|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Roriz e aliados já cogitam renúncia em bloco
Segundo suplente do senador propõe que ele e o primeiro também saiam, o que resultaria em nova eleição para o Senado no DF
Grupo do ex-governador aguarda encaminhamento que Senado vai dar para acusações para decidir se desistência vale a pena
ANDRÉA MICHAEL
FELIPE SELIGMAN
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O senador Joaquim Roriz (PMDB-DF) discute com aliados abrir mão do mandato. Embora tenha sido descartada por ora, a idéia tem até um formato.
Renunciariam em bloco Roriz,
o primeiro suplente, Gim Argello, e o segundo, Marcos de Almeida Castro -de quem partiu
a proposta. A saída tornaria
obrigatória nova eleição para
senador no Distrito Federal.
Roriz, 70, e seu grupo conversam há uma semana sobre formas de amenizar o desgaste político da acusação de recebimento ilegal de dinheiro.
Inicialmente, a idéia da renúncia foi considerada prematura, desmoralizante e arriscada, pois implicaria a perda do foro especial -um senador só
pode ser denunciado à Justiça
pelo procurador-geral da República e deve responder a
eventual processo apenas no
Supremo Tribunal Federal.
Mas hoje Roriz e aliados avaliam que aumentaram as chances de um processo de cassação
no Conselho de Ética. O senador correria o risco de ficar inelegível até 2022 (o resto do
atual mandato mais oito anos).
Nessa hipótese, a renúncia
valeria a pena: preservaria o direito de concorrer em futuras
eleições. O grupo do senador
vai aguardar o encaminhamento que o Senado dará às acusações antes de tomar uma decisão definitiva.
Segundo o ministro do Tribunal Superior Eleitoral José
Gerardo Grossi, a renúncia tripla se encaixa no parágrafo segundo do artigo 56 da Constituição: "Ocorrendo vaga e não
havendo suplente, far-se-á eleição para preenchê-la se faltarem mais de 15 meses para o
término do mandato".
Insustentável
A situação de Gim Argello
tornou-se insustentável na
aliança com Roriz. O nome do
suplente aparece nas investigações da Operação Aquarela,
conduzidas pelo Ministério Público e pela Polícia Civil.
Além disso, o senador acha
que foi ele a fonte de informações publicadas na revista "Veja" desta semana, sobre suposta
compra de votos no Tribunal
Regional Eleitoral no julgamento que evitou a cassação da
candidatura do peemedebista
em outubro passado.
Na ocasião, Roriz deixara o
governo do DF para se candidatar a senador. Em meio à campanha, a Caesb, a estatal responsável pelo fornecimento de
água, mudara em propagandas
seu número de atendimento telefônico de 115 para 151, o mesmo de Roriz na eleição.
Segundo a "Veja", o dinheiro
para pagar os magistrados teria
saído da negociação nebulosa
em que Roriz e o ex-presidente
do BRB (Banco de Brasília)
Tarcísio Moura receberam um
cheque de R$ 2,23 milhões do
empresário Nenê Constantino,
presidente do Conselho de Administração da Gol.
O BRB é alvo da Operação
Aquarela. Os investigadores estimam que, por meio de fraudes
praticadas contra o banco, foram desviados R$ 50 milhões.
Do cheque, descontado no
BRB, Roriz afirmou ter ficado
somente com R$ 300 mil, que
teriam sido fruto de um empréstimo que tomou de Constantino. O restante do dinheiro
o peemedebista declarou ter
devolvido ao empresário.
Também do PMDB, Castro,
autor da idéia da renúncia tripla, teria sido o primeiro suplente de Roriz não fossem as
pressões do PTB para colocar
Argello no lugar. "Marquinho",
como é conhecido, atua como
conselheiro de Roriz, de quem
se aproximou quando foi vice-prefeito de Goiânia, pelo PT.
Em sua carreira política, o
engenheiro já passou também
pelo PSDB, legenda pela qual se
candidatou, sem sucesso, a deputado federal. Seu posto político mais recente foi a presidência da estatal Caesb.
Com dores abdominais, Argello foi atendido sábado num
hospital de Brasília. A Folha
não o localizou ontem.
Texto Anterior: Outro lado: Senador nega participação em atos ilícitos Próximo Texto: Assessor diz ter recebido o dinheiro sacado Índice
|