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ARMISTÍCIO PETISTA
Senador elogia deputado, poupa-o de acusações e tenta desculpar-se de antigas acusações
Em CPI, Suplicy ratifica trégua com petebista
DO ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BRASÍLIA
No meio do fogo cerrado na
madrugada de ontem na CPI
dos Correios, coube ao senador
Eduardo Suplicy (PT-SP) o armistício com Roberto Jefferson
(PTB-RJ), transformado agora
em alvo da artilharia petista.
Suplicy aproveitou seu tempo
de dez minutos para relembrar
uma briga que teve com o deputado em 1992, em que Jefferson,
ainda considerado um "troglodita", como ele mesmo se definiu, partiu para cima do senador
aos berros, xingando-o.
"Eu saberia me defender", disse Suplicy, que fez questão de
afirmar que o episódio estava
superado e que Jefferson se mostrou depois um deputado com
atuação destacada.
Ao contrário de seus companheiros de partido, o senador
poupou Jefferson de acusações,
cobriu-o de elogios e procurou,
de forma indireta, se desculpar
por acusações feitas contra o
"ex-troglodita". Jefferson, por
sua vez, correspondeu às mesuras, elogiando a atuação de Suplicy, que é "amado pelo povo".
O cenário de ontem foi o mesmo de há 13 anos -uma CPI para investigar corrupção no governo, que perpassa pelo tesoureiro de campanha. Na ocasião,
corria a CPI de PC Farias, na
qual Jefferson atuava na defesa
do então presidente Fernando
Collor, tentando impedir que as
investigações o atingissem.
Na madrugada de ontem, o senador recordou que durante a
CPI de PC havia passado uma
informação para o jornal "O
Globo" na qual afirmava que Jefferson teria recebido US$ 1 milhão do esquema de PC para defender o presidente Collor.
Ao ler a notícia, Jefferson irrompeu na sala da CPI e passou
a desqualificar o senador. "Mas
não foram palavras de baixo calão", ressaltou Suplicy. "Vossa
senhoria não sabe o que eu passei por causa daquela matéria",
disse Jefferson ontem. "Acho
que reside aí todo o preconceito
que se tem contra mim."
Suplicy disse que os dois já haviam se reconciliado, há algum
tempo, por meio de um amigo
comum, mas fazia questão de
testemunhar a atuação parlamentar de Jefferson. Para encerrar sua participação ontem na
CPI, passou ao deputado um
questionário com 23 perguntas,
das quais havia feito quatro.
"Por causa do término do meu
tempo, passo às mãos de vossa
senhoria os questionamentos
para que responda depois, por
favor." Jefferson olhou as folhas
e sorriu. Os parlamentares ainda
presentes na sessão suspiraram
de alívio por Suplicy não insistir
em fazer todas as perguntas. Era
mais de 1h da manhã.
A exemplo do que fizera após
depor no Conselho de Ética, Jefferson reuniu amigos na madrugada de ontem, em seu apartamento, para "comemorar" seu
desempenho na CPI. Seu depoimento, de mais de nove horas,
durou até 1h40. A festa terminou
por volta das 5h.
(CHICO DE GOIS, FERNANDA KRAKOVICS, SILVIO NAVARRO E RANIER BRAGON)
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