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Deputado do castelo se livra de cassação
Conselho de Ética rejeitou o parecer que pedia perda de mandato de Edmar Moreira
Novo relatório deverá pedir pena intermediária, com suspensão de "prerrogativas do mandato'; deputado não se pronunciou sobre decisão
JOHANNA NUBLAT
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Por 9 votos a 4 e uma abstenção, o Conselho de Ética da Câmara rejeitou o parecer que pedia a cassação do mandato do
deputado federal Edmar Moreira (sem partido-MG).
O parecer rejeitado havia sido feito pelo deputado Nazareno Fonteles (PT-PI), relator do
processo de Moreira no Conselho de Ética. O petista recomendou a perda de mandato
por entender que deputado fez
mau uso da verba indenizatória, valor mensal a que os congressistas têm direito para despesas nos Estados.
Edmar ficou conhecido por
ser dono de um castelo avaliado
em cerca de R$ 25 milhões no
interior de Minas. Ele usou notas de suas próprias empresas
de segurança para justificar os
gatos de R$ 230,6 mil, entre
2007 e 2008, com a verba.
O deputado Hugo Leal (PSC-RJ) foi escolhido para fazer um
novo parecer, que será apresentado na próxima semana.
Pena alternativa
A Folha apurou que o deputado deve pedir a suspensão
das "prerrogativas do mandato" por até seis meses, o que
significa que o deputado mantém o salário e pode votar, mas
fica impedido de discursar no
plenário, divulgar seus discursos no "Diário da Câmara", assumir cargos na Mesa Diretora
e em presidências de comissões, além de não poder ser relator de projetos.
Há a possibilidade mais remota de ele ser suspenso por
30 dias, sem receber salário.
Antes da votação, a defesa de
Edmar, que não se pronunciou,
negou irregularidades e desvio
de conduta e afirmou que o serviço foi prestado. Disse ainda
que não havia norma na Casa
que proibisse pagamento a empresas de deputados.
Em fevereiro, ao assumir o
cargo de corregedor da Câmara, ao qual renunciou, Edmar
havia proposto o fim dos julgamentos pela própria Casa. Na
época, declarou que os deputados não têm "poder de polícia",
e que a "fraternidade entre os
colegas" tira sua condição de
julgar com isenção.
Favoráveis à cassação, deputados do DEM -partido ao
qual Edmar era filiado-, deixaram a reunião do conselho depois de rejeitada a proposta,
por acharem que a pena alternativa seria votada de imediato. Eles vão se reunir com a liderança do partido antes de decidir o que fazer.
A pena intermediária também foi criticada por defensores de Moreira. "Não tem pena
alternativa, ele foi absolvido",
disse Ruy Pauletti (PSDB-RS).
Estava presente, também
apoiando a rejeição da cassação, o deputado Sérgio Moraes
(PTB-RS). Ele foi indicado primeiro relator do caso e destituído depois de ter dado indícios de que absolveria Edmar,
antes mesmo apresentar seu
relatório. À época, afirmou que
se lixava para a opinião pública.
A defesa de uma pena mais
branda, como a suspensão da
prerrogativa, foi defendida por
Moreira Mendes (PPS-RO),
que tenta enquadrar o caso como uso irregular da verba.
Se fosse considerada como
ato em benefício próprio, para
salvar as empresas da situação
financeira ruim, poderia ser tida como ato incompatível com
o decoro e punida com a perda
do mandato. Para Mendes, não
há prova de que os serviços pagos não foram prestados.
O relator Fonteles disse que
"a quebra do decoro está provada, [também] a incompatibilidade, exatamente como prevê
a Constituição".
"Não acho que [a pena alternativa] seja só muleta", afirmou Hugo Leal, o novo relator.
Caso o relatório de Leal seja
também rejeitado na comissão,
restaria a nomeação de um novo relator. O relatório vencedor
precisa, no entanto, ser votado
no plenário da Casa.
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