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Operações têm erros graves de investigação
DA REPORTAGEM LOCAL
Apesar do sucesso das
megaoperações realizadas
pela Polícia Federal ainda
ocorrem erros graves, como a prisão provisória de
pessoas sem envolvimento comprovado com as irregularidades apuradas.
Em pelo menos duas das
cinco megaoperações levantadas pela Folha, dois
homens foram presos por
falha dos investigadores,
um durante 11 dias, outro
por cinco dias.
"As operações são importantes. Meu receio é
que algumas são baseadas
em conversas gravadas, às
vezes, tiradas do contexto
ou com uma interpretação
forçada. Acho que a PF joga para mostrar serviço, e
injustiças são cometidas",
disse o advogado Alberto
Zacharias Toron, diretor
do Conselho Federal da
OAB (Ordem dos Advogados do Brasil).
Há três meses, um
cliente de Toron ganhou
na Justiça uma indenização de R$ 500 mil da
União por ter sido preso
por engano na Anaconda.
Ele tinha o mesmo prenome de um suspeito que
surgiu nos grampos telefônicos. A soltura ocorreu
após uma perícia de voz,
depois que ele já havia sido denunciado pelo Ministério Público.
A sentença favorável ao
cliente de Toron é de primeira instância, e a União
ainda pode recorrer.
Outro caso de prisão ilegal foi o do engenheiro
Antônio Carlos Hummel,
diretor de Florestas do
Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e
dos Recursos Naturais Renováveis), preso em 2005,
durante a Operação Curupira, com mais 110 pessoas
acusadas de integrar um
esquema de desmatamento e extração de madeira.
Levado algemado de
Brasília para a prisão em
Cuiabá (MT), onde ficou
por cinco dias, Hummel
foi solto porque nem a PF
nem o Ministério Público
Federal apresentaram
provas do suposto envolvimento dele. O engenheiro também está processando seus acusadores.
Nenhum dos dois presos sem provas aceitou falar sobre o tema, que consideram doloroso para
eles e para a família.
Ainda na Operação Curupira, um escritório de
advocacia de Mato Grosso
sofreu uma operação de
busca e apreensão no lugar de um escritório vizinho, que era investigado.
Em outro episódio, a
Polícia Federal indiciou
um homem, de quem tinha apenas o prenome,
mas cuja empresa tinha
um nome similar ao de outra que era efetivamente
investigada. O empresário, que não quer ser identificado, não foi preso, mas
foi denunciado pelo Ministério Público. Ele entrou com uma ação para
excluir o nome dele do cadastro criminal.
"Há uma infinidade de
casos de erros na investigação. E o clima social de
apoio à repressão e a repercussão positiva da mídia levam a Polícia Federal a executar operações
ao arrepio da lei. Essa é a
preocupação dos advogados. Não somos contra a
investigação. A gente
aplaude o combate à corrupção, mas ele tem de ser
feito legalmente", disse o
advogado criminalista Antônio Cláudio Mariz de
Oliveira.
(LC)
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