São Paulo, quarta-feira, 02 de junho de 2004

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OUTRO LADO

Acusado diz que prisão é "brincadeira"

DA REPORTAGEM LOCAL

O empresário Law Kin Chong disse, ao ser apresentado à imprensa pela Polícia Federal de São Paulo, que sua prisão era uma "brincadeira de mau gosto". Essa foi a única frase de Chong.
Seu advogado, Elcio Scapaticio, disse ontem à noite, também na sede da Polícia Federal paulista, que "o [deputado federal Luiz Antonio de] Medeiros vai ter de provar" que seu cliente tentou corrompê-lo.
Scapaticio afirmou que hoje entrará com um pedido de habeas corpus na Justiça Federal. "O relatório final [da CPI da Pirataria] sairá na quinta [amanhã] e, como não teve elementos para prender [o empresário chinês], ele fez este circo", afirmou o advogado, referindo-se à prisão de Chong.
Para Scapaticio, a detenção de seu cliente foi "um flagrante preparado". Ele negou que o empresário tenha tentado corromper o presidente da CPI. "Isso só aconteceu na fértil imaginação do deputado", afirmou.
O advogado também disse desconhecer o encontro entre Medeiros e Law Kin Chong, ocorrido na semana passada, em um hotel em Araraquara, interior de São Paulo. "Não estou sabendo." De acordo com Medeiros, nesta reunião o empresário teria lhe oferecido US$ 2 milhões, mas baixou a oferta, depois, para US$ 1,5 milhão.
"Não acredito neste encontro", disse Scapaticio. "Ele [Chong] não iria se reunir com o deputado sem que eu fosse avisado", afirmou o advogado. "A não ser que fosse convidado pessoalmente por Medeiros."

Fuga
Scapaticio também negou que seu cliente iria fugir, como chegou a afirmar o presidente da CPI. Segundo Medeiros, no momento em que foi detido pela Polícia Federal, Chong estaria se preparando para ir ao Campo de Marte, aeroporto localizado na zona norte de São Paulo, para tomar um avião e fugir para o Paraguai.
"No Campo de Marte não decola avião para o Paraguai", contestou o advogado. "Isso tudo é um horário eleitoral gratuito para o deputado aparecer como paladino da Justiça."
O advogado Pedro Lindolfo Sarlo, ouvido pela Folha logo após sua prisão, negou que o dinheiro fosse seu. Chegou a negar à reportagem que fosse advogado, mas minutos depois confirmou a profissão à PF. Depois, pediu aos federais que os jornalistas fossem retirados da sala em que estava detido. Ao dar um telefonema para um familiar, após a prisão, Sarlo disse que não sabia o motivo pelo qual estava preso no escritório do deputado.
Ao ser retirado do escritório, Sarlo pediu autorização aos policiais federais para carregar um jornal, com o qual cobriu seu rosto até chegar ao carro da polícia. Durante o trajeto, ele não deu declarações sobre as acusações da polícia e da CPI. (CG e RV)


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