São Paulo, quinta-feira, 02 de julho de 2009

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Médico José Pinotti
morre aos 74 em SP

Deputado licenciado, o secretário municipal da Mulher de SP lutava contra um câncer de pulmão diagnosticado há 11 meses

Professor titular e depois reitor da Unicamp, Pinotti causou polêmica, em 1989, ao propor plebiscito sobre descriminalização do aborto


Ricardo Nogueira - 7.dez.2006/Folha Imagem
O médico José Aristodemo Pinotti durante entrevista em seu consultório na av. Brasil, em SP

DA REPORTAGEM LOCAL
DA REDAÇÃO

Morreu na madrugava de ontem o secretário municipal da Mulher, José Aristodemo Pinotti (DEM-SP), 74. Médico e deputado federal licenciado, ele lutava contra um câncer de pulmão diagnosticado há 11 meses. Enterrado no cemitério da Consolação, ela deixou mulher, dois filhos e cinco netos.
Além de professores, médicos e pacientes, políticos das mais variadas legendas compareceram ao velório, realizado, das 11h às 16h30m, na Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo).
O governador José Serra (PSDB) e o prefeito Gilberto Kassab (DEM) acompanharam o cortejo até o cemitério. Designado como representante do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ministro das Relações Institucionais, José Múcio Monteiro, viajou a São Paulo com uma comitiva de deputados -que incluía o presidente da Câmara dos Deputados, Michel Temer (SP), e o presidente do DEM, Rodrigo Maia (RJ).
O ministro da Defesa, Nelson Jobim, e o presidente do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, também foram ao velório, que contou com a presença de quatro ex-governadores.
Expoentes da medicina, como Adib Jatene, Davi Uip e Paulo Hoff, estiveram no velório. Dentro e fora do auditório onde corpo foi velado, amigos exaltaram a coragem com que Pinotti defendia seus ideiais.
Nomeado secretário especial da Mulher de São Paulo no início deste ano -após diagnóstico do câncer-, Pinotti só começou sua carreira política depois de ter se notabilizado como médico -o que o levou a ocupar as secretarias da Educação e da Saúde em São Paulo. Inicialmente filiado ao PMDB, aderiu em 2003 ao PFL (DEM).

Obstetrícia
Nascido em 1934, formou-se em medicina pela USP em 1958, especializando-se em ginecologia e obstetrícia no Hospital Pérola Byington, em São Paulo, e depois na Universidade de Florença, na Itália.
Desde cedo engajou-se na luta pela saúde e direitos sexuais e reprodutivos da mulher. Assessorou instituições como a OMS (Organização Mundial da Saúde), a ONU (Nações Unidas) e a OEA (Organização dos Estados Americanos). Tornou-se professor titular da Unicamp em 1972, diretor da Faculdade de Ciências Médicas em 1976, e reitor da universidade em 1982.
Tornou-se secretário estadual da Educação em 1986, no governo Franco Montoro (PMDB), e assumiu a Saúde do governo Quércia (1987).
Causou polêmica, em 1989, ao propor um plebiscito no país sobre descriminalização do aborto. Em 1990, deixou a secretaria para disputar a vaga do PMDB ao governo estadual em meio a um mal-estar com Quércia, que optou pelo nome de Luiz Antônio Fleury Filho.
Em 1992 foi lançado candidato a prefeito de Campinas, mas acabou derrotado. Em 1994, foi eleito deputado federal pelo PMDB, com uma das campanhas mais caras do Estado (R$ 444,5 mil, na época).
Dois anos depois, rompeu com Quércia -que apoiou a candidatura de João Leiva a prefeito de São Paulo- e conseguiu derrotar o nome indicado pelo ex-governador na convenção do PMDB. Isolado, terminou a eleição em quinto lugar.
Em 1998, já no PSB, foi candidato a vice-governador de São Paulo na chapa de Francisco Rossi (PDT), mas a dupla ficou em quarto lugar na eleição.
Em 1999, filiou-se ao PV. No ano seguinte, ocupou por oito dias a Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo, na curta gestão de Regis de Oliveira (PMN), que assumira em lugar do prefeito Celso Pitta (PPB).
Regressou ao PMDB em 2001, a convite de Quércia, e foi eleito deputado federal no ano seguinte. Mas voltou a deixar o partido em 2003, filiando-se ao DEM. Em 2005, na gestão José Serra (PSDB) na Prefeitura de São Paulo, assumiu a Secretaria Municipal de Educação.
Com Serra no governo do Estado, Pinotti foi nomeado secretário estadual do Ensino Superior, mas deixou o cargo em agosto, desgastado por críticas, especialmente após a ocupação da reitoria da USP por alunos.
Apesar dos reveses na vida pública, segundo amigos próximos, o momento mais difícil da vida de Pinotti foi a perda de uma filha, num acidente de carro, durante os anos 90.


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