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RUMO ÀS ELEIÇÕES
Candidatos do PSDB e do PPS levam vantagem nas coligações acertadas nos Estados de maior peso eleitoral
Serra e Ciro armam palanques mais fortes
RANIER BRAGON
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SÃO LUÍS
Os candidatos à Presidência José Serra (PSDB-PMDB) e Ciro
Gomes (PPS-PTB-PDT) estão levando vantagem na montagem
de palanques fortes nos Estados
de maior peso eleitoral.
Levantamento feito pela Agência Folha mostra que nos 12 Estados que abrigam, ao todo, 82,9%
dos votos do país, Serra tem 13 palanques de sustentação que, atualmente, possuem um maior fôlego
eleitoral e Ciro, 11.
Nesses 12 Estados, Luiz Inácio
Lula da Silva (PT-PL-PC do B)
conta com 7 palanques e o ex-governador do Rio de Janeiro Anthony Garotinho (PSB-PTC-PSC), com 5.
Apesar da vantagem, há equilíbrio nos seis primeiros Estados
(SP, MG, RJ, BA, RS E PR), que
abrigam 61,8% do eleitorado, onde Lula e Serra têm cinco palanques de peso cada um, seguidos
por Ciro, com quatro, e Garotinho, com dois.
A Agência Folha classificou como palanques fortes aqueles que
abrigam candidatos aos governos
estaduais favoritos, hoje, para
passar ao segundo turno, bem como aqueles com chapas que, embora teoricamente atrás na corrida eleitoral, possuem costuras políticas e sustentação que lhe dão,
atualmente, potencial de crescimento.
Palanque forte vai significar, entre outras coisas, um suporte regional ao presidenciável que busca, ao agregar apoios, a transferência de votos de governadores e
políticos de influência local.
Verticalização
Outro constatação é que não há
um só Estado que cumpra na
ponta da risca a chamada verticalização das coligações -norma
determinada neste ano pelo TSE
(Tribunal Superior Eleitoral) que
proíbe partidos adversários na
eleição presidencial de se coligar
nos Estados.
Longe disso, o que prolifera são
coligações brancas (não-formais),
candidatos "laranjas", que tem a
única missão de garantir tempo
de TV, cujo foco não é a vitória
nas eleições, e resistência regional
para seguir a orientação nacional,
o que vem motivando ameaças de
intervenção em diretórios.
Um dos casos mais curiosos é o
do Espírito Santo, onde o candidato de Garotinho, o senador
Paulo Hartung (PSB), recebe
apoio informal do PSDB e PMDB
de Serra e do PPS de Ciro.
Em Goiás, outro exemplo: o PL
esteve sempre com o PSDB, mas
ficou impedido de compor a chapa do governador Marconi Perillo
devido à verticalização. "Vai ficar
uma situação complicada, vamos
dar apoio branco [ao Perillo". Veja meu caso, sempre fui governo,
fui para o PL para resolver uma
questão regional, de levar o apoio
do partido ao governo. Agora estou na iminência de ter que apoiar
o Lula. Não sei como vou fazer",
diz o deputado federal Juquinha
(PL).
Em relação aos "laranjas", Garotinho é, assumidamente, o
principal usuário. "Não temos
tempo de TV [relevante", temos
tempo pequenininho, menos de 2
minutos. Vamos compensar
usando as candidaturas que chamam de laranjas, mas que eu chamo de candidaturas partidárias",
diz o coordenador da campanha,
Márcio Jardim (veja texto nesta
página).
Coligações
Confusões a parte, o levantamento da Agência Folha mostra
também que Serra e Ciro conseguem melhor estrutura nos 12 Estados de maior peso eleitoral
-embora haja equilíbrio entre
eles e Lula nos seis maiores-
porque foram beneficiados com
palanques dos partidos coligados.
Nesse item, Ciro tem larga vantagem. Em todo o país, para cada
palanque estadual do PPS, seu
partido, há praticamente outros
dois conduzidos por partidos da
coligação, o PTB ou o PDT.
Dos 26 palanques da Frente
Trabalhista que lhe dão sustentação, 8 são do PPS e 18, do PDT ou
do PTB. Ciro tem ainda dois palanques -Bahia e Sergipe- de
candidatos do PFL que se aliaram
formalmente, no plano estadual, a
partidos da Frente Trabalhista.
Essa situação deu a Ciro, por
exemplo, três palanques no Ceará, seu Estado de origem e o oitavo mais importante eleitoralmente -o de Pedro Albuquerque
(PDT), o de Cláudia Brilhante
(PTB) e o do tucano Lúcio Alcântara, que ele divide com Serra. "É
preciso que todo mundo entenda
que o Ciro é cearense, é um talento político, é uma expressão muito forte. Nós somos parceiros
aqui, não vamos nos hostilizar",
disse Alcântara.
Já Lula é sustentado exclusivamente pelo PT, que lançou candidato ao governo em 23 Estados. O
PL, partido coligado, não encabeça chapa ao governo apoiada pelo
PT e, em alguns Estados, foi recusado nas convenções petistas. Devido a essa dificuldade, a Executiva Nacional do PT ameaça até intervir em diretórios.
Ciro também é o que usa mais
"palanques emprestados", os que
pertencem teoricamente a outro
presidenciável, mas que, devido a
alianças locais, abrem espaço para
um adversário no plano nacional.
São sete: Ceará (PSDB), Minas
Gerais (PSDB), Pernambuco
(PMDB), Sergipe (PFL), Espírito
Santo (PSB), Mato Grosso do Sul
(PT) e Rondônia (PPB).
Serra vai utilizar quatro "palanques emprestados" e Lula, três,
incluindo o do PMDB paulista,
que indicou o escritor e jornalista
Fernando Morais ao governo.
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