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ELEIÇÕES 2006/CONGRESSO
Parlamentares usam CPI como trampolim
Entre os protagonistas das comissões de investigação, cinco decidiram lançar candidaturas nas disputas majoritárias
Mesmo tendo ficado mais conhecidos após exposição, integrantes das CPIs não despontam como favoritos para vencer em outubro
ADRIANO CEOLIN
RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Os holofotes das CPIs que investigaram o governo Lula ajudaram a dar visibilidade a deputados e senadores, mas não
deram respaldo para vôos mais
altos, como a disputa de governos dos Estados. Apenas cinco
dos parlamentares que participaram de comissões de investigação conseguiram se lançar na
disputa majoritária. E só o senador Garibaldi Alves (PMDB-RN)-candidato ao governo do
Rio Grande do Norte e ex-relator da CPI dos Bingos-aparece
com chances de vitória.
A lista de ex-integrantes de
CPI que tentam disputar um
governo estadual como azarões
começa com o senador Delcídio
Amaral (PT-MS). Ex-presidente da CPI dos Correios, ele confirmou sua candidatura ao governo do Mato Grosso do Sul na
sexta. Delcídio ganhou projeção nacional na CPI, mas admite sua performance não será
determinante na eleição.
"Consegui visibilidade e passei a ser mais conhecido no
meu Estado, mas não quer dizer que isso ajuda a ganhar
muitos votos", disse Delcídio,
cujo principal adversário é o
ex-prefeito de Campo Grande
André Puccinelli (PMDB). "Isso [participar de CPI] não ganha eleição. O povo quer saber
se o candidato tem proposta
para governar", afirmou.
No Rio de Janeiro, dois deputados que tiveram participação
ativa na CPI dos Correios se
lançaram na disputa pelo Palácio das Laranjeiras: Eduardo
Paes (PSDB), e Denise Frossard (PPS), mas não aparecem
bem nas pesquisas. Os favoritos
são Sérgio Amaral (PMDB) e
Marcelo Crivella (PRB).
Com forte presença nas CPIs
dos Correios, dos Bingos e do
Mensalão, a senadora alagoana
Heloísa Helena, candidata a
presidente pelo PSOL, integra
atualmente a CPI dos Sanguessugas. Ela entrou na comissão
na vaga do PRB, cujo único representante no Senado é Marcelo Crivella. Ele alegou que
não poderia participar porque é
candidato a governador do Rio.
"Eleitoralmente, não é bom
estar uma CPI porque, em vez
de fazer campanha todo o tempo, eu vou ter de estar aqui [no
Congresso], lendo uma série de
documentos", afirmou.
Apesar de não ajudar nas
campanhas majoritárias, a presença de deputados e senadores em CPIs dá mais segurança
para a disputa da reeleição.
Relator da CPI dos Correios,
o deputado Osmar Serraglio
(PMDB) tentou sair como vice
na chapa do governador Roberto Requião (PMDB) no Paraná,
mas decidiu disputar a reeleição na Câmara. "Minha campanha deverá ser tranqüila. A presença na CPI ajudou muito. Até
então, eu era apenas conhecido
regionalmente. Agora, devo ter
votos em toda parte", disse.
A exemplo de Serraglio, Gustavo Fruet (PSDB), que foi subrelator da mesma comissão,
desistiu de concorrer ao governo do Paraná e aposta em um
novo mandato como deputado:
"Tenho pesquisas que mostram que dobrou o número de
pessoas que me conhecem".
Reeleição
Levantamento informal nas
lideranças das bancadas de deputados federais mostra que a
maioria dos 513 integrantes da
Câmara tentará a reeleição. Alguns serão candidatos a governador, vice ou senador. Poucos
são os que não pretendem concorrer a algum cargo.
Devido aos escândalos no
Congresso, o Diap (Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar), a Arko Advice e o cientista político David
Fleischer elaboraram estudo
em que avaliam que a Câmara
que sairá das urnas trará um índice de "novos" deputados federais "muito próximo" a 62%.
O mesmo patamar foi observado, segundo o Diap, nas eleições de 1990, dois anos após a
promulgação da atual Constituição. A Câmara possui estudos sobre a renovação da Casa
só de 1994 em diante. Desde então, o índice seguia em linha decrescente: 55% em 1994, 41,9%
em 1998 e 41,6% em 2002.
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