São Paulo, domingo, 02 de julho de 2006

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ELEIÇÕES 2006/CONGRESSO

Parlamentares usam CPI como trampolim

Entre os protagonistas das comissões de investigação, cinco decidiram lançar candidaturas nas disputas majoritárias

Mesmo tendo ficado mais conhecidos após exposição, integrantes das CPIs não despontam como favoritos para vencer em outubro

ADRIANO CEOLIN
RANIER BRAGON

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os holofotes das CPIs que investigaram o governo Lula ajudaram a dar visibilidade a deputados e senadores, mas não deram respaldo para vôos mais altos, como a disputa de governos dos Estados. Apenas cinco dos parlamentares que participaram de comissões de investigação conseguiram se lançar na disputa majoritária. E só o senador Garibaldi Alves (PMDB-RN)-candidato ao governo do Rio Grande do Norte e ex-relator da CPI dos Bingos-aparece com chances de vitória.
A lista de ex-integrantes de CPI que tentam disputar um governo estadual como azarões começa com o senador Delcídio Amaral (PT-MS). Ex-presidente da CPI dos Correios, ele confirmou sua candidatura ao governo do Mato Grosso do Sul na sexta. Delcídio ganhou projeção nacional na CPI, mas admite sua performance não será determinante na eleição.
"Consegui visibilidade e passei a ser mais conhecido no meu Estado, mas não quer dizer que isso ajuda a ganhar muitos votos", disse Delcídio, cujo principal adversário é o ex-prefeito de Campo Grande André Puccinelli (PMDB). "Isso [participar de CPI] não ganha eleição. O povo quer saber se o candidato tem proposta para governar", afirmou.
No Rio de Janeiro, dois deputados que tiveram participação ativa na CPI dos Correios se lançaram na disputa pelo Palácio das Laranjeiras: Eduardo Paes (PSDB), e Denise Frossard (PPS), mas não aparecem bem nas pesquisas. Os favoritos são Sérgio Amaral (PMDB) e Marcelo Crivella (PRB).
Com forte presença nas CPIs dos Correios, dos Bingos e do Mensalão, a senadora alagoana Heloísa Helena, candidata a presidente pelo PSOL, integra atualmente a CPI dos Sanguessugas. Ela entrou na comissão na vaga do PRB, cujo único representante no Senado é Marcelo Crivella. Ele alegou que não poderia participar porque é candidato a governador do Rio.
"Eleitoralmente, não é bom estar uma CPI porque, em vez de fazer campanha todo o tempo, eu vou ter de estar aqui [no Congresso], lendo uma série de documentos", afirmou.
Apesar de não ajudar nas campanhas majoritárias, a presença de deputados e senadores em CPIs dá mais segurança para a disputa da reeleição.
Relator da CPI dos Correios, o deputado Osmar Serraglio (PMDB) tentou sair como vice na chapa do governador Roberto Requião (PMDB) no Paraná, mas decidiu disputar a reeleição na Câmara. "Minha campanha deverá ser tranqüila. A presença na CPI ajudou muito. Até então, eu era apenas conhecido regionalmente. Agora, devo ter votos em toda parte", disse.
A exemplo de Serraglio, Gustavo Fruet (PSDB), que foi subrelator da mesma comissão, desistiu de concorrer ao governo do Paraná e aposta em um novo mandato como deputado: "Tenho pesquisas que mostram que dobrou o número de pessoas que me conhecem".

Reeleição
Levantamento informal nas lideranças das bancadas de deputados federais mostra que a maioria dos 513 integrantes da Câmara tentará a reeleição. Alguns serão candidatos a governador, vice ou senador. Poucos são os que não pretendem concorrer a algum cargo.
Devido aos escândalos no Congresso, o Diap (Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar), a Arko Advice e o cientista político David Fleischer elaboraram estudo em que avaliam que a Câmara que sairá das urnas trará um índice de "novos" deputados federais "muito próximo" a 62%.
O mesmo patamar foi observado, segundo o Diap, nas eleições de 1990, dois anos após a promulgação da atual Constituição. A Câmara possui estudos sobre a renovação da Casa só de 1994 em diante. Desde então, o índice seguia em linha decrescente: 55% em 1994, 41,9% em 1998 e 41,6% em 2002.


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