São Paulo, quinta-feira, 02 de junho de 2005

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QUESTÃO AGRÁRIA

Comissão vê disputa entre os parlamentares pró-MST e os da bancada ruralista; textos serão submetidos ao voto

Dividida, CPI da Terra deve ter dois relatórios

ANA FLOR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A divisão entre parlamentares simpáticos ao MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) e a bancada ruralista no Congresso deve fazer com que a CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Terra chegue ao final com dois relatórios -em vez de um texto único do relator.
A previsão é do presidente da comissão, senador Álvaro Dias (PSDB-PR). Ontem, o senador afirmou como quase certa a formulação de um relatório alternativo, que disputaria no voto com a exposição do relator, o deputado João Alfredo (PT-CE).
Segundo o relator, a CPI é mesmo "tensa", com "cortes de classes" e disputas entre "parlamentares vinculados a ruralistas e ao movimento sem-terra para desviar o foco das discussões".
A primeira batalha na sessão de ontem foi por ouvir os depoimentos em reunião aberta ou fechada. O grupo do PT defendia uma sessão secreta. O presidente da CPI manteve a sessão pública.
O secretário-geral da Anca (Associação Nacional de Cooperação Agrícola), Pedro Christofoli, foi o primeiro a ser ouvido. A CPI identificou a transferência de R$ 400 mil da associação para um plano de previdência privada de dois funcionários da entidade.
Christofoli disse que não era responsável pela entidade na época, mas "ficou sabendo" que a transferência havia sido aconselhada pelo banco como forma de investimento. Orientado por advogados, o secretário-geral da Anca não respondeu a perguntas de parlamentares ruralistas.
A mesma estratégia foi utilizada pelo presidente da Concrab (Confederação das Cooperativas de Reforma Agrária do Brasil), Francisco Dal Chiavon. A CPI identificou, entre 1998 e 2003, a movimentação de R$ 3,5 milhões por meio de cheques da Concrab por três pessoas, supostos "laranjas".
O clima tenso quase resultou em briga durante a sessão. Um desentendimento entre os deputados Adão Preto (PT-RS) e Alberto Fraga (sem partido-DF) fez com que Fraga e o deputado Zé Geraldo (PT-PA) trocassem insultos e tivessem de ser separados.


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