São Paulo, segunda-feira, 02 de julho de 2007

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Painel

RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br

Opressivo

Pesquisa telefônica feita no Estado de São Paulo identificou 40% de opinião favorável à cassação de Renan Calheiros. Outros 29% defendem a renúncia do presidente do Senado. Segundo o Ipespe (Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas), que realizou as entrevistas em 26 e 27 de junho, só 22% acham que o peemedebista deve ficar no cargo até o fim da investigação; 8% não souberam responder. O nível de conhecimento do escândalo é alto: 75%.
Diante do resultado, a tropa de choque de Renan alegará que os paulistas estão mais expostos à "imprensa opressiva". Em privado, seus aliados repetirão que a batalha da opinião pública está perdida, e que portanto não é o caso de se importar com ela.

Fumaça. A apreensão pela PF de computadores na sede da Funasa em Brasília, na sexta-feira, fez soar o alarme na fragilizada bancada do PMDB do Senado, que controlava politicamente o órgão antes de ele passar, em abril, para o guarda-chuva da Câmara.

Estátua. Ex-senadores, José Roberto Arruda, agora governador do DF, e Paulo Octávio, seu vice, receberam pedido para que o colega de DEM Aldemir Santana não tomasse medidas drásticas nas poucas horas em que comandaria o Conselho de Ética. Deu certo: após renúncia de Sibá Machado (PT-AC), Santana sumiu.

Som na caixa. Na crise do caso Renan, Demóstenes Torres (DEM-GO) trocou as canções de Lupicínio Rodrigues, que costuma entoar, pelos solos de guitarra. Na sexta, relaxava ouvindo em alto volume a banda de rock progressivo Emerson, Lake & Palmer.

Ira. Na esteira dos escândalos envolvendo a Casa, vários senadores designaram assessores para abrir e-mails. O que começou com uma média de cem mensagens por dia chegou a 500 em alguns gabinetes na semana passada.

Wally. Até a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) já se manifestou sobre o caso Renan, mas não se ouviu a voz até agora do encarregado da articulação política de Lula, Walfrido dos Mares Guia. Aliados do presidente do Senado dizem que o ministro se comporta como se ainda fosse titular da pasta de Turismo.

PT x PT. Vem aí uma briga e tanto no PT. O senador Tião Viana (AC) apresentou projeto de lei desobrigando o SUS a fornecer medicamentos de alta complexidade caso não haja determinação da Anvisa. Imediatamente, Flávio Arns (PR) mobilizou uma rede de ONGs contra a proposta do colega. Elas devem lotar a audiência pública marcada sobre o tema nesta semana.

Pré-produção 1. Governistas descontentes com a demora nas nomeações do segundo escalão começaram a entregar ao ministro Walfrido dos Mares Guia (Relações Institucionais) pacotes de indicações nos Estados já com a partilha entre aliados pronta.

Pré-produção 2. Na semana passada, membros do PT, do PTB e do PR se reuniram em Brasília para discutir a distribuição dos cargos em São Paulo e a pouca atenção que a bancada do Estado alega estar recebendo do governo. As reivindicações deverão ser entregues ao Planalto acompanhadas de abaixo-assinado.

Importado. O governador José Serra nomeou o ex-deputado tucano Ronaldo Dimas, mineiro que fez carreira política no Tocantins, para o conselho de administração da CDHU. Dimas terá direito a jeton de cerca de R$ 4.500 e dever de comparecer a apenas uma reunião mensal na companhia de habitação paulista.

Em órbita. O tucano Geraldo Alckmin participou como palestrante de evento organizado pelo petista Antonio Donato na Câmara Municipal de São Paulo, na sexta. Nenhum vereador do PSDB apareceu para ouvir o ex-governador falar sobre "métodos naturais de combate ao estresse".

Tiroteio

A dupla "Renan e Roriz" virou símbolo da Festa do Boi de Parintins neste ano.


Do deputado DOMINGOS DUTRA (PT-MA), ironizando os escândalos "pecuários" envolvendo o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e seu colega de Casa Joaquim Roriz (PMDB-DF).

Contraponto

Paranóia geral

Um deputado federal recebeu na semana passada um telefonema da filha de 17 anos:
-Pai, estou sem coragem de sair do banco sozinha. Tenho muito dinheiro comigo.
Contaminado pelo medo de escutas que aflige boa parte dos congressistas , o pai a repreendeu apavorado:
-Não fala isso pelo celular, minha filha!
E depois, sussurrando:
-Quanto você tem?
-Dois mil reais.
O parlamentar, então, tratou de acalmá-la:
-Pode vir para a casa, não tem problema não.

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