São Paulo, sábado, 02 de julho de 2005

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ARMISTÍCIO PETISTA

Senador elogia deputado, poupa-o de acusações e tenta desculpar-se de antigas acusações

Em CPI, Suplicy ratifica trégua com petebista

DO ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BRASÍLIA

No meio do fogo cerrado na madrugada de ontem na CPI dos Correios, coube ao senador Eduardo Suplicy (PT-SP) o armistício com Roberto Jefferson (PTB-RJ), transformado agora em alvo da artilharia petista.
Suplicy aproveitou seu tempo de dez minutos para relembrar uma briga que teve com o deputado em 1992, em que Jefferson, ainda considerado um "troglodita", como ele mesmo se definiu, partiu para cima do senador aos berros, xingando-o.
"Eu saberia me defender", disse Suplicy, que fez questão de afirmar que o episódio estava superado e que Jefferson se mostrou depois um deputado com atuação destacada.
Ao contrário de seus companheiros de partido, o senador poupou Jefferson de acusações, cobriu-o de elogios e procurou, de forma indireta, se desculpar por acusações feitas contra o "ex-troglodita". Jefferson, por sua vez, correspondeu às mesuras, elogiando a atuação de Suplicy, que é "amado pelo povo".
O cenário de ontem foi o mesmo de há 13 anos -uma CPI para investigar corrupção no governo, que perpassa pelo tesoureiro de campanha. Na ocasião, corria a CPI de PC Farias, na qual Jefferson atuava na defesa do então presidente Fernando Collor, tentando impedir que as investigações o atingissem.
Na madrugada de ontem, o senador recordou que durante a CPI de PC havia passado uma informação para o jornal "O Globo" na qual afirmava que Jefferson teria recebido US$ 1 milhão do esquema de PC para defender o presidente Collor.
Ao ler a notícia, Jefferson irrompeu na sala da CPI e passou a desqualificar o senador. "Mas não foram palavras de baixo calão", ressaltou Suplicy. "Vossa senhoria não sabe o que eu passei por causa daquela matéria", disse Jefferson ontem. "Acho que reside aí todo o preconceito que se tem contra mim."
Suplicy disse que os dois já haviam se reconciliado, há algum tempo, por meio de um amigo comum, mas fazia questão de testemunhar a atuação parlamentar de Jefferson. Para encerrar sua participação ontem na CPI, passou ao deputado um questionário com 23 perguntas, das quais havia feito quatro.
"Por causa do término do meu tempo, passo às mãos de vossa senhoria os questionamentos para que responda depois, por favor." Jefferson olhou as folhas e sorriu. Os parlamentares ainda presentes na sessão suspiraram de alívio por Suplicy não insistir em fazer todas as perguntas. Era mais de 1h da manhã.
A exemplo do que fizera após depor no Conselho de Ética, Jefferson reuniu amigos na madrugada de ontem, em seu apartamento, para "comemorar" seu desempenho na CPI. Seu depoimento, de mais de nove horas, durou até 1h40. A festa terminou por volta das 5h. (CHICO DE GOIS, FERNANDA KRAKOVICS, SILVIO NAVARRO E RANIER BRAGON)

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