o ministro brasileiro.
A qualificação se deve ao fato de que o diretor do FMI recomendou política similar à que Palocci adota no Brasil.
Algumas das principais economias do planeta (EUA, Japão e Alemanha, por exemplo) estão usando o recurso de gastar dinheiro público na tentativa de reanimar a economia, até agora sem muito sucesso.
Segundo Palocci, Köhler disse que o resto do mundo estava fazendo a sua parte, em matéria de ajuste econômico, e que, se os países ricos não resolvessem a questão do déficit, a situação econômica se deterioraria ainda mais.
Para o Brasil, o cenário não é agradável. "A ausência de crescimento nos países ricos é um problema adicional", diz Palocci.
No seu discurso durante o debate no diálogo ampliado entre G-8 e 12 países em desenvolvimento mais Suíça, Lula também se referiu ao quadro global: "A economia mundial está dando sinais preocupantes de retração. Os problemas sociais, como o desemprego, inclusive nos países ricos, estão se agravando cada vez mais". (CLÓVIS ROSSI)


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