São Paulo, sexta-feira, 02 de junho de 2006

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ELEIÇÕES 2006 / PRESIDÊNCIA

Lula desafia oposição a pôr na TV "torturas" das CPIs

Presidente disse que crise não o abalou, mas admitiu ter chorado algumas vezes

Lula disse não temer uso de acusações contra o governo na campanha eleitoral e que não responderá "grosserias" feitas por Alckmin na TV


LUIZ FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MANAUS

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva desafiou ontem a oposição a utilizar na TV, na campanha eleitoral, todas as denúncias de corrupção contra seu governo e integrantes do PT, alvos de investigação nas CPIs do Congresso.
"Quero que eles coloquem CPI na televisão todo dia, toda hora. Quero que eles coloquem as torturas que fizeram com muita gente lá. Quero que o povo veja. Está chegando o momento de o povo fazer aferição do que aconteceu no Brasil", disse, na manhã de ontem, em Manaus, sem citar o mensalão.
A lista dos "torturados" aparentemente inclui os ex-dirigentes petistas José Genoino, Delúbio Soares e Silvio Pereira, denunciados pelo procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, sob a acusação de liderar uma "organização criminosa". Entre os 40 denunciados encontram-se ainda os ex-ministros José Dirceu e Luiz Gushiken.
Ontem, Lula afirmou que em nenhum momento se abalou com a crise, mas admitiu ter chorado algumas vezes: "Em nenhum momento vocês me viram abalado. Mas sou um chorão de nascença. Chorei no TSE quando fui diplomado, chorei na avenida Paulista, chorei na campanha, chorei até em novela".
Depois, seguiu para Coari (363 km de Manaus), onde participou de cerimônia da primeira solda do gasoduto Urucu-Coari-Manaus, da Petrobras. Ele se recusou a responder às críticas de Geraldo Alckmin no programa de TV do PSDB, quando o tucano disse que não iria governar com corrupção no gabinete ao lado.
"Não posso responder. Nem fica elegante ele [Alckmin] ser grosseiro. Ele não tem jeito para ser grosseiro, não combina com ele. Agora, se as pessoas quiserem ser grosseiras, que sejam, eu vou continuar do jeito que sou", disse. Indagado se reagiria de forma diferente na campanha, o presidente negou. "Não vou [responder] nem durante a campanha. Durante a campanha eu quero que eles falem o que bem entenderem." Já Alckmin voltou a criticar o presidente.

Comparação
Lula acrescentou: "A hora em que decidir ser candidato, nós vamos colocar o que fizemos neste país e vamos comparar com eles. Eles ficaram oito anos no governo, vamos colocar quatro contra oito. Vamos medir a educação, a saúde, o transporte, a estrada, a ferrovia, as linhas de transmissões, a energia. Vamos deixar o povo livremente julgar", disse.
Mais tarde, ao discursar em Manaus, afirmou: "Perdi três eleições para chegar à Presidência. Não reclamei em nenhuma delas. Fazia parte do jogo democrático. A única coisa que peço é que meus adversários sejam tão democráticos quanto eu e aprendam a perder, aprendam a ser derrotados".
Lula confirmou que sua prioridade política é acertar uma aliança formal com o PMDB, mas negou que já tenha oferecido o lugar de vice na reunião que teve com o ex-governador Orestes Quércia (PMDB-SP).
"Não entramos em detalhes porque não é acordo entre trabalhador e empregador. Você não pode dizer o que quer toda hora porque, cada vez que você abrir a boca, aquilo passa a ser um patamar. É preciso ter cuidado para saber o momento de dizer o tamanho do acordo." Para Lula, as divergências entre os partidos serão superadas.
O presidente não descartou a possibilidade de manter José Alencar (PRB) como o seu vice.


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