São Paulo, quinta-feira, 02 de junho de 2005

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Palocci teme paralisia das votações

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro Antonio Palocci (Fazenda) fez um apelo para que o Congresso não sacrifique a agenda legislativa da economia em razão da CPI dos Correios e negou que venha atuando na articulação política entre governo e Congresso por meio da liberação de emendas parlamentares.
Embora falasse em uma entrevista dedicada aos números recém-divulgados do PIB (Produto Interno Bruto), Palocci dedicou boa parte de suas declarações à crise política vivida pelo governo.
Sua preocupação foi demonstrar ter boa relação com a oposição, mas foi ambíguo ao falar de seu papel na atuação política.
"Não sou responsável pela área política do governo. Essa área continua sendo coordenada pelos ministros Aldo Rebelo [Coordenação Política] e José Dirceu [Casa Civil]. Eu tenho sido um colaborador com os ministros em tempo integral", disse o ministro.
O ministro da Casa Civil, José Dirceu, ao ser questionado se Palocci está mais envolvido com a com coordenação política, disse que "isso não é fato".
Já Aldo afirmou ontem que vem sendo ajudado por Palocci na tarefa de derrubar a CPI dos Correios, e confessou um "certo alívio" com o auxílio.
Quanto a liberação de verbas, Palocci disse que seguirá seu ritmo normal, independentemente das negociações com o Congresso para a liberação de recursos das emendas que deputados e senadores fazem ao Orçamento.
"As emendas fazem parte da execução orçamentária, mas neste ano não há comportamento em nada diferente dos outros anos nem há nenhum pedido para que a Fazenda proceda de forma diferente com relação a emendas parlamentares", declarou.

Paralisia
Ao discorrer sobre os efeitos da CPI na economia, Palocci repetiu o discurso obrigatório de que não haverá instabilidade no mercado em razão das investigações.
Ruim para o país, argumentou o ministro da Fazenda, seria a paralisia da pauta de votações.
Palocci omitiu, porém, que a agenda legislativa já estava emperrada antes das acusações de corrupção nos Correios. Na prática, o governo nem mesmo tinha uma pauta de projetos prioritários definida para este ano.
Ao tentar apresentar uma ontem, Palocci não conseguiu citar mais de três propostas: a reforma tributária, estacionada na Câmara desde o final de 2003, um projeto complementar à nova Lei de Falências, sancionada neste ano, e outro que muda a tributação de pequenas empresas.
"Um conflito político não pode prejudicar a pauta de votações, e acredito que essa não seja a intenção da oposição", disse.


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