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OUTRO LADO
Acusado diz que prisão é "brincadeira"
DA REPORTAGEM LOCAL
O empresário Law Kin Chong
disse, ao ser apresentado à imprensa pela Polícia Federal de São
Paulo, que sua prisão era uma
"brincadeira de mau gosto". Essa
foi a única frase de Chong.
Seu advogado, Elcio Scapaticio,
disse ontem à noite, também na
sede da Polícia Federal paulista,
que "o [deputado federal Luiz
Antonio de] Medeiros vai ter de
provar" que seu cliente tentou
corrompê-lo.
Scapaticio afirmou que hoje entrará com um pedido de habeas
corpus na Justiça Federal. "O relatório final [da CPI da Pirataria]
sairá na quinta [amanhã] e, como
não teve elementos para prender
[o empresário chinês], ele fez este
circo", afirmou o advogado, referindo-se à prisão de Chong.
Para Scapaticio, a detenção de
seu cliente foi "um flagrante preparado". Ele negou que o empresário tenha tentado corromper o
presidente da CPI. "Isso só aconteceu na fértil imaginação do deputado", afirmou.
O advogado também disse desconhecer o encontro entre Medeiros e Law Kin Chong, ocorrido na
semana passada, em um hotel em
Araraquara, interior de São Paulo. "Não estou sabendo." De acordo com Medeiros, nesta reunião o
empresário teria lhe oferecido
US$ 2 milhões, mas baixou a oferta, depois, para US$ 1,5 milhão.
"Não acredito neste encontro",
disse Scapaticio. "Ele [Chong]
não iria se reunir com o deputado
sem que eu fosse avisado", afirmou o advogado. "A não ser que
fosse convidado pessoalmente
por Medeiros."
Fuga
Scapaticio também negou que
seu cliente iria fugir, como chegou
a afirmar o presidente da CPI. Segundo Medeiros, no momento
em que foi detido pela Polícia Federal, Chong estaria se preparando para ir ao Campo de Marte, aeroporto localizado na zona norte
de São Paulo, para tomar um
avião e fugir para o Paraguai.
"No Campo de Marte não decola avião para o Paraguai", contestou o advogado. "Isso tudo é um
horário eleitoral gratuito para o
deputado aparecer como paladino da Justiça."
O advogado Pedro Lindolfo
Sarlo, ouvido pela Folha logo
após sua prisão, negou que o dinheiro fosse seu. Chegou a negar à
reportagem que fosse advogado,
mas minutos depois confirmou a
profissão à PF. Depois, pediu aos
federais que os jornalistas fossem
retirados da sala em que estava
detido. Ao dar um telefonema para um familiar, após a prisão, Sarlo disse que não sabia o motivo
pelo qual estava preso no escritório do deputado.
Ao ser retirado do escritório,
Sarlo pediu autorização aos policiais federais para carregar um
jornal, com o qual cobriu seu rosto até chegar ao carro da polícia.
Durante o trajeto, ele não deu declarações sobre as acusações da
polícia e da CPI.
(CG e RV)
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