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Grupo se antecipa a Renan para evitar "abafa jurídico"
Senadores buscam pareceres "independentes" no processo contra peemedebista
Estratégia dos apoiadores de Renan prevê contestar a ação contra o presidente do Senado no Conselho de Ética e remeter caso ao início
FERNANDA KRAKOVICS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Um grupo de senadores prepara contra-ataque à tentativa
de aliados do presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), de enterrar o processo
contra ele no Conselho de Ética
por meio do encaminhamento
do caso para o STF (Supremo
Tribunal Federal) ou de sua devolução à Mesa Diretora, que
começaria tudo de novo.
O grupo não aceitará o parecer encomendado pelo presidente do conselho, Leomar
Quintanilha (PMDB-TO), à
consultoria jurídica do Senado
se o documento contestar os
procedimentos até agora.
Ressaltando que há diferentes correntes de opinião na
consultoria jurídica da Casa, o
senador Eduardo Suplicy (PT-SP) vai sugerir que sejam ouvidos juristas independentes. Para ele, a tramitação do processo
está correta. "Isso obviamente
vai atrasar os trabalhos do conselho", afirmou.
O principal objetivo da tropa
de choque de Renan é impedir
que a Polícia Federal aprofunde a perícia nos documentos
apresentados pela defesa do
presidente do Senado. Eles alegam que seria preciso autorização do STF, já que senadores
têm foro privilegiado.
Apontam erros na tramitação do processo e querem devolvê-lo à Mesa Diretora. Em
último caso, o presidente do Senado pretende recorrer ao STF.
"Há um entendimento de que o
processo está todo errado",
afirmou o líder do PMDB, senador Valdir Raupp (RO).
"Essa tese é incabível, indecente e não tem qualquer sustentação jurídica. Vamos derrubá-la no voto", afirmou o senador Demóstenes Torres
(DEM-GO). O parecer será
apresentado na sessão do conselho marcada para amanhã
-dia em que a bancada do
PSDB deve fechar questão e pedir o afastamento imediato de
Renan da presidência da Casa.
O presidente do Senado nega
que esteja tumultuando os trabalhos do conselho. "Nunca fui
lá", afirmou Renan, que passa o
dia disparando telefonemas e
convocando reuniões em seu
gabinete, articulando pessoalmente as estratégias de defesa.
Para Renan, a motivação do
processo contra ele seria política. "Tenho deixado tudo correr
da maneira correta, como manda o regimento e a Constituição. Não há fatos nem provas, e
eu fiz as provas contrárias. É difícil concretizar uma decisão
política", declarou.
Por ausência de relator, o
processo contra o presidente
do Senado está parado há 11
dias. Epitácio Cafeteira (PTB-MA) se licenciou do posto por
problemas de saúde; Wellington Salgado (PMDB-MG) durou só um dia. Pressionado, o
senador Sibá Machado (PT-AC) renunciou à presidência.
Desconvidado para a relatoria ao se mostrar independente, o senador Renato Casagrande (PSB-ES) disse não estar
disposto a aceitar eventual novo convite. "A atitude do senador Quintanilha foi muito dúbia e deselegante", afirmou.
Roriz
Os senadores acham que,
diante das novas denúncias, a
situação do senador Joaquim
Roriz (PMDB-DF) se complicou e que ele não deve escapar
de processo no Conselho de
Ética. A avaliação é que o seu
caso é mais complicado que o
de Renan. Isso porque ele tem
menos influência política na
Casa e as provas contra ele seriam mais contundentes.
O corregedor do Senado, Romeu Tuma (DEM-SP) tem reunião marcada para amanhã
com o setor de inteligência da
Procuradoria do Distrito Federal. Pretende solicitar documentos sobre o caso.
"São acusações pesadas que
não podem ficar sem apuração
de jeito nenhum", disse Jefferson Peres (PDT-AM).
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