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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/DIA D
O ex-ministro da Casa Civil depõe hoje ao Conselho de Ética da Câmara sobre Roberto Jefferson, que o acusa e estará presente
Dirceu testemunha e enfrenta acusador
FÁBIO ZANINI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
No mais aguardado depoimento da crise do "mensalão", o ex-ministro José Dirceu (Casa Civil)
jogará hoje uma cartada definitiva
para tentar salvar o mandato de
deputado federal pelo PT-SP.
A renúncia de Valdemar Costa
Neto (PL-SP) da tribuna da Câmara, tornou Dirceu a "bola da
vez", na opinião de parlamentares
governistas e de oposição. Ele nega a intenção de renunciar e promete um depoimento duro ao
Conselho de Ética da Câmara.
Teoricamente, Dirceu falará como testemunha para o processo
de cassação do deputado Roberto
Jefferson (PTB-RJ), que terá o direito de interpelá-lo, em uma espécie de acareação informal. Como acusado, Jefferson tem o direito de participar de todos os depoimentos, mas tem preferido enviar representantes. Neste caso,
ele fez questão de vir assistir "da
primeira fila". O ex-ministro não
estará obrigado a dizer a verdade.
Na prática, Dirceu vai depor como investigado e sabe que corre o
risco de complicar mais sua situação. O petista passou os últimos
dois dias recluso em seu apartamento funcional, desenhando sua
estratégia. Fala, entre outros, com
os ministros Jaques Wagner (Relações Institucionais) e Márcio
Thomaz Bastos (Justiça).
Dirceu terá muito a explicar. Os
últimos três dias foram corrosivos
para a imagem do deputado.
Primeiro, veio a informação de
que um assessor tinha autorização para sacar da conta da SMPB
no Banco Rural. Depois, o fato de
uma de suas ex-mulheres ter recebido financiamento do mesmo
Rural, além de ter obtido um emprego no Banco BMG por solicitação do publicitário Marcos Valério. Por fim, a renúncia de Valdemar, que colocou o ônus em Dirceu para dar resposta semelhante.
Na opinião do deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR), integrante
da Conselho e da CPI dos Correios, há vários cenários possíveis.
"O primeiro seria Dirceu minimizar as acusações, o que é uma opção defensiva, que não traria respostas. O segundo, tentar desqualificar Jefferson. O terceiro, acusar
a oposição. E o quarto, o mais imprevisível, ficar mandando recados para o presidente", afirma.
Na opinião corrente dos membros do Conselho, Dirceu poderá
reconhecer alguns excessos e
omissões, mas vai contra-atacar,
lembrando as relações de PSDB e
PFL com o esquema de Valério.
Segundo um petista que falou nos
últimos dias com Dirceu, o ex-ministro está achando o PT e o governo "muito a reboque" da crise.
O mistério é como Dirceu tratará o governo. Companheiros petistas falam de uma personalidade
dividida: o homem de partido,
que coloca o projeto político acima de tudo, e o dirigente, que teme passar para a história não como o idealista revolucionário dos
anos 60 e 70, mas como alguém
envolvido com corrupção.
Serão inevitáveis as perguntas
sobre declarações anteriores suas
de que nada fazia sem conhecimento do presidente. Caso insinue, mesmo que de forma tênue,
que Lula sabia do esquema, mudará o rumo das investigações.
O criminalista José Luís Oliveira
Lima, que representa Dirceu, afirmou que ele "responderá a tudo e
dirá a verdade, por isso não tem
preocupação nenhuma com o encontro com Jefferson".
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