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ELEIÇÕES 2006/PRESIDÊNCIA
PT ignora mensalão e mistura de novo partido e campanha
Função de tesoureiro de Lula, José de Filippi Jr., será buscar
verbas; supervisão de gastos fica por conta de Paulo Ferreira
Berzoini diz que decisão é a
de não misturar os caixas,
mas acúmulo de funções
sob Ferreira pode gerar uma
nova "supergestão" Delúbio
FÁBIO ZANINI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O PT voltou atrás no compromisso de separar as finanças do partido e o caixa da campanha presidencial, primeiro
passo para evitar a repetição de
escândalos como o valerioduto.
A divisão ocorreu só pelo lado da receita, com a nomeação
de um tesoureiro exclusivo para arrecadar dinheiro para a
campanha de Lula, o prefeito
de Diadema (SP), José de Filippi Júnior. Mas a supervisão de
todas as despesas da campanha
de Lula, além da arrecadação e
dos gastos correntes para a administração do partido, ficarão
concentradas no atual tesoureiro petista, Paulo Ferreira.
Na campanha de Lula, ele será "coordenador de infra-estrutura". Vai supervisionar contratos, cuidar da distribuição de
material e dos deslocamentos
de pessoal. Terá dois cofres: um
do partido, outro da campanha.
O acúmulo de funções contraria meses de discurso petista, pelo qual uma das origens da
crise do ano passado foi a concentração das finanças do partido e das contas de campanha
nas mãos de Delúbio Soares. O
resultado foi desastroso. Delúbio usou o cofre do PT para irrigar caixas de campanhas.
A nova direção petista prometeu cortar a prática pela raiz,
fazendo uma divisão total. Em
novembro de 2005, o próprio
Ferreira dizia: "A separação é a
grande lição da crise. O PT foi
se comprometendo demais
com a campanha de Lula e acabou se enforcando". Dois integrantes da Executiva petista
sintetizaram como funcionará
na verdade o caixa de Lula: Filippi arrecadará para Ferreira
gastar. Farão uma dobradinha.
A lei eleitoral permite que
partidos transfiram recursos
para seus candidatos, mas o
presidente do partido, Ricardo
Berzoini, diz que não há mudança na diretriz de demarcar
bem os espaços: "A parte financeira e a parte logística, de infra-estrutura, se comunicam,
mas são partes separadas. Queremos deixar isso bem claro".
Procurado, Ferreira não quis
comentar sua função como
coordenador das despesas logísticas da campanha de Lula.
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