São Paulo, terça-feira, 02 de julho de 2002

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RUMO ÀS ELEIÇÕES

Candidatos do PSDB e do PPS levam vantagem nas coligações acertadas nos Estados de maior peso eleitoral

Serra e Ciro armam palanques mais fortes

RANIER BRAGON
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SÃO LUÍS

Os candidatos à Presidência José Serra (PSDB-PMDB) e Ciro Gomes (PPS-PTB-PDT) estão levando vantagem na montagem de palanques fortes nos Estados de maior peso eleitoral.
Levantamento feito pela Agência Folha mostra que nos 12 Estados que abrigam, ao todo, 82,9% dos votos do país, Serra tem 13 palanques de sustentação que, atualmente, possuem um maior fôlego eleitoral e Ciro, 11.
Nesses 12 Estados, Luiz Inácio Lula da Silva (PT-PL-PC do B) conta com 7 palanques e o ex-governador do Rio de Janeiro Anthony Garotinho (PSB-PTC-PSC), com 5.
Apesar da vantagem, há equilíbrio nos seis primeiros Estados (SP, MG, RJ, BA, RS E PR), que abrigam 61,8% do eleitorado, onde Lula e Serra têm cinco palanques de peso cada um, seguidos por Ciro, com quatro, e Garotinho, com dois.
A Agência Folha classificou como palanques fortes aqueles que abrigam candidatos aos governos estaduais favoritos, hoje, para passar ao segundo turno, bem como aqueles com chapas que, embora teoricamente atrás na corrida eleitoral, possuem costuras políticas e sustentação que lhe dão, atualmente, potencial de crescimento.
Palanque forte vai significar, entre outras coisas, um suporte regional ao presidenciável que busca, ao agregar apoios, a transferência de votos de governadores e políticos de influência local.

Verticalização
Outro constatação é que não há um só Estado que cumpra na ponta da risca a chamada verticalização das coligações -norma determinada neste ano pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) que proíbe partidos adversários na eleição presidencial de se coligar nos Estados.
Longe disso, o que prolifera são coligações brancas (não-formais), candidatos "laranjas", que tem a única missão de garantir tempo de TV, cujo foco não é a vitória nas eleições, e resistência regional para seguir a orientação nacional, o que vem motivando ameaças de intervenção em diretórios.
Um dos casos mais curiosos é o do Espírito Santo, onde o candidato de Garotinho, o senador Paulo Hartung (PSB), recebe apoio informal do PSDB e PMDB de Serra e do PPS de Ciro.
Em Goiás, outro exemplo: o PL esteve sempre com o PSDB, mas ficou impedido de compor a chapa do governador Marconi Perillo devido à verticalização. "Vai ficar uma situação complicada, vamos dar apoio branco [ao Perillo". Veja meu caso, sempre fui governo, fui para o PL para resolver uma questão regional, de levar o apoio do partido ao governo. Agora estou na iminência de ter que apoiar o Lula. Não sei como vou fazer", diz o deputado federal Juquinha (PL).
Em relação aos "laranjas", Garotinho é, assumidamente, o principal usuário. "Não temos tempo de TV [relevante", temos tempo pequenininho, menos de 2 minutos. Vamos compensar usando as candidaturas que chamam de laranjas, mas que eu chamo de candidaturas partidárias", diz o coordenador da campanha, Márcio Jardim (veja texto nesta página).

Coligações
Confusões a parte, o levantamento da Agência Folha mostra também que Serra e Ciro conseguem melhor estrutura nos 12 Estados de maior peso eleitoral -embora haja equilíbrio entre eles e Lula nos seis maiores- porque foram beneficiados com palanques dos partidos coligados.
Nesse item, Ciro tem larga vantagem. Em todo o país, para cada palanque estadual do PPS, seu partido, há praticamente outros dois conduzidos por partidos da coligação, o PTB ou o PDT.
Dos 26 palanques da Frente Trabalhista que lhe dão sustentação, 8 são do PPS e 18, do PDT ou do PTB. Ciro tem ainda dois palanques -Bahia e Sergipe- de candidatos do PFL que se aliaram formalmente, no plano estadual, a partidos da Frente Trabalhista.
Essa situação deu a Ciro, por exemplo, três palanques no Ceará, seu Estado de origem e o oitavo mais importante eleitoralmente -o de Pedro Albuquerque (PDT), o de Cláudia Brilhante (PTB) e o do tucano Lúcio Alcântara, que ele divide com Serra. "É preciso que todo mundo entenda que o Ciro é cearense, é um talento político, é uma expressão muito forte. Nós somos parceiros aqui, não vamos nos hostilizar", disse Alcântara.
Já Lula é sustentado exclusivamente pelo PT, que lançou candidato ao governo em 23 Estados. O PL, partido coligado, não encabeça chapa ao governo apoiada pelo PT e, em alguns Estados, foi recusado nas convenções petistas. Devido a essa dificuldade, a Executiva Nacional do PT ameaça até intervir em diretórios.
Ciro também é o que usa mais "palanques emprestados", os que pertencem teoricamente a outro presidenciável, mas que, devido a alianças locais, abrem espaço para um adversário no plano nacional. São sete: Ceará (PSDB), Minas Gerais (PSDB), Pernambuco (PMDB), Sergipe (PFL), Espírito Santo (PSB), Mato Grosso do Sul (PT) e Rondônia (PPB).
Serra vai utilizar quatro "palanques emprestados" e Lula, três, incluindo o do PMDB paulista, que indicou o escritor e jornalista Fernando Morais ao governo.



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