São Paulo, domingo, 02 de julho de 2006

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ELEIÇÕES 2006/PRESIDÊNCIA

PT ignora mensalão e mistura de novo partido e campanha

Função de tesoureiro de Lula, José de Filippi Jr., será buscar verbas; supervisão de gastos fica por conta de Paulo Ferreira

Berzoini diz que decisão é a de não misturar os caixas, mas acúmulo de funções sob Ferreira pode gerar uma nova "supergestão" Delúbio

FÁBIO ZANINI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O PT voltou atrás no compromisso de separar as finanças do partido e o caixa da campanha presidencial, primeiro passo para evitar a repetição de escândalos como o valerioduto.
A divisão ocorreu só pelo lado da receita, com a nomeação de um tesoureiro exclusivo para arrecadar dinheiro para a campanha de Lula, o prefeito de Diadema (SP), José de Filippi Júnior. Mas a supervisão de todas as despesas da campanha de Lula, além da arrecadação e dos gastos correntes para a administração do partido, ficarão concentradas no atual tesoureiro petista, Paulo Ferreira.
Na campanha de Lula, ele será "coordenador de infra-estrutura". Vai supervisionar contratos, cuidar da distribuição de material e dos deslocamentos de pessoal. Terá dois cofres: um do partido, outro da campanha.
O acúmulo de funções contraria meses de discurso petista, pelo qual uma das origens da crise do ano passado foi a concentração das finanças do partido e das contas de campanha nas mãos de Delúbio Soares. O resultado foi desastroso. Delúbio usou o cofre do PT para irrigar caixas de campanhas.
A nova direção petista prometeu cortar a prática pela raiz, fazendo uma divisão total. Em novembro de 2005, o próprio Ferreira dizia: "A separação é a grande lição da crise. O PT foi se comprometendo demais com a campanha de Lula e acabou se enforcando". Dois integrantes da Executiva petista sintetizaram como funcionará na verdade o caixa de Lula: Filippi arrecadará para Ferreira gastar. Farão uma dobradinha.
A lei eleitoral permite que partidos transfiram recursos para seus candidatos, mas o presidente do partido, Ricardo Berzoini, diz que não há mudança na diretriz de demarcar bem os espaços: "A parte financeira e a parte logística, de infra-estrutura, se comunicam, mas são partes separadas. Queremos deixar isso bem claro".
Procurado, Ferreira não quis comentar sua função como coordenador das despesas logísticas da campanha de Lula.


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