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Grupo de índios deixa isolamento e chega a aldeia caiapó em MT
Segundo a Funai, eles saíram do sul do Pará e andaram por 5 dias para fugir de ataques de garimpeiros ou madeireiros
Parte de grupo que há 50 anos optou por não manter contato com brancos, eles usam arco e flecha e disco de madeira preso no lábio
EDUARDO SCOLESE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Um grupo de índios metyktire, que optou pelo isolamento
no sul do Pará há 50 anos, percorreu por cinco dias cerca de
100 km na floresta amazônica e
atravessou a divisa com Mato
Grosso para fugir de ataques de
garimpeiros ou madeireiros,
segundo informou a Funai
(Fundação Nacional do Índio).
Hoje 87 metyktire (caiapós)
estão refugiados na aldeia Kapot, ocupada por índios da mesma etnia, mas que, nos anos 50,
aceitaram manter contato com
brancos e têm como líder Megaron Txucarramãe, também
administrador da Funai em Colíder (MT). A Funai não tem informações de índios feridos ou
mortos na área que ocupavam
no sul do Pará e se ainda restam
membros da etnia no local.
No meio indígena, eles eram
considerados desaparecidos,
por morte em supostos conflitos ou vítimas de epidemia.
"É como se uma família de judeus que sobreviveu ao Holocausto 30 ou 40 anos depois
descobrisse que boa parte de
seus parentes sobreviveu", disse o presidente da Funai, Márcio Meira. "Há um sentimento
de comoção em toda a área
caiapó. Uma gravação de cantos [dos isolados] foi espalhada
via rádio para todas as aldeias."
A aldeia Kapot, onde buscaram refúgio, fica próxima ao local da queda do Boeing da Gol,
em outubro do ano passado.
Por precaução, a Funai determinou que o contato com os
87 metyktire fique restrito aos
indígenas, para evitar que sejam expostos a vírus. Os cerca
de 500 índios da aldeia Kapot
serão vacinados.
Os contatos da Funai com o
local ocorrem apenas via rádio
do líder Megaron. Segundo a
autarquia, os 87 índios isolados
estão num acampamento afastado 2 km da aldeia. A pista de
pouso da aldeia está interditada
pela Funai, e uma equipe da
Funasa (Fundação Nacional de
Saúde) está de prontidão.
"[Essa migração de etnias] é
uma situação absolutamente
inusitada", disse Elias Bigio, da
coordenação de índios isolados
da Funai. Segundo ele, há referência sobre 68 grupos isolados
no país -a maioria por opção.
Segundo a Funai, no anos 50,
após expedições do governo terem localizado os metyktire no
norte de Mato Grosso, parte
deles (familiares desses 87)
preferiu o isolamento e rumou
para o sul do Pará.
O primeiro contato com índios da aldeia Kapot ocorreu na
quinta da semana passada. Parentes distantes do cacique
Raoni, os índios isolados usam
botoque (disco de madeira preso no lábio), arco e flecha e pintam os rostos de vermelho e
preto. Entre o sul do Pará e o
norte de Mato Grosso vivem
cerca de 7.000 caiapós.
Ouça trechos de cantos dos metyktire
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