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Diretor do Fundo prevê efeitos desastrosos para o mundo se EUA e Europa não agirem; fala foi "progressista", afirma Palocci
FMI cobra ações anticrise de países ricos
DO ENVIADO A EVIAN
Os líderes dos países ricos viram ontem o feitiço virar contra o
feiticeiro: acostumados a passar
receitas para os países em desenvolvimento e a criticar o desempenho destes, ouviram um sermão vindo de ninguém menos
que Horst Köhler, o diretor-gerente do FMI (Fundo Monetário
Internacional).
Segundo o relato que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez,
depois, aos jornalistas, Köhler cobrou "dos EUA e da Europa medidas para conter a crise, porque,
se não, será desastrosa para o
mundo nos próximos anos".
Köhler não foi o único. O presidente da China, Hu Jintao, parecia estar sendo irônico ao receitar
para os países desenvolvidos medidas para "restabelecer a confiança dos mercados", justamente
o que os ricos fazem com os chamados emergentes.
A receita de Jintao, para os ricos,
tampouco foi diferente da que estes recomendam para os pobres:
"Políticas orçamentárias e monetárias eficazes e a promoção de
reajustes estruturais indispensáveis para fortalecer sua demanda
doméstica e suas importações".
O ministro brasileiro da Fazenda, Antonio Palocci Filho, comentou, depois, que a fala de Köhler
fora bastante "agressiva". Ele fez
um discurso "progressista", afirmou o ministro brasileiro.
A qualificação se deve ao fato de
que o diretor do FMI recomendou política similar à que Palocci
adota no Brasil.
Algumas das principais economias do planeta (EUA, Japão e
Alemanha, por exemplo) estão
usando o recurso de gastar dinheiro público na tentativa de
reanimar a economia, até agora
sem muito sucesso.
Segundo Palocci, Köhler disse
que o resto do mundo estava fazendo a sua parte, em matéria de
ajuste econômico, e que, se os países ricos não resolvessem a questão do déficit, a situação econômica se deterioraria ainda mais.
Para o Brasil, o cenário não é
agradável. "A ausência de crescimento nos países ricos é um problema adicional", diz Palocci.
No seu discurso durante o debate no diálogo ampliado entre G-8
e 12 países em desenvolvimento
mais Suíça, Lula também se referiu ao quadro global: "A economia mundial está dando sinais
preocupantes de retração. Os problemas sociais, como o desemprego, inclusive nos países ricos,
estão se agravando cada vez
mais".
(CLÓVIS ROSSI)
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