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Rebelião de aliados pode adiar votação da nova CPMF
Bancada da saúde lidera resistência à proposta e pede que governo não inclua novo tributo no texto que regulamenta emenda 29
LETÍCIA SANDER
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
GABRIELA GUERREIRO
DA FOLHA ONLINE, EM BRASÍLIA
Uma rebelião na base aliada
do governo, conduzida pela
bancada da saúde, pode adiar
novamente na Câmara a votação da nova versão da CPMF,
batizada de CSS (Contribuição
Social para a Saúde). A Frente
Parlamentar da Saúde diz ter
243 deputados e calcula que pelo menos 160 deles integram a
base governista e ameaçam não
apoiar a proposta.
As maiores resistências foram identificadas entre deputados de PR, PMDB, PTB e PV,
que prometem votar contra a
nova CPMF se o governo incluir a contribuição no texto
que regulamenta a emenda 29
(que amplia em pouco mais de
R$ 20 bilhões a verba a ser destinada obrigatoriamente à área
da saúde). A alíquota da CSS deverá ser de 0,1% -a da CPMF
era de 0,38%.
Orientados pelo Planalto,
que vetaria a proposta caso não
fosse identificada uma fonte
adicional de receita, os líderes
governistas acabaram por desidratar o texto original, defendido pela bancada da saúde.
"Não vamos aceitar essa imposição do governo. Acho que
poderemos ter novos adiamentos [na votação]. Ninguém quer
votar aumento de imposto",
disse o deputado Rafael Guerra
(PSDB-MG), presidente da
frente da saúde.
Deputados governistas também temem desgastes na defesa da criação de um tributo em
ano eleitoral. Apesar da pressão
do governo para aprová-la, os
aliados reclamam que o apoio à
CSS vai trazer prejuízos imediatos às campanhas eleitorais
no segundo semestre.
Enquanto parte dos aliados
segue na defesa da votação da
proposta na quarta, outros já
falam num recuo temporário.
Para ser aprovada, a proposta
de lei complementar deve obter a maioria dos votos na Câmara (257) e no Senado (41),
sendo um turno em cada Casa.
A oposição comemora o impasse na base aliada e sustenta
que vai conseguir impedir a
criação da CSS. "É contraditório o mesmo governo que defende a reforma tributária querer criar um novo imposto. É
um jogo de cena. A pressão da
bancada da saúde ajuda a derrubar essa contribuição", afirmou o líder do PSDB na Câmara, deputado José Aníbal (SP).
O líder do PT na Câmara,
Maurício Rands (PE), diz que a
base está disposta a enfrentar
as resistências internas para
votar a criação da CSS nesta semana. Mas, diante das esperadas defecções entre os governistas, admite que não há "sangria desatada" para discutir o
tema. "Vamos ver como o pessoal vem esta semana para discutir a emenda 29. Acho mais
conveniente que votássemos
logo. Penso que temos maioria,
mesmo com defecções."
O texto que cria a nova
CPMF era para ter sido apreciado na semana passada, mas a
votação foi adiada. Embora
queira a arrecadação do novo
tributo, o Planalto segue com o
discurso de que o tema tem de
ser resolvido no Congresso.
Se a CSS não for aprovada,
restam ao governo duas alternativas: trabalhar pela derrubada do texto da emenda 29 na
Câmara ou deixar para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva
vetar a proposta -ambas custosas em ano de eleição.
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