|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
TCU aprova contas de Lula, mas vê
redução de gastos em segurança
Relatório com 30 ressalvas diz que governo investiu R$ 34 mi a menos com analfabetos
MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Com críticas ao aumento da
carga de impostos sem contrapartida nos serviços públicos, à
redução de gastos em segurança pública e ao não cumprimento do limite mínimo de investimento no combate ao
analfabetismo, o TCU (Tribunal de Contas da União) aprovou ontem por unanimidade as
contas de 2005 do governo.
A primeira das 30 ressalvas
feitas pelo relator das contas da
gestão petista, ministro Valmir
Campelo, nota que o governo
deixou de cumprir o percentual
mínimo de gastos com a erradicação do analfabetismo e o ensino fundamental.
No ano passado, foram aplicados nessa área R$ 3,1 bilhões
dos impostos. Ficaram faltando
R$ 34,4 milhões, calcula o TCU.
Entre as recomendações, o
relator sugere mudanças num
dos principais instrumentos de
que o governo dispõe -desde o
início do Plano Real- para
equilibrar as contas públicas.
A revisão da DRU (que libera
20% dos tributos de aplicações
impostas pela Constituição)
"propiciaria melhorias substanciais na qualidade dos serviços de saúde, assim como maiores benefícios previdenciários e
assistenciais para a população".
O texto destaca que o governo lançou mão de despesas do
Bolsa-Família para atingir o
percentual mínimo de impostos que a Constituição manda
gastar na área de saúde. O Ministério da Saúde pagou parcela
de R$ 2 bilhões do programa de
transferência de renda.
Questionável
O "desvio", revelado pela Folha em março de 2005, é considerado "questionável", mas
não consta da lista de ressalvas.
O relatório também critica o
desempenho do governo em segurança pública. Diz que a fatia
dos impostos aplicada na área
em 2005 (0,27% do total) foi
menor que em 2004. Por isso,
ficou no papel parte dos programas de policiamento, defesa
civil, informação e inteligência.
O relatório do TCU segue
agora para o Congresso, a quem
cabe aprovar ou rejeitar formalmente as contas. Ainda estão pendentes de votação os relatórios referentes ao último
ano de mandato do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e aos dois primeiros anos
do governo Lula.
A aprovação das contas não
vale por um atestado de probidade do governo. No futuro, o
TCU poderá detectar desvios
referentes a 2005 e condenar
gestores, insiste Campelo.
Ao longo do relatório aprovado ontem, o ministro-relator
reclama da dificuldade de analisar as contas. Classifica de
"preocupante" o fato de ONGs,
municípios e Estados continuarem recebendo verbas federais sem prestar contas.
De um total de R$ 9,7 bilhões
de convênios vencidos em
2004, R$ 5,9 bilhões (61%) ainda não haviam sido objeto de
prestação de contas. "Os demonstrativos contábeis da
União não têm sido suficientemente claros e transparentes",
diz o relatório, que também
chama a atenção para um volume de contas pendentes de pagamento, que ultrapassam
R$ 57 bilhões.
Texto Anterior: Frases Próximo Texto: Governo diz que gastos cresceram Índice
|