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ELEIÇÕES 2006 / PRESIDÊNCIA
Lula desafia oposição a pôr na TV "torturas" das CPIs
Presidente disse que crise não o abalou, mas admitiu ter chorado algumas vezes
Lula disse não temer uso de
acusações contra o governo
na campanha eleitoral e que
não responderá "grosserias"
feitas por Alckmin na TV
LUIZ FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MANAUS
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva desafiou ontem a
oposição a utilizar na TV, na
campanha eleitoral, todas as
denúncias de corrupção contra
seu governo e integrantes do
PT, alvos de investigação nas
CPIs do Congresso.
"Quero que eles coloquem
CPI na televisão todo dia, toda
hora. Quero que eles coloquem
as torturas que fizeram com
muita gente lá. Quero que o povo veja. Está chegando o momento de o povo fazer aferição
do que aconteceu no Brasil",
disse, na manhã de ontem, em
Manaus, sem citar o mensalão.
A lista dos "torturados" aparentemente inclui os ex-dirigentes petistas José Genoino,
Delúbio Soares e Silvio Pereira,
denunciados pelo procurador-geral da República, Antonio
Fernando de Souza, sob a acusação de liderar uma "organização criminosa". Entre os 40 denunciados encontram-se ainda
os ex-ministros José Dirceu e
Luiz Gushiken.
Ontem, Lula afirmou que em
nenhum momento se abalou
com a crise, mas admitiu ter
chorado algumas vezes: "Em
nenhum momento vocês me
viram abalado. Mas sou um
chorão de nascença. Chorei no
TSE quando fui diplomado,
chorei na avenida Paulista,
chorei na campanha, chorei até
em novela".
Depois, seguiu para Coari
(363 km de Manaus), onde participou de cerimônia da primeira solda do gasoduto Urucu-Coari-Manaus, da Petrobras. Ele se
recusou a responder às críticas
de Geraldo Alckmin no programa de TV do PSDB, quando o
tucano disse que não iria governar com corrupção no gabinete
ao lado.
"Não posso responder. Nem
fica elegante ele [Alckmin] ser
grosseiro. Ele não tem jeito para ser grosseiro, não combina
com ele. Agora, se as pessoas
quiserem ser grosseiras, que
sejam, eu vou continuar do jeito que sou", disse. Indagado se
reagiria de forma diferente na
campanha, o presidente negou.
"Não vou [responder] nem durante a campanha. Durante a
campanha eu quero que eles falem o que bem entenderem." Já
Alckmin voltou a criticar o presidente.
Comparação
Lula acrescentou: "A hora em
que decidir ser candidato, nós
vamos colocar o que fizemos
neste país e vamos comparar
com eles. Eles ficaram oito
anos no governo, vamos colocar quatro contra oito. Vamos
medir a educação, a saúde, o
transporte, a estrada, a ferrovia, as linhas de transmissões, a
energia. Vamos deixar o povo
livremente julgar", disse.
Mais tarde, ao discursar em
Manaus, afirmou: "Perdi três
eleições para chegar à Presidência. Não reclamei em nenhuma delas. Fazia parte do jogo democrático. A única coisa
que peço é que meus adversários sejam tão democráticos
quanto eu e aprendam a perder,
aprendam a ser derrotados".
Lula confirmou que sua prioridade política é acertar uma
aliança formal com o PMDB,
mas negou que já tenha oferecido o lugar de vice na reunião
que teve com o ex-governador
Orestes Quércia (PMDB-SP).
"Não entramos em detalhes
porque não é acordo entre trabalhador e empregador. Você
não pode dizer o que quer toda
hora porque, cada vez que você
abrir a boca, aquilo passa a ser
um patamar. É preciso ter cuidado para saber o momento de
dizer o tamanho do acordo."
Para Lula, as divergências entre
os partidos serão superadas.
O presidente não descartou a
possibilidade de manter José
Alencar (PRB) como o seu vice.
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